O Brasil comemora o bom resultado na arrecadação federal. A União arrecadou R$ 172,31 bilhões em agosto, de acordo com dados divulgados, ontem, pela Receita Federal. Na comparação com agosto do ano passado, houve um crescimento de 8,21%, descontada a inflação, em valores corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O valor é o maior desde 2000, tanto para o mês de agosto quanto para o período acumulado.
No acumulado do ano, a arrecadação alcançou R$ 1,46 trilhão, representando um acréscimo pela inflação de 10,17%. O material sobre a arrecadação de agosto está disponível no site da Receita Federal.
Quanto às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado, em agosto, foi de R$ 165,18 bilhões, representando um acréscimo real de 7,07%, enquanto no período acumulado de janeiro a agosto, a arrecadação alcançou R$ 1,37 trilhão, crescimento real de 8,25%.
A alta pode ser explicada, principalmente, pelo crescimento dos recolhimentos do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, eles são importantes indicadores da atividade econômica, sobretudo o setor produtivo.
O IRPJ e a CSLL totalizaram uma arrecadação de R$ 35,52 bilhões, com crescimento real de 27,16% em relação ao mesmo mês de 2021. Esse resultado é explicado pelo acréscimo real de 37,66% na arrecadação da estimativa mensal, principalmente pelo desempenho do setor financeiro com alta de 46,98% e das demais empresas de 36,35%.
A Receita observa ainda que houve pagamentos atípicos nessas letras de, aproximadamente, R$ 5 bilhões, por empresas ligadas ao setor de commodities, associadas à mineração e extração e refino de combustíveis. De acordo com o órgão, grande parte desse aumento pode estar associado a fatores externos, como a variação do dólar e o preço do óleo bruto no mercado internacional, e a produção interna, demandada também pela recuperação da atividade econômica.
No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL totalizaram R$ 344,29 bilhões, com crescimento real de 21,45%. Esse desempenho é explicado pelos acréscimos de 82,96% na arrecadação relativa à declaração de ajuste do IRPJ e da CSLL, decorrente de fatos geradores ocorridos ao longo de 2021, e de 20,56% na arrecadação da estimativa mensal.
“Destaca-se crescimento em todas as modalidades de apuração do lucro. Além disso, houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 35 bilhões, especialmente por empresas ligadas à exploração de commodities, no período de janeiro a agosto deste ano, e de 29 bilhões, no mesmo período de 2021”, informou a Receita.
Por outro lado, as receitas extraordinárias foram compensadas pelas desonerações tributárias. Apenas em agosto, a redução de alíquotas de PIS/Confins sobre combustíveis resultou em uma desoneração de R$ 3,75 bilhões. Já a redução de alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado.
Nota abre Perfil
Eleições podem virar o jogo no AM
Candidato à reeleição, o governador Wilson Lima (UB) lidera as intenções de voto a cinco dias do primeiro turno das eleições que acontecem no próximo domingo, dia 2 de outubro. Porém, um coringa aparece no meio de campo e pode mudar o jogo do tabuleiro eleitoral na briga pelo governo do Amazonas – a ascensão de Eduardo Braga (MDB), que está empatado tecnicamente com Amazonino Mendes (Cidadania). Com apoio de Lula (PT), seu maior cabo eleitoral, o senador tem grandes chances de vencer em uma possível segunda fase da disputa, avalia o cientista político Carlos Santiago. “Não há uma regra estabelecida. Em eleições passadas, houve candidato que venceu na primeira fase e perdeu na segunda”, diz o especialista.
Portanto, Lula é um nome de peso para turbinar Braga novamente para o comando do Estado. Lima também não fica atrás nesse contrapeso eleitoral. Tem o apoio do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), hoje avaliado positivamente pela população manauara, representando junto com o atual governador a nova geração de políticos que pretendem derrubar o tráfico de influência dos velhos oligarcas, nichos onde despontam Amazonino e o próprio Braga. As urnas eletrônicas podem reservar muitas surpresas no Estado.
