21 de novembro de 2024

Mais de 100 mil motos no PIM em janeiro confirmam projeção

A expectativa é de um aumento de 6,1% no setor em 2020
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A produção de motocicletas no PIM (Polo Industrial de Manaus) fechou o mês de janeiro com 100.292 unidades fabricadas, e confirma expectativa de crescimento de 6,1% para o setor em 2020. A quantidade representa uma alta de 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o polo de duas rodas atingiu 83.920 motos. Em dezembro de 2019, mesmo com as férias coletivas,a produção chegou a 69.062 unidades. Os dados foram divulgados ontem (12), pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

De acordo com a Abraciclo, a produção de motos em 2018 foi de 1.036.788 unidades, em 2019 foi de 1.107.758 e a previsão para 2020 é de 1.175.000 unidades. Para o presidente da entidade, Marcos Fermanian, o ano começou com negócios em evolução no mercado nacional de motocicletas, e a expectativa que haja evolução na produção no decorrer do ano.

“Isso reforça nossas previsões de crescimento para 2020. A procura por alternativas que garantam a maior eficiência na mobilidade urbana tem impulsionado o Setor de Duas Rodas, já que muitas pessoas estão trocando o seu veículo pela motocicleta para se deslocar com maior flexibilidade nas médias e grandes cidades”, disse.

Segundo o diretor de relações institucionais da Yamaha no Brasil, Hilario Kobayashi, a empresa acredita em crescimento no gradual e sustentável da produção e vislumbra um plano anual de forma consciente na produção. No início do ano, a empresa contratou cerca de 400 novas mão de obra e pretende manter o processo contínuo de produção.

. “As vendas às concessionárias estão dentro do previsto no plano anual. Estamos focados no crescimento, mas com os pés no chão. A priori as contratações já foram feitas. Pontualmente serão feitos ajustes”, disse

Análise

Para o economistas Farid Mendonça Júnior, o bom desempenho na produção é um reflexo positivo da recuperação da economia e da capacidade instalada das empresas do PIM. “Devido à forte crise, as empresas (suas linhas de produção) ficaram ociosas e tiveram que demitir, aumentando o hiato do produto (maior capacidade instalada e menos produção efetiva). Então, estamos assistindo a uma recuperação, utilizando-se a capacidade instalada. Esta análise não está levando em conta outras variáveis que podem afetar esta recuperação, como é o caso do coronavírus”, explicou.

Já para o economista Ailson Rezende, o crescimento constante na produção é reflexo de um mercado que ainda está dando sinais de recuperação. Ele reforçou que a situação econômica do consumidor ainda exerce uma influência direta na fabricação dos produtos. “O problema do segmento de motocicletas está no consumo e não na produção. O elevado percentual de pessoas negativadas ou endividadas impediu o segmento de ter crescimento antes de 2019”, destacou. 

Ailson lembrou, que o setor de duas rodas é o que atualmente tem ofertado o maior número de postos de trabalho no PIM. O aumento da produção no decorrer do ano será fundamental para manter os postos de trabalho existente e a possibilidade de abrir novas vagas de trabalho no futuro.

“Quanto a necessidade de mão-de-obra para atender o crescimento da produção, este segmento é o que apresenta maior número de empregados por unidade produzida. É preciso considerar também a mão-de-obra ocupada para produção dos componentes das motocicletas fabricados localmente. Portanto, o crescimento da produção de motocicletas vai ensejar uma geração de emprego formal considerável”, disse.

O economista destacou, que o surto de coronavírus pode ser uma ameaça real para as montadoras que utilizam insumos e componentes chineses. A falta de matéria prima pode ser um entrave para o bom ritmo da produção. Mas, apesar da preocupação, ele ressalta que a situação pode gerar oportunidades para procurar material no mercado nacional.

“Relativamente aos insumos utilizados pelas montadoras de motocicletas oriundos da China, o surto de coronavírus pode afetar a produção com a falta de componentes.  Mas, podemos ver esta situação como uma oportunidade para as montadoras solicitarem aos seus fornecedores – locais ou nacional- o fornecimento de partes e peças, que produz efeito de ligação (para frente e para trás) positivo na economia local e nacional, com geração de mais empregos e renda”, destacou.

Vendas no atacado

Em janeiro, as fábricas repassaram para as concessionárias 90.874 motocicletas, correspondendo a uma alta de 11,3% ante as 81.681 unidades registradas no mesmo mês de 2019 e de 26,8% na comparação com dezembro de 2019 (71.672 unidades). Para 2020, a Abraciclo projeta crescimento de 5,7% no atacado, totalizando 1.147.000 unidades. No ano passado, as vendas no atacado somaram 1.084.639 de unidades.

Desempenho por categoria

A Scooter foi a categoria que registrou maior crescimento nas vendas no atacado. Em janeiro, as concessionárias receberam 7.792 unidades, o que corresponde a uma alta de 80,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado (4.319 unidades) e de 1,08% com relação a dezembro de 2019 (7.709 unidades).

“A participação no mercado de 8,6% ainda é pequena, mas o crescimento é contínuo. Esses modelos se tornaram uma opção para quem compra a primeira motocicleta e também para aquelas pessoas que desejam uma alternativa mais rápida, eficiente e econômica de locomoção”, avalia Fermanian.

Em janeiro de 2020 a categoria Off-Road alcançou o volume de 977 motocicletas vendidas no atacado. O crescimento foi de 18,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado (827 unidades). Em relação a dezembro, houve um recuo de 17,2% frente com 1.180 unidades.

O modelo Street é a categoria que continua sendo a mais comercializada, com 52,9% de participação. Em janeiro, foram vendidas 48.071 unidades,um aumento de 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado  (44.146 unidades). Em relação a dezembro, a alta foi de 43,9% quando foram produzidas 33.406 unidades.

Emplacamentos

No primeiro mês do ano foram licenciadas 91.664 motocicletas, uma alta de 1,1% em relação a janeiro de 2019 (90.704 unidades). Em dezembro, houve um recuo de 2,6% com 94.086 motos produzidas. Com 22 dias úteis, a média diária de vendas em janeiro de 2020 foi de 4.167 unidades. Segundo a Abraciclo, essa foi a melhor média de um mês de janeiro desde 2015 (5.174 unidades). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, que também registrou 22 dias úteis, a alta foi de 1,1% (4.123 unidades).

Em relação a dezembro de 2019 (4.952 unidades), que teve 19 dias úteis, houve recuo de 15,9%. A projeção da Abraciclo para este ano é que sejam emplacadas 1.140.000 motocicletas, significando uma alta de 5,8%, na comparação com 2019 (1.077.234 unidades).

Exportações

Em relação às exportações, as dificuldades econômicas enfrentadas pela Argentina, que é o principal mercado consumidor do PIM, ainda é o maior entrave para o setor. De acordo com projeções da Abraciclo, o volume exportado deverá continuar caindo este ano. A previsão é de que sejam enviadas 28.000 unidades para o exterior, volume 27,5% menor ante as 38.614 motocicletas embarcadas em 2019. 

Em janeiro, foram exportadas 1.701 motocicletas, volume 62,8% inferior ante as 4.570 unidades registradas no mesmo mês do ano passado. Na comparação com dezembro de 2019 (3.054 unidades), a queda foi de 44,3%. De acordo com dados do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat analisados pela Abraciclo, o principal destino foi a Argentina, com 1.890 unidades, o que correspondeu a 62,7% participação em relação ao total exportado pelo setor.

Em segundo lugar, ficaram os Estados Unidos (575 unidades e 19,1%), seguido pelo México (192 unidades e 6,4%).

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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