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Indústria questiona sobrepreço 

Fórum de discussões das lideranças da ZFM, a 315ª Reunião Ordinária do CAS (Conselho de Administração da Suframa) foi marcada, nesta quarta (3), por protestos contra a escalada dos preços dos fretes e cobrança de sobretaxas, ante mesmo da confirmação de uma nova vazante histórica. Em paralelo o secretário-executivo do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, anunciou que há apenas três pleitos de PPBs em análise superando o prazo de 120 dias, e que o tema do alfandegamento do porto de Tabatinga está sendo tratado com atenção.

Os conselheiros também deram aval a uma pauta de 29 projetos, sendo 13 de implantação de novos negócios e 16 projetos de diversificação e atualização de linhas já operantes na Zona Franca de Manaus. A maior parte das proposituras (26) é de indústria e serviços para o PIM, nos subsetores como mecânico, termoplástico, metalúrgico, eletroeletrônico e bens de informática, com prazo de até três anos para implementação. A lista incluiu também 3 projetos agropecuários, que terão cinco anos para o início das operações. As iniciativas em questão somam R$ 461 milhões em investimento e têm potencial para gerar 492 novos empregos e faturamento superior a R$ 3,1 bilhões.

Na lista das 26 iniciativas industriais, um dos destaques é o projeto de implantação da Aço Forte Comércio de Ferro e Aço, para produção de laminado de ferro aço em fita, tira, chapa e “blanks”, com investimentos de R$ 47,56 milhões e criação de 20 novos empregos. Também merece registro, o projeto de diversificação/atualização da Wasion da Amazônia Indústria de Instrumentos Eletrônicos, com investimentos totais de R$ 23,94 milhões para fabricação de inversor solar fotovoltaico e geração de 28 novos empregos. Já a Climazon Industrial, que planeja investir R$ 201,39 milhões na produção de condicionadores de ar, criando 52 novos empregos.

Dentro da agropecuária, estava o projeto de bovinocultura de José Alberto Pinto, com geração de dois empregos fixos e investimentos de R$ 1.552,500,99.  O projeto de bovinocultura de Vanderlei Sergio Tavares, com geração de seis empregos entre fixos e variáveis e investimento de R$ 1.797.346,80. Ambas as proposituras de criação de bovinos serão realizados em área de cerca de 100 hectares.

Fretes em questão

O titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Serafim Corrêa, pediu a palavra para tratar de uma questão que estava incomodando o PIM, em relação à escalada dos preços dos fretes, em meio aos preparativos para minimizar os danos da nova estiagem recorde prevista para este ano. Ele lembrou que está prevista para a próxima sexta (5), a abertura dos envelopes da dragagem dos pontos críticos da Enseada do Madeira e da Costa do Tabocal. 

Venho recebendo reclamações da Eletros, da Fieam, do Cieam, da ACA, da CDL-Manaus, da Fecomercio-AM, “e isoladamente de muitos empresários. Para surpresa de todos, na segunda [1º], a operadora de navegação MSC distribuiu um comunicado informando que cobrará uma taxa de ‘pouca água’ de US$ 5.000 por contêiner, a partir de 1º de agosto. Hoje, outra empresa do segmento fez a mesma coisa, só que cobrando US$ 5.900. Só para que se tenha uma ideia do absurdo, no ano passado, quando a estiagem já estava muito forte, em outubro, a taxa cobrada foi de US$ 2.100”, comparou. 

O titular da Sedecti lembrou ainda que, antes disso, os preços dos fretes já haviam saltado de US$ 3.500 para US$ 11.500, por contêiner. “Um contêiner transporta em média US$ 45.000 em mercadorias, mas estão sendo cobrado 40% desse valor em transporte. E isso derruba todos os incentivos da Zona Franca de Manaus. As operadoras estão se aproveitando de uma situação que ainda nem aconteceu para ganhar dinheiro. Faço uma manifestação de repudio. Esperamos das autoridades federais uma atitude mais dura em relação aos operadores de navegação”, asseverou.

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, endossou as palavras do secretário estadual. “Nós fomos uma das entidades que demandamos a ele sobre essa situação que está importunando toda a classe produtiva. De forma que eu gostaria que o senhor levasse ao ministro nossos reclames e anseios, para que ele chame a si esse assunto que já está nos preocupando”, afiançou.

Em resposta, Márcio Elias Rosa prometeu levar o tema ao conhecimento do ministro do Mdic. “Vou pedir que estabeleça uma discussão em torno disso, envolvendo nosso ministério e, eventualmente, o próprio governo do Amazonas. Vamos dialogar e tentar encontrar uma solução. E, depois, falar, evidentemente, com o setor privado. O custo elevado do frete inviabiliza a competitividade da Zona Franca, então não é razoável. Comprometo-me em levar o assunto ao doutor Geraldo Alckmin, sem esperar a ata”, garantiu.

Ipem e plásticos

Outros pleitos também movimentaram a reunião do CAS. A retirada de pauta de uma resolução que previa a doação de área pertencente à Suframa para a sede do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) Amazonas foi motivo de protesto do titular da Sedecti. “Esse processo já se arrasta há 21 anos e, no dia em que vai ser analisado, é retirado de pauta. Para nós, do governo do Amazonas, há uma certa frustração. Não queremos fazer disso um cavalo de batalha, mas esperamos que isso volte para a pauta da próxima reunião”, lamentou Serafim Corrêa. 

“Imagino o senso de urgência, agora, depois de 21 anos. Mas, surgiu o entendimento jurídico de que a deliberação depende da presença do presidente do CAS [o titular do Mdic e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin], mas não havia possibilidade de ele presidir essa reunião”, explicou o secretário-executivo do Mdic.

O secretário do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Felicio Maluf Filho, pediu a palavra para falar sobre a questão. “Nós do MMA estamos finalizando, após as consultas públicas, o decreto de logística reversa de embalagens plásticas. Os representantes do setor vêm insistindo muito com a gente que deveríamos entender melhor o ecossistema de plástico e embalagens da ZFM. A gente gostaria de solicitar a abertura de um canal para esse diálogo. O pessoal alega que a resina reciclada é muito mais cara que a importada, então pedimos um contato técnico da Suframa para a gente fazer algumas sugestões dentro da estratégia nacional de economia circular”, solicitou, recebendo resposta positiva do representante do Mdic. 

Ao final do evento, o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva destacou os números apresentados na reunião e o interesse, cada vez maior, dos empresários em investir na Zona Franca de Manaus. “Destaco o esforço de todos, tanto do colegiado quanto da própria sociedade em geral, pela manutenção e fortalecimento da Zona Franca de Manaus para toda a região. E ressalto também o interesse dos empresários em conhecer o nosso Polo Industrial e a atração de novos investimentos que o modelo oferece. Vamos em frente”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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