18 de setembro de 2024

Indústria local sinaliza preferência por técnico de carreira para comando da Suframa

A corrida pela escolha do novo superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) gera muitas expectativas. Até 1º de fevereiro deverá ser anunciado quem ficará à frente da autarquia, quando começa o ano legislativo.

Ao contrário do que se especulava antes no cenário local, o preferido da classe empresarial é Marcelo Pereira, técnico de carreira e que já ocupou anteriormente cargos de importância no órgão, segundo fontes da indústria.  Ele esteve nas superintendências de Planejamento e Executiva do órgão, tendo grandes chances de ser o escolhido.

Outros cotados continuam sendo os deputados federais José Ricardo Wendling (PT) e Bosco Saraiva (SD) e o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), que não se reelegeram nas últimas eleições. O senador Omar Aziz (PSD-AM) tenta emplacar a nomeação de Saraiva como uma estratégia para tirar de campo a proposta do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), de colocar um paulista na função.

“Temos que fortalecer a ZFM com um superintendente que atenda às expectativas da indústria e, realmente, esteja afinado com as necessidades e demandas locais”, disse Omar Aziz.

Para lideranças industriais, Marcelo Pereira tem perfil para ser o novo superintendente. A indústria reconhece a sua competência. Ele está bastante familiarizado com as questões que envolvem a Zona Franca, tendo ainda muita experiência ao exercer cargos no alto escalão da Suframa.

Para Omar, porém, não basta somente ser técnico para dirimir ações em defesa da ZFM, mas também a questão política é preponderante. “Além disso, um superintendente deve estar em sintonia com a classe política, pois irá lidar com situações as mais diversas que exigirão muita habilidade. E nesse ponto entra a importância de também ser um político”, acrescenta o senador.

Economistas de formação, tanto José Ricardo como Serafim Corrêa estão habilitados para exercer o cargo, reunindo ambos os aspectos político e técnico, como sugere o senador. Questionado sobre ter Geraldo Alckmin como ministro da Indústria no governo Lula, Corrêa disse que a escolha foi assertiva.

“Ele (Geraldo Alckmin) jamais prejudicará a Zona Franca, mesmo tendo antes protagonizado vários embates contra o modelo, principalmente quando foi governador de São Paulo. Agora, ele está governando para todos os Estados”, argumentou. “Não vejo nenhuma ameaça contra o Amazonas”, acrescentou o deputado estadual.

O vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, foi reticente em relação à escolha de Geraldo Alckmin para ministro. E procurou minimizar eventuais impactos positivos. “Esperamos que suas decisões levem em consideração as peculiaridades de um Estado como o Amazonas que depende exclusivamente das empresas instaladas em Manaus”, avaliou o empresário.

IPI

Recentemente, Geraldo Alckmin surpreendeu a todos ao anunciar a possibilidade de extinção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), cuja isenção é a coluna cervical das mais de 500 empresas instaladas no Parque Industrial de Manaus. A sua proposta foi anunciada durante um encontro com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), recentemente.

Segundo Alckmin, o IPI seria substituído pelo IVA (Imposto sobre Valor Agregado). A renúncia fiscal é crucial para a manutenção de potenciais investimentos na Zona Franca. E também é essencial para a atração de novos negócios à região. O anúncio de Alckmin caiu como uma bomba no Amazonas.

Questionado, o vice-presidente tentou corrigir o ato falho posteriormente ao ser pressionado pela bancada amazonense em Brasília. O imbróglio aconteceu porque Alckmin não esclareceu se a ZFM seria prejudicada com a proposta.

“Que o Amazonas fique tranquilo. Jamais prejudicaríamos a ZFM que é um modelo de desenvolvimento importante para desenvolver o Estado e manter a floresta em pé. Nenhuma medida do governo Lula afetará a região”, disse ele durante a reunião com parlamentares amazonenses.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), já admitiu até a possibilidade de recorrer à Justiça caso a reforma tributária que tramitará no Congresso Nacional acabe com os benefícios fiscais.

“Estamos atentos, o Estado, os parlamentares e todos os representantes amazonenses a qualquer medida que possa prejudicar a ZFM, que está garantida pela Constituição Federal”, anunciou o governador.

O senador Omar Aziz sugeriu, inclusive, ao governador a criação de um grupo de trabalho na Sefaz (Secretaria de Fazenda) para acompanhar de perto a reforma tributária em Brasília.

Marcelo Peres

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