Não é novidade que os pedidos nos aplicativos de delivery deram um salto durante a pandemia. Na mesma proporção, a procura por aluguel de motos para este fim também registrou aumento. Esse dinamismo fez as locadoras no país investirem em quase 20 mil motos em 2021. A informação da Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), com números do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), revela que foram adquiridas 19.393 motos por locadoras, a maior compra anual desse tipo de veículo da história do setor.
Segundo Paulo Miguel Junior, conselheiro gestor da entidade, durante a pandemia a locação de motos “deixou de ser apenas uma tendência para se transformar numa realidade”. Ao final de 2019, as locadoras tinham o total de 8.093 motocicletas na frota — número que deu um salto para 46.480 ao final de 2021.
A locação de motos tem como público-alvo, além de pessoas e empresas que trabalham com delivery, também usuários que procuram a experiência de pilotar motos de alta cilindrada, para lazer ou viagens. Nesse segmento, a montadora líder de vendas para locadoras em 2021 foi a BMW, com 388 unidades destinadas para empresas do setor de locação, entre janeiro e dezembro do ano passado.
A Mottu, startup que facilita o aluguel de motos para entrega, surgiu como foco nesse tipo de atividade. Segundo informações divulgadas no site Estadão, o aplicativo, que iniciou as operações em São Paulo, começou em 2020 com 300 veículos e viu a demanda crescer durante a pandemia. Hoje, já conta com mil motocicletas para locação, sendo que o modelo disponível é sempre o mesmo.
A startup é focada em entregadores de aplicativos que não têm veículo para trabalhar e não conseguem financiamento fácil. Por isso, oferece pacotes pensados para as necessidades desse público, o que inclui manutenção, seguro, reboque e atendimento 24 horas. Também tem parceria com empresas de delivery para facilitar a contratação. O interessado pode escolher entre planos mensais e semanais que começam com R$ 25 reais (mais caução de R$ 500). Em um dos planos, pode ficar com a moto ao finalizar o pagamento do período, como se fosse um tipo de financiamento.
Demanda aumentou 4,5%
Apesar do movimento no Amazonas não ser tão expressivo, representantes de locadoras que atuam no mercado local, afirmam que a fatia de clientes que alugam o produto para a atividade de delivery, aumentou, em média, 4,5% durante a pandemia.
O aluguel de motos em Manaus, registrou uma crescente na demanda, não só para entregadores, mas para todo aquele que precisa de uma motocicleta para trabalhar e se locomover no dia a dia.
“Observamos um volume na demanda. O intuito da empresa é, justamente, ajudar o trabalhador a ter mais condições de levar seu sustento para casa pagando pouco em nossas diárias”.
A empresa tem quatro planos disponíveis pelo aplicativo mottu, é um diferencial na política da empresa. “São planos semanal, mensal, semestral , anual e pelo plano minha mottu. Cada um em uma faixa de preço diferenciado. A partir de R$ 20 até R$ 38 ao dia”, comentou o responsável pelo atendimento ao cliente na empresa, Marcelo de Sá.
“Para mim é claro que tanto a venda quanto o aluguel de motos sempre mantiveram patamares positivos. A pandemia só reforçou isso. Percebemos uma mudança no comportamento dos motoristas que deixaram de utilizar carros para investir em motos”, destacou o gerente de uma locadora de motos, Mário Avelino.
De acordo com o gerente, a adesão por novas unidades de motos para a frota da empresa em 2021, foi 6% maior em 2020. Incremento puxado pela demanda exclusiva para entregadores. “Tivemos um salto e a metade dos nossos produtos estão locados. É um movimento que, na minha opinião, deve manter-se em 2022 e até superar anos anteriores”, estimou.
Balanço
A indústria de motocicletas fechou 2021 com a produção de 1.195.149 unidades, alta 24,2% na comparação com o ano anterior (961.986 motocicletas). O volume ficou 2% abaixo da expectativa da associação, que era de fabricar 1.220.000 motocicletas. Os emplacamentos totalizaram 1.156.074 unidades, alta de 26,3% na comparação com 2020 (915.157 motocicletas).
Produção
Com o mercado aquecido, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) projeta que a produção de motos deve atingir 1.290.000 unidades em 2022. O volume representa crescimento de 7,9% na comparação com as 1.195.149 motocicletas fabricadas no Polo Industrial de Manaus (PIM) no ano passado.
No varejo, a expectativa é que sejam emplacadas 1.230.000 motocicletas, o que corresponde a uma alta de 6,4% em relação a 2021 (1.156.074 unidades). As exportações deverão totalizar 54.000 unidades, alta de 1% sobre o volume registrado no ano passado (53.476 motocicletas).
As projeções de crescimento confirmam o cenário de recuperação gradativa da indústria de motocicletas, que vem retomando os volumes pré-pandemia. “Esperamos um cenário mais estável neste ano para conseguirmos atingir novamente os patamares de 2015, quando a produção ficou na casa do 1,2 milhão de unidades”, comenta Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.
Fermanian explica que o avanço dos serviços de entrega e o maior uso da motocicleta nos deslocamentos urbanos, devido ao aumento dos preços dos combustíveis e a disponibilidade de crédito, estão entre os fatores que fazem a demanda pelo modal continuar em alta.
Por dentro
A pesquisa da Abla mostrou que praticamente 90% das compras das locadoras foram de modelos de baixa cilindrada, voltados principalmente ao atendimento daqueles que procuram a locação para trabalhar. Nesse segmento, a Honda (16.793 unidades) liderou com folga as vendas para locadoras em 2021, seguida pelos modelos da Yamaha (1.531).
“Com o aluguel, o usuário também deixa de ter custo e trabalho com manutenção, documentação, seguro e outras despesas e responsabilidades que ficam por conta da locadora”, lembra Paulo Miguel Junior, da Abla.
Para alugar, é necessário ter habilitação na categoria A. Se for por aplicativo, o interessado deve fazer um cadastro, que vai passar por processos de segurança e checagem de pontuação na carteira.
