O desemprego e a informalidade seguem em alta no Amazonas. A quantidade de amazonenses na fila do desemprego voltou a aumentar no último trimestre de 2022, embora o ano tenha fechado com números melhores do que os de 2021. A taxa de desocupação voltou à casa dos dois dígitos, ao subir de 9,4% para 10% ante os três meses anteriores, passando de 183 mil para 196 mil pessoas. O confronto com os dados do mesmo período do exercício anterior (13,1% e 252 mil), no entanto, mostrou resultado melhor. Com isso, o Estado voltou a apresentar índice de pessoas buscando emprego maior do que o da média nacional (8,7%) – que encolheu em ambas as comparações.
Em contraste, o nível de ocupação da mão de obra caiu de 57,1% (1,77 milhão) para 56,2% (1,76 milhão) da população amazonense apta ao trabalho, na virada trimestral. Em relação ao mesmo período de 2021 (55% e 1,70 milhão), houve alta de 5,3%. A maior parte dos setores marcou estabilidade, com exceção dos serviços, que mostraram perdas substanciais nas atividades de informação, comunicação, financeira e imobiliária, além dos serviços domésticos e da construção. É o que revelam os dados mais recentes da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, calculados e divulgados pelo IBGE.
Apesar da redução da oferta, a proporção de amazonenses trabalhando sem carteira assinada se manteve praticamente no mesmo patamar. A taxa de informalidade passou de 57,1% para 57%, na comparação entre o terceiro e o quarto trimestres de 2022. A boa notícia é que ainda é a mais baixa taxa registrada pelo Estado desde o terceiro trimestre de 2020 (56,7%) – no primeiro ano da pandemia. O problema, no entanto, permanece estrutural e o Estado continua com o terceiro maior índice de pessoas trabalhando sem carteira assinada, perdendo apenas para o Pará (60,8%) e o Maranhão (57,4%).
Capturada em um período de baixa nos indicadores da pandemia, mas com a economia já em modo de espera em meio aos tumultos pós-eleitorais e à perda do bônus deflacionário conferido pelos estímulos federais, a taxa média de desocupação do Amazonas (10%) subiu da 12ª para a oitava posição no ranking nacional. Bahia (13,5%) e Rondônia (3,1%) ficaram nos extremos da lista. A taxa média de desocupação do Brasil foi de 7,9%, com queda de 0,8 ponto percentual. O percentual de pessoas na fila do desemprego aumentou para 12,4% em Manaus (11,8%), superou a média do Estado, e passou a ser o quinto maior do país, entre as capitais.
Informalidade predomina
No quarto trimestre de 2022, o Estado contava com 3,13 milhões habitantes com 14 anos ou mais – idade apontada pelo IBGE como apta ao trabalho –, em uma população total estimada em 4,18 milhões. O número de pessoas que estava trabalhando ou buscando emprego era de 1,96 milhão, uma quantidade estatisticamente igual à do trimestre anterior, embora maior do que à apresentada um ano atrás (1,92 milhão). A quantidade de amazonenses fora da força de trabalho foi de 1,17 milhão, mais do que nos três meses anteriores (1,15 milhão), ou em intervalo do ano passado (1,15 milhão).
A maior parte da população ocupada no Amazonas estava empregada no setor privado (642 mil) – com exceção dos trabalhadores domésticos. O dado representa alta de 1,10% ante os três meses anteriores (635 mil) e alta de 14,85% em relação ao mesmo trimestre de 2021 (559 mil). Em torno de 409 mil trabalhavam com carteira assinada e 234 mil, sem carteira assinada – sendo que apenas este último grupo aumentou. A maioria esmagadora dos trabalhadores domésticos não contava com qualquer registro em assinada de trabalho – 61 mil dos 69 mil dos ocupados na função.
Em torno de 267 mil atuavam no setor público, mas apenas uma minoria (9.000) tinha registro celetista, enquanto os demais (119 mil) estava na informalidade, ou pertenciam ao grupo de militares ou funcionários públicos estatutários (139 mil). Outros 562 mil (31,91% dos ocupados) trabalhavam por conta própria, no Amazonas, 2,26% menos do que nos três meses anteriores 7,11% abaixo da marca do mesmo período de 2021. Em torno de 93,06% (523 mil) dos empreendedores não tinha CNPJ. A quantidade de empregadores se estabilizou em 55 mil, sendo que 21 mil, ou 38,18% do total, eram informais.
Atividades e rendimentos
O grupo que reúne comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (345 mil) cresceu 3,3% frente ao trimestre anterior e se manteve como o setor que empregou mais pessoas no Amazonas. Foi seguido pelos serviços de administração pública, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (320 mil), pelas atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (311 mil), e pela indústria (204 mil), e construção (105 mil).
O grupo de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas foi o que perdeu mais ocupações no confronto trimestral (-19 mil vagas), seguido pela construção (-10 mil) e serviços domésticos (-9.000). Na comparação com acumulado de outubro a dezembro de 2021, foram verificados progressos em praticamente todos os segmentos, com exceção da construção (-9,48%) e dos serviços de transportes, armazenagem e correios (-2,06%).
O “rendimento médio real” dos trabalhadores do Amazonas foi de R$ 2.143, ficando 1,9% acima do número capturado no trimestre anterior e 13,2% maior do que um ano antes. Já a massa de rendimentos – que reflete o quanto os salários brutos dos trabalhadores contribuíram para a economia local – alcançou R$ 3,42 bilhões, ficando estatisticamente estável ante os três meses anteriores (R$ 3,41 bilhões) e 17,8% mais elevado do que o patamar do quarto trimestre de 2021.
Patamar pré-pandemia
A gerente de Planejamento e Gestão do IBGE-AM, Alessandra do Nascimento, destacou que houve melhora no cenário de trabalho na comparação com 2021, e que ela aconteceu em todos os Estados e no Distrito Federal. “No Amazonas, foram contabilizadas 55 mil pessoas a menos classificadas como desocupadas, e 89 mil a mais como ocupadas em alguma função. O rendimento médio de todos os trabalhos também aumentou. Houve ainda uma redução no número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, em relação ao trimestre anterior. Foram 31 mil pessoas a menos, ou 27,5% de queda”, listou.
Em texto veiculado pelo site da Agência de Notícias IBGE, a coordenadora de Trabalho e Rendimento do órgão, Adriana Beringuy, frisou que o resultado anual em todo o país foi o menor desde 2015. “Isso mostrando que o mercado de trabalho não apenas confirma a tendência de recuperação após o impacto da pandemia da COVID-19, como ultrapassa o patamar pré-pandemia. O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação. Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 p.p.”, concluiu.