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Jucea revela mais 4.332 novas empresas no Amazonas

O Amazonas registrou o ingresso de 4.332 novas empresas no primeiro semestre, quantitativo 8,35% maior do que o apresentado em igual intervalo do exercício anterior (+3.998). Mas, a taxa de mortalidade também se manteve em alta. Ao menos 2.495 pessoas jurídicas amazonenses fecharam as portas no mesmo período, superando em mais de 20% o patamar atingido no mesmo acumulado de 2023 (-2.079). Os dados são da Jucea, a partir de relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro) do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), e não levam em conta os MEIs (microempreendedores individuais).

O comparativo mensal também aponta progressão em ambos os casos, confirmando que o cenário segue desafiador para os empreendedores locais. O Estado registrou aceleração de 5,01% nas aberturas de empresas entre maio (+699) e junho (+734) – que teve um dia útil a menos. O desempenho foi ainda mais favorável na comparação com a marca de 12 meses atrás (+672), que apontou elevação de 9,23%. No mês passado, 418 pessoas jurídicas saíram do mercado amazonense, 3,72% a mais do que em maio de 2024 (-403) e 31,03% superior ao dado de junho de 2023 (-319).

Já os dados do Portal do Empreendedor sinalizam uma relativa melhora em um quadro ainda volátil para os MEIs atuantes no Estado. A quantidade de aberturas subiu 3,41%, entre maio (+3.253) e junho (+3.364), e decolou 22,91% frente ao parâmetro de 12 meses atrás (+2.737). O número de extinções encolheu 28,40% na variação mensal (de -1.757 para -1.258), mas se manteve 9,49% acima da marca apresentada em igual mês de 2022 (-1.149). Em seis meses, as constituições aumentaram 5,29%, com 18.910 (2024) contra 17.960 (2023). Os encerramentos progrediram 14,32%, ao passarem de 7.981 (2023) para 9.124 (2024). 

Tipos empresariais

De acordo com a Jucea, assim como ocorrido nos últimos meses, a maior parte das 418 pessoas jurídicas amazonenses que saíram do mercado no mês passado estava enquadrada na categoria de empresário individual (-258), em número um pouco mais elevado do que o do levantamento de maio (-245). Foram encerradas também 158 sociedades empresariais limitadas, praticamente repetindo o dado do levantamento anterior (157). A lista de baixas empresariais em junho incluiu também 1 cooperativa, e 1 consórcio de sociedades.

Em sentido inverso, o movimento em torno da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (+734) voltou a priorizar as sociedades empresariais limitadas (+525), correspondendo a mais que o dobro da quantidade de registros na modalidade de empresário individual (+206). A distância entre ambas as categorias se manteve no mesmo patamar ao apresentado na sondagem anterior (500 e 194, respectivamente). O rol de novos negócios do mês incluiu 2 cooperativas e 1 “estabelecimento brasileiro de sociedade estrangeira-filial”.

O semestre somou 3.095 constituições de sociedades empresariais limitadas, 16,31% a mais do que o registro do mesmo período do ano passado (2.661). Já a procura pela modalidade “empresário” declinou 7,05% na mesma comparação, passando de 1.304 (2023) para 1.212 (2024). O inverso se deu nas estatísticas de encerramento. Os demais tipos empresariais mais frequentes na primeira metade deste ano foram as sociedades anônimas fechadas (12), as cooperativas (7), e os consórcios de sociedades (4).

A Jucea não divulgou mais as estatísticas relativas aos setores econômicos que mais abriram empresas. O setor de serviços vinha mantendo a dianteira nos levantamentos mais recentes, sendo seguido pelo comércio e pela indústria – com números muito mais tímidos. Os cinco municípios que mais vinham constituindo empresas, até então, eram Manaus, Itacoatiara, Humaitá, Parintins e Manacapuru, na ordem.

Reestruturação e desafios

Na análise da ex-vice-presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), e professora do Departamento de Economia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Michele Lins Aracaty e Silva, a instabilidade no cenário de abertura e encerramento de empresas no Amazonas reflete um ambiente macroeconômico de reestruturação e de desafios, com ajustes dinâmicos do mercado.

“Apesar do destaque em termos de volume ser das sociedades empresariais limitadas chamo a atenção para os números de MEIs em atuação na economia o que contribui para espraiar a renda pela economia regional, a partir de pequenos empreendimentos. Lembrando que a atuação dos microempreendedores individuais precisa ter como base a formalização e a capacitação/ especialização, o que contribui para agregar valor à marca e ao produto”, avaliou.

A economista estima que os próximos meses devem ser de relativa estabilidade. “Dada a atual conjuntura, acreditamos que o cenário apresente poucas mudanças em relação aos meses anteriores. isso porque definições em relação a déficit fiscal e taxa de juros ficaram para o segundo semestre e estamos aguardando os desdobramentos e impactos sobre o cenário macroeconômico”, projetou. 

Foco nos juros

No entendimento do ex-presidente do Corecon-AM, consultor empresarial e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Junior, um dos principais fatores que colocam em xeque a sobrevivência dos negócios é o custo do dinheiro, que acaba se tornando um obstáculo para manutenção de capital de giro e vendas. “Os juros altos vêm dificultando a vida das empresas, já que muitas precisam de crédito. E as taxas elevadas também inibem o consumo, logo é justificável o dado de baixa de empresas”, ressaltou.

Olhando para a metade cheia do copo, o economista diz que os números de abertura de empresas podem ser percebidos também em outras frentes, embora ressalte que o cenário ainda é nebuloso. “Nas reuniões do CAS e do Codam, podemos ver novos projetos, como também a formação do empreendedorismo. O empresário tem uma visão de mercado indica retorno de capital. Mas, temos que ver como vai ficar essa queda de braço entre governo e BC em torno dos juros, e como vai se comportar a economia, já que os dados da Sedecti e IBGE mostram uma desaceleração no PIB amazonense”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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