13 de setembro de 2024

Maior produção de motocicletas para setembro, em dez anos

Produção de motocicletas no Brasil cai 13,2% em 2020

A indústria de motocicletas do PIM registrou a maior produção para setembro, em dez anos. O Polo Industrial de Manaus fabricou 140.251 unidades, desacelerando 14,5% em relação a agosto (164.008) – que foi favorecido por três dias úteis a mais. Mas, foi um resultado 0,45% melhor do que o de 12 meses atrás (139.622), no melhor desempenho para o mês desde 2013. Em nove meses, o parque fabril da capital amazonense já soma 1.191.673 motocicletas produzidas e incremento de 12,3%. Os números foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nesta terça (10). 

As vendas domésticas também sustentaram saldo positivo, registrando o melhor dado para setembro desde 2011. O dado negativo veio novamente das exportações, que voltaram a desacelerar. Diante disso, a entidade empresarial manteve seus números para 2023. A projeção da Abraciclo é ainda de fechar o ano com elevação de 10,4% na quantidade de motos produzidas (1.560.000) e expansão de 10,9% no número de emplacamentos (1.511.000). A estimativa em relação às vendas externas ainda aponta para queda de 11,5% e 49.000 unidades remetidas ao estrangeiro.

“A produção de motocicletas vem seguindo o planejado pela indústria e mostra um crescimento contínuo e consolidado para atender a demanda do mercado, que segue positiva. O momento é bom e o segmento possui potencial para aumento em seus volumes de produção”, declarou o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, Marcos Bento, durante coletiva de imprensa online, realizada nesta terça (10).

Durante o evento, o dirigente também salientou que a entidade vem se mobilizando politicamente em Brasília, somando esforços ao trabalho conjunto do Amazonas para assegurar a continuidade das vantagens comparativas da ZFM. “Falando de política industrial, tivemos algumas ações sem setembro. A Abraciclo realizou um café da manhã com a bancada da Amazônia Ocidental no Congresso. Tivemos também alguns encontros com o relator da reforma Tributária, senador Eduardo Braga [MDB-AM] e algumas reuniões no Mdic. São atuações em defesa da Zona Franca de Manaus, especialmente para garantir aquilo que já está na Constituição: a manutenção da ZFM até 2073”, listou.

Sobre a seca, o dirigente reforçou que o cenário é de atenção para o setor. “As associadas estão realizando um monitoramento contínuo da situação. E, principalmente em razão das limitações de navegabilidade, há registros de aumentos de preços de fretes. Alternativas logísticas estão sendo avaliadas pelas associadas”, amenizou.  

Varejo e exportações

O volume de motos do PIM comercializado no varejo interno declinou 5,4% entre agosto (142.770) e setembro (135.056). A comparação com o mesmo mês de 2022 (123.641) apontou acréscimo de 9,2% e o melhor número para o mês desde 2011. Em nove meses, os emplacamentos avançaram 21,3% e totalizaram 1.180.981 unidades. O Sudeste concentrou 38% das vendas de setembro. Na sequência estão Nordeste (30,7%), Norte (12,9%), Centro-Oeste (9,7%) e Sul (8,7%). A maior taxa de crescimento veio novamente dos Estados nortistas (+25,4%), seguidos de perto pelo Nordeste (+24,7%).

Motociceltas de baixa cilindrada (até 160) representaram 81,7% (964.400) das vendas do acumulado. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por 15,1% (1789.100) – e a maior alta (+29,8%). Os veículos acima de 450 cilindradas contribuíram com 3,2% (37.500). A categoria Street contribuiu com 52% dos licenciamentos, sendo seguida pela Trail (18,5%) e pela Motoneta (13,6%). 

Em contrapartida, as exportações, seguem em baixa. As vendas tombaram 63,5% entre agosto (3.443) e setembro (1258) e ficaram 78,3% abaixo do dado de 12 meses atrás (7.807). Já o acumulado do ano (27.152) ficou negativo em 34,9%. Conforme o portal Comex Stat, os principais destinos foram Argentina (10,5% de participação), Colômbia (9,9%) e EUA (6,3%). Em entrevista coletiva anterior, Marcos Bento assinalou que um dos fatores que contribuem para a retração nas vendas externas é a “desarmonia da legislação brasileira de emissões”, em relação aos destinos dos embarques.

“Demanda aquecida”

As principais montadoras do PIM também comemoraram. Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o vice-presidente industrial da Moto Honda, Julio Koga, informou que a fábrica produziu mais de 903 mil unidades de janeiro a setembro de 2023, correspondendo a um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior.  Em setembro, mais de 108 mil motocicletas saíram das linhas de produção. O dirigente destaca que a Honda Motos segue monitorando a situação da estiagem no Amazonas e adotando alternativas junto aos seus fornecedores e parceiros de negócio para minimizar eventuais impactos em sua operação.

“A produção acompanhou a tendência dos resultados comerciais, uma vez que a demanda pela motocicleta segue aquecida. A projeção de produção para 2023 é de um crescimento gradual e consistente, com um volume mais de 10% superior ao de 2022. É um resultado positivo, que demonstra o fortalecimento das nossas estratégias comerciais, o grande esforço para aumentar o plano de produção e o quanto a demanda por motocicletas segue aquecida. O veículo tem cada vez mais protagonismo, seja para uma solução de mobilidade mais conveniente e econômica, geração de renda ou até mesmo para lazer.

Também por intermédio de sua assessoria, o gerente de Relações Institucionais da Yamaha, Afonso Cagnino, avaliou que o mercado nacional segue em “crescimento gradual” e que a conjuntura econômica segue com a mesma tendência de alta para o segmento, com aumento nas vendas à vista. De acordo com o executivo, o resultado está dentro das projeções, a despeito dos impactos logísticos da seca.

“Enfrentamos dificuldades no recebimento de insumos em razão da seca. Foi necessário ajustar a produção de alguns modelos, mas tudo de modo arranjado para não impactar as entregas. A Yamaha vem contratando para atender ao segundo turno, desde o final de 2020, e já estabelecemos os níveis programados previamente para atender o atual volume de produção. O grupo conta com cerca de 4.000 colaboradores em regime direto. Seguimos com a mesma projeção, com crescimento previsto de 10% em relação a 2022”, concluiu.

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Twitter: @JCommercio

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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