O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem um estudo segundo o qual o Brasil será um dos principais destinos de investimentos estrangeiros diretos no mundo nos próximos 12 meses, mesmo com a crise internacional. As informações estão no Monitor de Percepção Internacional do Brasil. Segundo o estudo, baseado em consultas a agentes internacionais, o indicador que mostra a possibilidade de o Brasil receber investimentos subiu de 35 pontos para 43 pontos de maio para agosto de 2010.
O Brasil possou a figurar entre os maiores destinos dos investimentos estrangeiros diretos nos próximos 12 anos para 70% dos entrevistados pelo Ipea ante os 56% que tinham a mesma perspectiva na pesquisa anterior. De acordo com técnicos do Ipea, a mudança na percepção dos entrevistados “está em linha com estatísticas da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) sobre fluxo de capitais em 2010”. No ano passado, o Brasil ocupou o quinto lugar no ranking, atrás dos Estados Unidos, da China, de Hong Kong e da Bélgica, informou o Ipea.
“Entre 2007 e 2009, o Brasil ficou entre o 12º e o 15º receptores de investimentos. Já em 2010, ele subiu para a quinta colocação. A posição não era alcançada desde o final dos anos 90, época das privatizações. Em 2011, a expectativa é que o Brasil talvez suba alguns postos. O investimento dos primeiros sete meses já é quase o mesmo do ano passado inteiro”, disse André Pineli, especialista em planejamento e pesquisa do Ipea. O estudo, destacou Pineli, mostra ainda melhora no indicador que avalia a inflação. O indicador, que registrou expressivas quedas nas enquetes de fevereiro (-10) e maio (-24), reverteu a tendência, que agora é de neutralidade (zero).
“De modo geral, notamos uma melhora dos indicadores. A pesquisa que foi feita em maio indicava uma explosão da inflação, mas, desta vez, em agosto, houve tendência de acomodação nas expectativas”, acrescentou o técnico.
O estudo revela ainda a melhora da avaliação dos agentes internacionais sobre a condução da política econômica no Brasil. O indicador subiu de 5 pontos, em maio, para 20 pontos em agosto. Para o Ipea, a mudança sugere uma percepção mais forte de que a política econômica nos últimos 12 meses favoreceu o crescimento com estabilidade.
Queda na desigualdade de renda
Quanto à desigualdade de renda no país, o estudo aponta redução de 28 pontos para 18 pontos neste indicador. Isso ocorreu também com o indicador relativo à pobreza, que caiu de 40 para 25. “O indicador ainda é favorável, porque mostra que haverá diminuição da pobreza e melhoria na distribuição de renda nos próximos meses. Só que não foi tão favorável quanto na pesquisa anterior”, explicou Pineli. Para ele, a mudança da percepção dos agentes internacionais, nos últimos três meses, provavelmente sofreu o impacto da diminuição do crescimento da economia.
De acordo com o estudo, os agentes internacionais entendem que o aperto monetário ocorrido no primeiro semestre, “assim como a deterioração nas perspectivas de crescimento dos países desenvolvidos”, pode ter afetado as expectativas sobre a evolução da atividade econômica, já que o indicador relativo ao Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu de 44 pontos para 30 pontos. nas duas últimas pesquisas.
Ainda conforme o estudo, os entrevistados que esperavam crescimento do PIB abaixo de 3,6% nos próximos 12 meses, e que correspondiam a 12% do total em maio, saltaram para 40% em agosto.