17 de setembro de 2024

Indicadores da Suframa para os 5 primeiros meses do ano mostram queda em dólares

O faturamento do Polo Industrial de Manaus trocou de sinal e entrou em rota de queda, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. As vendas em dólares somaram US$ 72,04 bilhões (2023) contra R$ 70,65 bilhões (2022). Em valores correntes, o movimento correspondeu a uma alta de apenas 1,96% na comparação com igual intervalo do ano passado – para um IPCA de 3,94%, nos 12 meses encerrados em maio. Já a conversão em dólares indicou decréscimo de US$ 14.31 bilhões (2022) para US$ 14.13 bilhões (2023), com recuo de 1,22% – para uma desvalorização de 7,72% no câmbio, na variação anual.  

O comparativo mensal não mostrou performance melhor. As vendas de maio (US$ 2.91 bilhões ou R$ 14,85 bilhões) superaram as de abril (US$ 2.68 bilhões e R$ 13,41 bilhões) – que teve dias quatro dias úteis a menos. Mas, o confronto com o dado de 12 meses atrás (US$ 3.35 bilhões e R$ 15,86 bilhões) também confirmou retração. O número de segmentos em alta foi muito menor no mês, sendo carreado novamente por duas rodas e eletroeletrônicos, em detrimento de bens de informática. Em paralelo, a geração de empregos voltou a desacelerar. É o que revelam os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, nesta segunda (31).

Na análise em dólares, apenas 12 dos 26 subsetores listados pela Suframa tiveram faturamento ascendente no acumulado de janeiro a abril – menor do que em abril (16) e março (19). A maior alta proporcional veio da divisão de minerais não metálicos, que decolou 320,48%, com US$ 40.95 milhões. Na sequência estão os segmentos de vestuário e calçados (+102,64% e US$ 5.12 milhões) e de beneficiamento de borracha (+30.,16% e US$ 57.70 milhões). O tombo mais significativo veio do subsetor do polo naval (-24,98% e US$ 30.50 milhões).

Majoritários e responsáveis por quase metade do faturamento total do PIM, os polos de bens de informática e de eletroeletrônicos foram novamente em direções contrárias. O primeiro (-19,10% e US$ 3.67 bilhões) retraiu pelo quinto mês seguido. Mas, permanece na liderança de participação do Polo, respondendo por 25,96% de seu faturamento global. O segundo manteve share de 18,47%, em linha com o acréscimo de 8,83% (US$ 2.61 bilhão) nas vendas. Mais aquecido, o polo de duas rodas (+23,63% e US$ 2.55 bilhão) já responde por 18,03% das vendas. Foi seguido no ranking pelas divisões de “outros produtos” (11,05%), de químicos (10,56%), de termoplásticos (8,59%), e metalúrgicos (7,34%).

Insumos e empregos

Entre os principais produtos fabricados pelo PIM, os maiores destaques no no acumulado de janeiro a maio vieram das motocicletas, motonetas e ciclomotores, com 697.352 unidades produzidas e aumento de 21,44%. A lista inclui também televisores com tela LCD e OLED (+37,15% e 5.373.096), condicionadores split system (+39,32% e 1.570.886), receptores de sinal de TV (+141,98% e 1.458.445) e aparelhos de barbear (+19,2% e 752.357), entre outros itens.

Os resultados da produção seguiram em linha com a balança comercial do Polo, em um ano de oscilações. O melhor dado veio das exportações, que alcançaram cifra 11,82% superior nos cinco primeiros meses deste ano, com US$ 243.94 milhões (2023) contra US$ 218.15 milhões (2022). Em contraste, as importações declinaram 12,84% na mesma comparação, ao saírem de US$ 5.75 bilhões (2022) para US$ 5.01 bilhões (2023). O nível de dispêndios com aquisição de insumos, tanto estrangeiros – que responderam por 64,50% do total – quanto nacionais, ficou negativo em 10,33% na mesma comparação, não passando de US$ 7.75 bilhões.

Em paralelo, o nível de empregos do PIM voltou a reduzir a marcha. A média obtida no quinto mês de 2023 foi de 107.813 pessoas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados, marcando o número mais baixo do ano. Caiu 1,77% ante o mês anterior (109.754) e ficou 0,23% abaixo da marca do mesmo mês do ano passado (108.064). A média mensal do acumulado do ano foi de 110.339 postos de trabalho, 0,58% a menos do que o registrado no ano passado (110.979). Ainda assim, foi o segundo melhor desempenho desde 2014 (113.927).

Em cinco meses os maiores índices de crescimento de empregos vieram dos subsetores industriais de vestuário e calçados (+42,18%), mineral não metálico (+20,94%) e de “material de limpeza de velas” (+15%). Na outra ponta, os polos de brinquedos (-47,59%), têxtil (-34,88%), e editorial e gráfico (-21,69%) mantiveram a liderança dos cortes. Levando em conta só a mão de obra efetiva, o saldo no aglutinado até maio ficou no vermelho pelo quinto mês seguido. Foram eliminadas 273 vagas, dado o predomínio dos desligamentos (15.191) sobre as contratações (14.918). Foi a pior peformance desde o “ano cheio” de 2018 (-1.310). 

“Importante momento”

Em texto e áudio divulgados pela assessoria de imprensa da Suframa, o titular da autarquia, Bosco Saraiva, afirmou que os indicadores do PIM, aliados a outros “acontecimentos positivos” recentes contribuem para fortalecer o modelo ZFM, em um “importante momento” de intensificação das discussões no Congresso a respeito da reforma Tributária. O superintendente acrescenta que, na semana passada, o CAS (Conselho de Administração da Suframa) aprovou R$ 727,3 milhões em novos investimentos, durante a 310ª Reunião Ordinária. No mesmo dia, houve a assinatura do contrato de gestão do novo CBA (Centro de Bionegócios da Amazônia). 

“São fatos que mostram que o Polo Industrial de Manaus continua forte, grandioso e atraindo investimentos. Demonstra também que temos projetos de diversificação em outros segmentos econômicos, como a bioeconomia, buscando ampliar as oportunidades de geração de emprego e renda para a população residente em toda a área de abrangência da Suframa”, declarou, acrescentando que o PIM vem garantindo a manutenção de empregos, em sintonia com uma “política industrial revigorada”, e que os números tendem a ser crescentes até o final do ano. 

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam, Antonio Silva, assinalou que o setor sofre os impactos dos “juros excessivamente altos” e de um “cenário político convoluto em meio às reformas”. Mas, se mostrou mais otimista para os próximos meses. “Devemos ter uma redução da Selic a partir de agosto, o que irá baratear o custo financeiro das operações. A expectativa é que tenhamos um segundo semestre mais aquecido, o que impulsiona o setor produtivo”, sintetizou.

Também em entrevistas recentes, o presidente da Aficam, Roberto Moreno, ponderou que variações positivas ou negativas são “normais no curto e médio prazo” e que um cenário de crescimento constante “de todos os segmentos” pode trazer “queda brusca” mais adiante. “Essas variações são um cenário da economia ‘girando’ dentro do previsto. Temos boas expectativas com relação às tratativas e negociações em torno da reforma Tributária. No curto prazo, devem gerar um ambiente positivo para a continuidade normal dos negócios, investimentos e crescimento”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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