Depois do tombo do mês anterior, a indústria do Amazonas encerrou agosto com números positivos em quase todas as frentes. O melhor resultado veio das horas trabalhadas, mas houve ganhos significativos também no faturamento, massa salarial e emprego –todos com altas na casa dos dois dígitos. O único dado duvidoso veio do uso da capacidade instalada, que apontou estabilidade com viés de baixa. É o que revelam os dados locais dos Indicadores Industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), compilados em parceria com a Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas).
Conforme o estudo, o faturamento real da manufatura local subiu 11,8% na variação mensal. Foi um desfecho praticamente simétrico ao capturado no levantamento precedente (-10,6%). No confronto com agosto de 2020 –quando o PIM já surfava na demanda reprimida do pós-primeira onda –, as vendas decolaram 103,5%. Em oito meses, o aumento foi de 158,8%. Foi um desempenho melhor do que o da média brasileira, que caiu nas variações mensal (-3,4%) e anual (-0,2%), além de obter um acumulado mais discreto (+12,1%).
Em paralelo, as horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense escalaram 20,3%, entre julho e agosto deste ano, em desempenho também comparativamente melhor do que o dado anterior (-3,6%). Na comparação com a marca de 12 meses atrás, o indicador reforçou o campo positivo (+10,9%), segurando o acumulado em alta de 8,6%. Em todo o país, o setor seguiu na direção contrária na variação mensal (-0,3%), mas cresceu nas demais comparações (+7,4% e +13,5%, respectivamente).
O único dado negativo registrado pelo parque industrial amazonense, em agosto, veio da UCI (utilização da capacidade instalada) –que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção. O indicador caiu 0,37%, aproximando-se da estagnação, entre o sétimo (80,3%) e o oitavo (80%) mês deste ano. Em relação a agosto do ano passado (72,8%), houve expansão de 9,89%. Na média do acumulado do ano (76,47%), ficou 3,6 pontos percentuais acima da marca do mesmo intervalo de 2020 (72,87%), segundo análise da Fieam. Em contraste, o indicador nacional praticamente empatou entre julho (82,4%) e agosto (82,3%), na variação mensal dessazonalizada, embora tenha ficado acima da marca de agosto do ano passado (77,6%).
Empregos e salários
Os dados relativos à mão de obra da indústria do Amazonas, por sua vez, saíram do vermelho. O saldo de contratações das fábricas instaladas no Estado avançou 10,3%, na comparação com julho de 2021. No confronto com o mesmo mês do ano passado, houve um acréscimo de 12,1%, fortalecendo o acumulado dos primeiros oito meses de 2021 (+8,6%). Em âmbito nacional, o indicador mal se moveu (+0,1%) na virada do mês, embora tenha apresentado melhora nos demais respectivos comparativos (+6% e +4%).
Já a massa salarial da manufatura amazonense segue oscilando, sendo positiva desta vez. Despencou 12,1%, reduzindo as perdas de julho (-14,9%) e reforçando os ganhos de junho (+19,5%). A variação anual subiu 8%, reforçando o aglutinado anual (+4,8%). Na média brasileira, as respectivas elevações percentuais foram de 0,8%, 0,3% e 2,2%. “A alta do emprego, associada à queda do rendimento médio real, resulta em pequena expansão da massa salarial real. No ano, o crescimento acumulado é de 0,7%”, assinalou a CNI, no texto de divulgação da pesquisa.
“Efeito dominó”
No mesmo material, a economista da entidade, Maria Carolina Marques, destaca que as quedas no faturamento e nas horas trabalhadas registrados pela indústria brasileira ainda refletem os efeitos da pandemia de Covid-19 na interrupção das cadeias de suprimentos globais e seus efeitos em cascata em linhas de produção diversas.
“Os diversos setores da indústria de transformação ainda têm dificuldade para obter insumos e matérias-primas, tanto pela falta dos produtos, quanto pelo custo mais elevado. Além disso, a ausência de um componente tem efeitos indiretos na produção de outros manufaturados. Um exemplo é a escassez de microchips para a indústria automotiva. Quando essa fábrica fica parada, ela para também de adquirir aço, plástico, tecido, o que provoca um efeito dominó que afeta vários outros setores da indústria de transformação”, alertou.
“Quadro de solidez”
O presidente da Fieam, e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, salienta que agosto costuma ser um mês de “produção elevada” para o PIM e dá como exemplo os dados do IBGE referentes ao oitavo mês deste ano –que registrou alta de 7,3% para a produção industrial do Amazonas –e o mesmo período de 2019 –que apresentou incremento de 10,5%, na mesma comparação. O dirigente acrescenta que a comparação de agosto de 2021 com igual mês do último ano pré-pandemia ainda indica elevação de 8%, sinalizando desempenho positivo para o último trimestre do ano.
“Os Indicadores trazem um quadro de solidez do Polo Industrial de Manaus. Essa retomada demonstra que o segmento industrial local se encontra em panorama estável e retomando os números positivos pré-pandemia. Mesmo a utilização da capacidade instalada apresenta uma variação positiva de 3,6%, no consolidado do ano. Faturamento e mão de obra também apresentam resultados de crescimento, no comparativo com o ano anterior. A expectativa para o restante do ano, apesar das dificuldades econômicas, é positiva”, arrematou.
Foto/Destaque: Divulgação