EDUARDO CUCOLO
FOLHAPRESS
Praticamente sete em cada dez indústrias brasileiras de médio e grande porte promoveram inovações em produtos ou processos produtivos em 2022, mas apenas um terço das companhias investiu em pesquisa e desenvolvimento, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A Pintec Semestral (Pesquisa de Inovação Semestral) também mostra que 40% das indústrias inovadoras de 2022 pretendia aumentar os gastos com P&D no ano passado, e 51% espera ampliá-los em 2024.
O alcance dessas inovações, segundo a pesquisa, se mostra limitado. Na maioria dos casos (68%), os principais produtos desenvolvidos são novos apenas em relação ao portfólio da empresa.
Em 25% das empresas, eles representam novidade também para o mercado nacional. Apenas 5,5% das indústrias entrevistadas trouxeram algo que represente inovação no mercado mundial.
Os principais entraves à inovação apontados foram a instabilidade econômica em 2022, o acirramento da concorrência e a capacidade limitada dos recursos da própria companhia. As três opções foram citadas por mais de 40% dos empresários entrevistados no questionário de múltipla escolha.
A falta de apoio público foi citada por 20%. Segundo o IBGE, 61% das indústrias que implementaram inovações de produto e/ou processo não recorreram a políticas públicas em 2022.
Entre os 39% que inovaram e se valeram de algum tipo de apoio do Estado, os principais instrumentos foram o incentivo fiscal para P&D e inovação tecnológica, e o financiamento para compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar.
“A incerteza afeta negativamente as decisões empresariais quanto aos investimentos em inovação. O apoio público pode ser fundamental para mitigar os efeitos de um cenário de instabilidade, falta de recursos internos, acirramento da concorrência, incerteza quanto à demanda, entre outros aspectos”, diz o IBGE.
A pesquisa do IBGE considera uma amostra de 1.530 empresas de médio e grande portes, com mais de cem pessoas ocupadas, das indústrias de transformação e extrativas, de um universo de 9.584 companhias com esse perfil no país. A coleta foi feita de agosto a outubro de 2023.
A iniciativa é uma parceria com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS TÊM MAIOR TAXA DE INOVAÇÃO; INDÚSTRIA EXTRATIVA, MAIOR GASTO
Em 2022, a taxa de inovação das empresas foi de 68,1%, ante 70,5% em 2021. Desse total, 33% implementaram novos produtos e processos de negócios simultaneamente.
O setor de fabricação de máquinas e equipamentos lidera o ranking, com taxa de inovação de 89,3%, seguido por equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (87,5%) e por produtos químicos (84,7%).
Na outra ponta, as menores taxas ficaram com metalurgia (49,9%), refino e derivados de petróleo, coque e biocombustíveis (42,9%) e manutenção e reparação (42,2%).
Em relação aos processos de produção, as principais inovações se deram na organização do trabalho e no processamento de informação e comunicação.
O investimento em atividades internas de P&D somou R$ 36,9 bilhões em 2022. As indústrias extrativas responderam por 16,5% do total, seguidas por montadoras (13%) e fabricação de derivados de petróleo (11,9%) e produtos alimentícios (9,7%). Juntos, os quatro setores representaram 51% do gasto.
Entre as que não fizeram inovações em 2022, 83,2% também não estavam gastando com P&D em 2023.
Em relação a 2024, 72% das empresas “não inovadoras” de 2022 esperavam manutenção dos dispêndios em comparação ao realizado em 2023 até a data de preenchimento do questionário da pesquisa.
EMPRESAS DE BEBIDAS E FUMO PUBLICARAM MAIS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE
A pesquisa mostra ainda que 15,8% das empresas publicaram relatório de sustentabilidade em 2022 (ante 12% em 2021). O índice chega a 36,5% entre as empresas com mais de 500 pessoas ocupadas.
O índice supera 30% em três segmentos da indústria: bebidas, fumo e produtos químicos.
Entre as empresas que publicaram relatórios de sustentabilidade, 86,5% foram inovadoras em 2022.