Ser um jornal centenário não é para qualquer um. Aliás, é para cerca de 30 que ainda estão em circulação. Ao completar 121 anos de história, o Jornal do Commercio de Manaus reafirma seu legado como um dos mais longevos meios de comunicação do Brasil. Liderado por Sócrates Bomfim Neto, que mantém vivo o legado do pai, o jornalista visionário Guilherme Aluízio Silva (presidente in memoriam), o JC reflete os desafios enfrentados pelo jornalismo em um cenário de mudanças tecnológicas e sociais profundas e estando baseado em Manaus, no coração da Amazônia.
Os desafios nunca acabam para os meios de comunicação. Ao longo de 121 anos, o Jornal do Commercio venceu obstáculos, atravessou gerações, adaptou-se à modernidade e chegou até aqui, para se deparar com novas realidades. A tecnologia, novas plataformas, mudanças nos hábitos de leitura da sociedade, o mercado. Tudo está diferente, mas o JC está preparado.
Com uma edição diária debruçada, principalmente, na economia e desenvolvimento regional e um portal de notícias igualmente antigo, mas sempre atualizado, o jornal mantém um olhar carinhoso na história que escreveu até aqui, mas foca na evolução e no futuro, buscando renovação editorial, novas linguagens, presença na internet e qualidade na notícia, tendo como principais selos a confiabilidade e credibilidade. Esses são alguns dos antídotos necessários hoje no mercado.
Jornalismo cada vez mais necessário
Olhando para o futuro do jornalismo, Kátia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), vê a profissão mais forte ainda nos dias atuais. “O jornalismo é a vacina contra a desinformação. Num momento em que as fake news se tornam mais sofisticadas, os veículos profissionais ganham relevância. O futuro exige que jornalistas estejam conectados com as tecnologias, mas sem abrir mão do senso crítico e da apuração presencial”, afirma.
Kátia também reforça que tecnologia, redes sociais e inovação devem ser usadas pela imprensa de forma inteligente. “Novas formas de comunicação devem ser aliadas ao jornalismo”. Para ela, a grande questão é as condições de trabalho dos jornalistas que precisam ser respeitadas sempre. “Uma pergunta feita por um jornalista pode interessar a toda a sociedade. A profissão exige respeito e valorização”.
Kátia Brembatti enfatiza que a inteligência artificial pode ser uma aliada, desde que usada com responsabilidade. “O que a máquina não pode substituir é o senso crítico, a presença no local da notícia e a capacidade de entender quais histórias precisam ser contadas”, pontua.
Para a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, o jornalismo precisa se consolidar como um pilar da democracia em 2025, enfrentando desinformação e buscando sempre liberdade de imprensa. “Com a ampliação do uso de inteligência artificial e novas tecnologias, é essencial reforçar o compromisso ético com a apuração rigorosa e a pluralidade de vozes, priorizando narrativas que combatam desigualdades e representem a diversidade do Brasil”, afirma.
Samira também ressalta a importância de se olhar com cuidado para as plataformas digitais; criar um fundo público de apoio ao jornalismo e aprovar a PEC 206/2009, que restabelece a exigência do diploma para a profissão. “É fundamental ter um critério de acesso à profissão, garantindo melhores condições de trabalho e a defesa da informação de interesse público”, acrescenta.
Força regional
Uma história de 121 anos na região amazônica é um feito grandioso.
O CEO do grupo Jornal do Commercio, Sócrates Bonfim Neto, afirma que manter a relevância do JC é um compromisso com a verdade e com a história. “Uma jornada tão longa demonstra a força de nossa marca centenária. O JC tem demonstrado a resiliência do jornal impresso ano após ano. Inegável que veículos tradicionais continuam enfrentando dificuldades, tanto regionalmente, quanto país afora, mas, em nosso mercado, continuamos atuando determinados e mostrando que é possível perseverar mesmo em condições adversas”, reflete.
Unindo tecnologia e modernidade, Sócrates projeta um jornal ainda mais forte, tanto no modelo impresso, quanto nas redes sociais e no portal JCAM, que já existe desde 1999. “Apesar das inovações e do pioneirismo, o Jornal sempre prezou pela constância. Vejo o JC impresso compartilhando o mercado de notícias com várias outras plataformas. Nosso portal, acervo online e redes sociais convivem naturalmente com o impresso. A comunicação e informação digitais são muito rápidas, mas nem sempre confiáveis ou seguras. A marca por trás dessa informação é muito importante e o JC traz esse respeito e confiança junto com seu trabalho”, afirmou.
Presença na Amazônia
Muitos jornais migraram do impresso para o digital e essa é uma realidade impulsionada pelos altos custos do papel e pelas possibilidades da distribuição online.
Contudo, como destaca a Fenaj, é necessário garantir-se a sustentabilidade dos modelos de negócios, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, marcadas por cobertura ainda insuficiente e pobre da imprensa, de um modo geral. Por isso mesmo, os jornais, rádios, televisões e portais regionais são cada vez mais necessários na Amazônia para garantir seus próprios interesses. É preciso falar de nós e as questões regionais que ainda interessam muito pouco ao resto do Brasil, apesar de serem tão importantes e relevantes, já que este é o Estado com o maior território no País, bem como a região mais extensa e uma das mais ricas em biodiversidade da federação.
A importância de jornais centenários como o JC na Amazônia se mostra ainda mais relevante, pois garante a cobertura da notícia e a busca pelas histórias que precisam ser contadas. Até aqui, o JC cumpre sua missão e se prepara para protagonizar uma nova era de notícias na região.
Com uma história que atravessa mais de um século, o Jornal do Commercio de Manaus simboliza a resiliência do jornalismo brasileiro. Enfrentar os desafios do presente e do futuro exige compromisso com a qualidade, respeito aos profissionais e inovação constante – valores que o JC, em seus 121 anos, demonstra estar preparado para manter.