22 de novembro de 2024

Inclusão digital de jovens do Amazonas anda a passos lentos

Mais da metade dos estudantes da rede pública do país não tinham computador em 2019, mas oito em cada dez já estavam conectados à internet nas próprias casas. No Amazonas, apenas 69,8% das crianças e adolescentes, na faixa de 13 a 17 anos, tinham acesso ao serviço em suas residências, sendo que somente 44,9% dos alunos de escolas públicas tinham computador ou tablet. Em Manaus, os números são mais generosos no caso do acesso à internet (88%) e à posse de dispositivos (59,4%) –com um desnível ainda maior entre estudantes de instituições privadas (91,4%) e públicas (56,3%).

O acesso à internet nas escolas também revela diferenças em favor dos pagantes (74,4%) em detrimento dos demais (58,1%), o que dá uma média de 60,5%. Os números do Amazonas são novamente mais baixos, com o serviço alcançando 42,5% dos alunos: 41,1% nas escolas públicas e 68,3% nas particulares. Em Manaus, o índice médio (72,8%) é maior, sendo a capital mais bem colocada da região Norte. É o que revelam os dados da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar) 2019, divulgada pelo IBGE.

O IBGE estimou que 295,9 mil dos habitantes do Amazonas de 13 a 17 anos de idade frequentavam a escola. As meninas (51,4% ou 152,1 mil) superavam os meninos (48,6% ou 143,8 mil), assim como os “pardos” (62,7%) eram maioria, sendo seguidos de longe pelos “brancos” (19,9%), “pretos” (8%), “indígenas” (6%) e “amarelos”(3,4%). O Estado obteve o maior percentual de pardos e o segundo maior, de indígenas, entre os “escolares’.

A maioria esmagadora de 94,9% (280,8 mil) estudava em instituições públicas e apenas 5,1% (15,1 mil) frequentavam unidades privadas. Em Manaus, os estudantes nessa faixa etária foram estimados em 162,3 mil, com recorte menos concentrado –91,1% e 8,9%, respectivamente. A região Norte (10,8%) concentra o segundo menor percentual estimado de “escolares”, ficando à frente apenas do Centro-Oeste (8,3%), e bem atrás do Sul (13,8%), do Nordeste (28,4%), e do Sudeste (38,8%). 

Laboratórios e tablets

No Brasil, as escolas ofereciam sala ou laboratório de informática para 62,8% dos estudantes. No Amazonas esse percentual alcançou 38,9%, o segundo menor da região Norte, à frente apenas do Acre (30,9%). Nas escolas públicas, a proporção foi menor (36,8%), enquanto nas particulares, o índice foi de 77,7%. Em Manaus, 50,6% ofereciam sala ou laboratório de informática. Esse percentual era de 47,9%, nas escolas públicas e de 78,2%, nas privadas.

Os recursos tecnológicos da sala ou laboratório de informática eram oferecidos a uma proporção maior de alunos na região Sudeste (81%), especialmente em São Paulo (88,6%). A menor proporção de estudantes com disponibilidade de recursos tecnológicos na escola estava no Nordeste (44,9%), com Maranhão (16,1%) respondendo pela menor fatia. Quanto à dependência administrativa da escola, os recursos estavam disponíveis para 61% dos alunos nas escolas públicas e para 73,6%, nas privadas.

De acordo com o IBGE, o acesso à internet da escola estava disponível a 60,5% dos “escolares” do Brasil e apenas a 42,5% dos do Amazonas, embora Manaus (73,4%) supere a média nacional. A maior proporção do acesso à rede mundial de computadores nas escolas estava na região Sul (80,2%) e a menor, no Centro-Oeste (46,5%). As escolas públicas do Estado de Goiás (19,3%) e as escolas privadas do Estado de Roraima (99,7%) eram exemplos dos extremos, nesse quesito.

Apenas 69,8% das crianças e adolescentes do Amazonas tinham acesso à internet em casa, e somente 44,9% dos alunos de escolas públicas possuíam computador ou tablet. Em Manaus, os respectivos percentuais foram 88% e 59,4%. O dado abaixo da média nacional neste caso segue em sintonia com a posse de outros bens e serviços. O percentual de estudantes vivendo em casas com ao menos um banheiro com chuveiro era de 99,6% em Manaus, aproximando-se dos números do Sudeste (99,7%) e do Sul (99,4%), enquanto o Amazonas (91,1%) ficou abaixo da média da região Norte (92,6%) –justamente a que obteve os menores percentuais do país.

O mesmo se dá na divisão entre estudantes de escolas privadas e públicas, no âmbito do Estado. A posse de um carro por alguma pessoa do mesmo domicílio é uma realidade para 88,9% dos estudantes do primeiro grupo e para 29,6% do segundo. O inverso se dá no que se refere à motocicletas, onde os respectivos percentuais foram 18,5% e 34,8%. O uso do serviço de empregados domésticos remunerados também é muito mais frequente nas residências de alunos pagantes (38,2%) do que entre os demais (8,4%). Na região Norte, os alunos das escolas privadas do Acre (40,9%) tiveram o maior número, ao passo que os das escolas públicas do Pará (6,8%), tiveram o menor. 

“Disseminação do celular”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça à reportagem do Jornal do Commercio que, na percepção dos estudantes, a existência de salas e laboratórios de informática, ainda são “bastante ausentes” nas escolas do Estado –principalmente nas instituições públicas de educação. No mesmo sentido, prossegue o pesquisador, a posse de computadores por parte dos estudantes também estaria em níveis bem abaixo da média nacional. 

“Essa deficiência é influenciada pela disseminação de aparelho celular, que em termos de formação educacional não é tão útil quanto o computador. Outro fator que influencia negativamente é o alto custo. O acesso à internet nas escolas, dedicado aos alunos, também é baixo na comparação com outros Estados e com a média nacional. Essa média baixa é influenciada principalmente pelas escolas do interior onde a internet é muito deficiente”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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