O governo suspendeu todas as importações de brinquedos da Mattel, como uma medida de precaução depois que a própria empresa fez um recall de alguns de seus produtos que apresentavam risco às crianças. Como a Mattel não fabrica brinquedos no Brasil e importa tudo o que comercializa, a proibição pode atrapalhar lojas e consumidores no Dia da Criança e Natal.
Muitas lojas já fizeram suas compras para o Dia da Criança, segundo período mais rentável do ano para o setor. Quem não tiver brinquedos da Mattel no estoque tem tempo hábil para substituir os produtos da empresa americana por nacionais, caso haja interesse. A incógnita fica justamente para o Natal, pois não existe previsão de quando a proibição das importações deve ser revogada e talvez o Brasil tenha um Natal sem Barbie.
Além da Barbie, a mais vendida do país, a Mattel importa as bonecas Polly, os carrinhos Hot Wheels e os brinquedos da linha infantil Fischer-Price. Apesar da proibição e dos recalls, a Mattel afirmou em nota que espera “superar suas expectativas de vendas” este ano no país.
Para o presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping Centers), Nabil Sahyoun, a proibição de importações deve trazer prejuízo para as redes varejistas. “A Mattel é uma grande importadora e a falta de seus produtos vai pressionar o mercado.” Segundo ele, a queda no faturamento das lojas será ainda maior por causa do Dia da Criança. “Todos saem perdendo: o setor de brinquedos, os consumidores e até o próprio governo, que deixa de arrecadar ICMS”, avaliou .
Estoque garante vendas no Dia da Criança
A possibilidade de faltar brinquedos nas lojas para o dia 12 de outubro, no entanto, é descartada pela Alshop. Segundo Sahyoun, as grandes redes vão abastecer suas gôndolas com produtos nacionais, em substituição aos importados da Mattel. “Ainda há tempo para repor as mercadorias. Mas é preciso ser rápido.” Poderão entrar no Brasil os brinquedos da Mattel cuja saída dos países de origem seja anterior a 16 de agosto.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Susumu Honda acredita que não há motivo para a proibição das importações, já que a Mattel tomou as medidas adequadas em relação aos brinquedos com problemas. “O próprio recall demonstra a preocupação da empresa.”
Ele admite, porém, que a medida do Ministério do Desenvolvimento vai afetar as vendas. “Um anúncio feito a poucos dias de uma data como o Dia da Criança vai deixar o consumidor em dúvida e desgastar o mercado”, diz Honda, que aposta que a Mattel vai conseguir reverter a proibição anunciada ontem. “O Brasil é um mercado importante para eles.”
O presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, Synésio Batista, já ameaçou processar a empresa caso ocorra queda nos resultados do setor no Dia da Criança. “Resta saber se as pessoas vão deixar de comprar dessa empresa ou deixar de comprar brinquedo como um todo. Se isso ocorrer, vamos processá-los.”
Enquanto os comerciantes mostraram preocupação, as entidades de defesa do consumidor apoiaram a medida. Segundo a coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Marilena Lazzarini, a decisão é um sinal de que haverá mais rigor no controle de segurança dos produtos importados. “O anúncio teve um sentido pedagógico”, disse Marilena