Indústria prevê semestre fraco

Em: 4 de abril de 2012
A pior fase da indústria pode ter ficado para trás, mas o setor ainda deve apresentar crescimento moderado, principalmente no primeiro semestre de 2012, avaliam analistas do mercado financeiro em relatórios enviados ao AE Projeções

A pior fase da indústria pode ter ficado para trás, mas o setor ainda deve apresentar crescimento moderado, principalmente no primeiro semestre de 2012, avaliam analistas do mercado financeiro em relatórios enviados ao AE Projeções. Conforme os profissionais, a produção industrial em fevereiro só voltou a crescer puxada pela devolução de fatores pontuais. Para os analistas, as medidas de incentivo ao setor anunciadas ontem pelo governo federal são bem-vindas, mas poderão ter reflexo mais forte no segundo semestre.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial cresceu 1,3% na margem. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas coletadas pelo serviço especializado da Agência Estado (de -1,00% a +1,70%) e acima da mediana de +0,50%. Em relação a fevereiro de 2011, a produção da indústria caiu 3,9%. Para esta base de comparação, as previsões iam de retração de 4,30% a 9,10%, com mediana de -6,10%.
Os dados da indústria, divulgados ontem pelo IBGE, apontam que a surpreendente queda da produção em janeiro teve forte parcela de fatores pontuais, de acordo com o Banco Fator. “Em contrapartida, importantes setores da indústria, como a indústria de alimentos, apresentou recuo no mês de fevereiro. Portanto, a situação da indústria no país continua preocupante, e as medidas de incentivos anunciadas pelo governo hoje são bem-vindas”, mostra relatório do banco.
Para os economistas da LCA Consultores, o aumento do salário mínimo no começo deste ano e a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para bens duráveis da linha branca, implementada no fim de 2011, ainda são insuficientes para mudar o rumo de fragilidade da indústria. Segundo análise específica sobre o tema, a instituição ressalta que uma retomada da atividade deverá ficar para o segundo trimestre.
“Para o primeiro trimestre, a despeito do resultado positivo de fevereiro, continuamos com a avaliação de que o desempenho da indústria continuará modesto. Os licenciamentos da Fenabrave em março mostraram que o setor automotivo vem apresentando esfriamento agudo. Além das vendas, a produção também tem perdido força nos últimos meses, enquanto os estoques seguem em nível elevado”, escreveram os economistas da LCA. Segundo eles, a recuperação da produção industrial em fevereiro, influenciada pelo setor automotivo, pode não se sustentar.

Sinais de arrefecimento no ar

O economista Flávio Combat, da Concórdia Corretora, também acredita que, apesar da expansão da produção industrial no segundo mês de 2012, indicadores recentes do mercado de crédito, apontando aumento da inadimplência, e dados do setor automotivo, mostrando arrefecimento nas vendas de veículos, sinalizam um primeiro trimestre fraco para a indústria.
“As medidas de estímulo ao setor industrial anunciadas hoje pelo governo, ao lado dos efeitos da política monetária expansionista, devem surtir efeito somente a partir do segundo semestre, com possibilidade de que estímulos sejam oferecidos também a outros setores diante dos sinais claros de desaceleração da atividade”, avaliou em relatório.
Na avaliação da Tendências Consultoria Integrada, o bom resultado da produção em fevereiro não deve alterar o tom do pacote de medidas anunciadas pelo governo ontem. Em análise sobre a produção industrial, publicada no serviço online da instituição, o economista Rafael Baccioti ressalta que a redução do custo dos empréstimos, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos públicos, e a desoneração tributária para determinados setores devem elevar a rentabilidade das empresas beneficiadas, o que não necessariamente implica incremento de produção. “Os aspectos estruturais que afetam nossa competitividade ainda seguem inalterados”, avaliou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Pesquisar