Assim como a cachaça é a nossa bebida alcoólica símbolo e a caipirinha a bebida mais brasileiríssima, o Peru tem o pisco como sua bebida alcoólica símbolo e o pisco sour (lê-se sauer) como a bebida que ‘é a cara’ de nosso país irmão. Hoje, dia 1º de fevereiro, os peruanos comemoram o Dia do Pisco Sour, considerado patrimônio nacional desde 2004.
Em Manaus, além de servirem o pisco em seu restaurante Huarique DeTota (rua José Paranaguá, 515 – Centro), a família de peruanos Melquiades, Bianca e Becker Benavides, pai, mãe e filho, ainda disponibiliza um cardápio com o melhor da gastronomia de seu país, considerada por chefs do mundo inteiro como uma das mais diversificadas e saborosas do planeta.
A saga da família Benavides no Brasil começou com Melquiades, por volta de 2008.
“Nasci em Lima e aprendi a fazer comidas ainda criança, com uns cinco anos, com minha mãe Eugênia. Ela dizia que eu precisava aprender para não depender de ninguém. Adolescente, cheguei a trabalhar num restaurante lavando pratos e num dia que o ajudante de cozinha faltou, o chef me colocou para ajudá-lo. E eu já sabia fazer muita coisa, na cozinha, graças aos ensinamentos de minha mãe”, recordou.
Adulto, de 1990 a 1996, Melquiades foi trabalhar como policial na Dirandro (Divisão Antidrogas), mas o clima pesado o fez procurar outro trabalho.
“Fui vidraceiro, instalei peças de MDF até começar a vender, em 2008, variados utensílios domésticos e brinquedos de plástico. Fabricados no Peru, vi que no Brasil eram bem mais caros, então passei a vendê-los nas cidades do alto Solimões”, contou.
Ceviche não pode faltar
Com boas vendas, Melquiades cada vez mais foi descendo o rio por outras cidades até que, em 2013, chegou a Manaus.
“Já tinha ouvido falar de Manaus, mas nunca imaginei que fosse uma metrópole. É bem menor do que Lima, que possui mais de dez milhões de habitantes, e bem maior do que Iquitos, onde nasceram Bianca e meus filhos, que têm menos de 500 mil habitantes”, falou.
Peruanos que viviam nas cidades brasileiras por onde Melquiades passava ficavam alegres ao saber que ele era bom de culinária peruana, e não foi diferente em Manaus.
“Eles me pediam para fazer ceviche, tallarin com pollo e crema de huancaina, aji de gallina, patita com mani, cau-cau, estofado de pollo, entre outros pratos, e eu fazia. Até que, exatamente quando a Copa do Mundo aconteceu no Brasil, em junho de 2014, a Bianca e o Becker já estavam aqui, resolvemos abrir o restaurante. Surgiu assim o Huarique DeTota”, lembrou.
Huarique significa um lugar escondido, exatamente como o restaurante dos Benavides, e DeTota é o apelido de Melquiades.
“Começamos a divulgar, propaganda boca a boca, entre os amigos peruanos, que moram em Manaus, e brasileiros que gostam de comida peruana. Só tínhamos duas mesas, quatro cadeiras e um fogão de duas bocas. Minha mãe começava a cozinhar às 5h e as comidas ficavam prontas por volta das 10h”, informou Becker.
“Iniciamos com delivery, mas os clientes foram surgindo e, dos amigos iniciais, começaram a surgir outros, que não conhecíamos. Com o tempo nos tornamos um espaço onde, principalmente peruanos, mas também demais sulamericanos, passaram a alugar para festas em datas festivas de seus países, e tem sido assim desde então”, disse.
Carnaval peruano
Da cozinha, comandada por Melquiades, sai uma infinidade de pratos, praticamente todos peruanos, nunca repetidos.
“Cada dia é um cardápio diferente. O que não pode faltar é o ceviche, nosso prato típico, assim como é o feijão com arroz, ou a feijoada, para o brasileiro”, destacou Becker.
Apaixonado pelo comércio, até hoje Melquiades viaja ao Peru para importar os produtos de plástico e vendê-los nas lojas, em Manaus, e aproveita para trazer a matéria-prima utilizada na cozinha do Huarique DeTota, batatas, milhos, variados temperos, e o pisco. Só de batatas o Peru possui mais de 3.500 variedades, e do milho são mais de 50.
Quem visita regularmente o Huarique é a bartender e mixóloga venezuelana Nohemi Morillo, especialista em bebidas típicas de países latino-americanos, especialmente o pisco. Ao longo do ano Nohemi realiza vários cursos onde ensina a preparar drinks e coquetéis com estas bebidas. O contato dela é: 9 8491-2563.
“Cada país latino-americano tem sua bebida típica e, nos meus cursos, eu ensino o segredo para o preparo de excelentes drinks e coquetéis”, avisou.
“No dia 26 de fevereiro acontece o Carnaval, no Peru, bem diferente do Carnaval brasileiro, e aqui no Huarique nós também o comemoramos. Quem quiser conhecê-lo será muito bem recebido em nossa casa”, finalizou Melquiades.
O restaurante, decorado com imagens do Peru, e som ambiente com músicas andinas, funciona de segunda-feira a sábado, das 10h às 14h e tem capacidade para receber até 200 pessoas sentadas.
Informações: 9 9295-4427.
Por Evaldo Ferreira: @evaldo.am