Palanque
O palanque de Wilson Lima torna mais evidente os planos de governo para um possível segundo mandato do governador, que tenta a reeleição. Ele tem visitado empresários do comércio e da indústria, além de representantes de empreendedores de vários segmentos das atividades econômicas regionais. Nos encontros, Lima faz um balanço de sua gestão, prometendo dar continuidade a projetos com grandes potencialidades de desenvolvimento. E suas investidas são bem avaliadas pelo empresariado.
Pedido
Maior cabo eleitoral de Wilson Lima, o prefeito David Almeida aproveita a boa popularidade para recomendar que seus eleitores votem no governador. Mas vislumbra um objetivo que pode se consolidar mais adiante – sair candidato ao governo do Amazonas em 2026, caso Lima vença as eleições este ano, abrindo o caminho para ele chegar ao Palácio Rio Negro, desta vez sem mandato tampão. Os dois representam a nova geração que se contrapõe aos velhos caciques da política.
Pedido 2
Às vésperas do primeiro turno, o prefeito David Almeida surpreendeu, ontem, ao pedir votos para o senador Omar Aziz (PSD-AM), que tenta a reeleição. “Ele (Omar Aziz) está ajudando Manaus”, ressaltou Almeida, possivelmente confrontando o Coronel Menezes (PL), também candidato ao cargo, com quem travou diversas tretas. Não foram poucas as vezes em que o ex-superintendente da Suframa trombou com o gestor. Os dois não se bicam. Almeida é aliado de Lima que apoia Bolsonaro. Como?
Propaganda
Os candidatos investem mais em propaganda a poucos dias do primeiro turno das eleições no Amazonas, mas repetem algo que vem incomodando demasiadamente o eleitorado amazonense – ataques constantes aos adversários, uma constante lavagem de ‘roupa suja’ que bombardeia a mente dos eleitores. Ao invés de propostas, recorrem a leviandades para prejudicar a imagem de seus oponentes. A população quer apresentação de projetos que possam trazer benefícios. E não tanta baixaria.
Ambiente
A defesa do meio ambiente seguida de projetos sustentáveis é uma pauta comum dos candidatos ao governo do Amazonas, algo que vem tendo destaque em debates em emissora de rádio e na TV locais. Com rica biodiversidade, o Estado tem grandes potencialidades na mineração, principalmente na extração de fosfato, insumo essencial para a produção de fertilizantes para o agronegócio, responsável hoje por quase 50% de todo o PIB brasileiro. Daí a importância de se investir tanto na questão.
Apreensão
A PF atropelou um possível plano de uma candidata a deputada estadual cuja irmã estava com R$ 61 mil, supostamente reservados para a compra de votos em Anori (AM). Policiais federais investigam se o dinheiro seria utilizado com esse objetivo durante o pleito no município. Às vésperas do primeiro turno, o TSE reforça a fiscalização para prevenir eventuais ações que possam beneficiar candidatos nas eleições. Muitos não titubeiam em recorrer a medidas ilícitas. Tem que reprimir.
Violência
Já é fato. Poucos eleitores estão evitando apontar a preferência de candidatos por temer violência política. No Ceará, um simpatizante de Lula confirmou o voto ao líder do PT ao ser inquirido por um bolsonarista. E acabou morto com um tiro. Nunca se viu tanta disseminação de ódio durante as eleições como este ano. Fruto de uma árdua luta e militância de tantos vultos no Brasil, a democracia está sendo relegada a segundo plano. E não tem o mesmo respeito de antes. Vamos preservar essa bandeira.
Pandemia
Bolsonaro voltou a criticar governadores que recomendaram a população a ficar em casa na pandemia. Em Juazeiro (BA), onde fez campanha, ele disse que a economia do Brasil se agravou com os lockdowns, restringindo a operação do comércio e da indústria. “Esses que te obrigaram a ficar em casa, agora vocês têm que obrigá-los a ficar em casa, não votando neles novamente”, afirmou. Nessa altura do campeonato, não convém lembrar episódios tão tristes para quem quer continuar governando.
FRASES
“Eleitor pode escolher um candidato cavalo de troia”.
David Almeida (Avante), prefeito, sobre postulantes que não enfrentam ataques à ZFM.
“Nosso governo fez tudo para atender aos mais necessitados”.
Jair Bolsonaro (PL), presidente, lembrando medidas de enfrentamento à pandemia.