17 de setembro de 2024

Mais recordes para duas rodas

A indústria de motocicletas do PIM renovou recordes de produção e vendas, em maio. Dispondo de dois dias úteis a menos, o Polo Industrial de Manaus fabricou 160.389 motocicletas e desacelerou frente abril (163.402) em 1,8%. O segmento, no entanto, alcançou resultado 3,4% superior ao patamar registrado em igual intervalo do ano passado (117.149), na melhor marca para o mês desde 2012. Com isso, o polo motorizado de duas rodas consolidou incremento de 13,8% nos cinco meses iniciais de 2024, com 761.734 unidades fabricadas, e o melhor número dos últimos 13 anos.

Em sintonia, os emplacamentos já avançaram 19,9% no acumulado do ano, atingindo a marca de 767.281 unidades comercializadas, sendo esta a melhor performance desde 2008. Já as exportações voltaram a declinar em todas as comparações e fecharam o resultado parcial de 2024 com queda de 20,4% (13.503). Os dados foram divulgados nesta terça (11), pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). A entidade manteve as projeções para 2024, tanto de produção (+7,4% e 1,69 milhão de unidades), quanto de licenciamentos (+7,5% e 1,70 milhão) e vendas externas (+6,3% e 35.000).

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Abraciclo, o presidente da entidade, Marcos Bento, asseverou que todas as associadas cumprem o planejamento para atender a demanda do mercado, que prossegue como tendência de alta. “O polo de motocicletas em Manaus mantém seu ritmo de produção e de investimentos para atender aos novos consumidores e àqueles que querem trocar suas motocicletas por modelos mais atualizados e com mais recursos tecnológicos”, afirmou.

Durante a mais recente entrevista coletiva convocada pela entidade em abril, o presidente da Abraciclo salientou que a o subsetor espera conseguir evitar novas perdas na vazante deste ano e que os associados estão tomando medidas nesse sentido. Também mencionou que está de olho nas discussões sobre reforma Tributária no Congresso, para garantir a segurança jurídica conquistada pela ZFM no texto da Emenda Constitucional 132, aprovada em dezembro do ano passado. “A Abraciclo tem acompanhado e trabalhado ativamente, com o objetivo de assegurar a competitividade do segmento de duas rodas”, afiançou.

Varejo aquecido

O volume de motos do Polo Industrial de Manaus comercializado no varejo interno recuou 3,4% entre abril (170.346) e maio (164.533), em função dos feriados do Dia do Trabalho e de Corpus Christi. Mas, a comparação com o quinto mês do exercício anterior (161.505) apontou para uma elevação de 1,9%, e a melhor performance para o mês desde 2011. De janeiro a maio, o polo de motocicletas da ZFM vendeu 767.281 unidades em todo o país, 19,9% a mais do que o patamar atingido em igual acumulado do ano passado. Foi a melhor marca das montadoras para o período, nos últimos 16 anos.

O Sudeste concentrou 38,8% (230.800) da demanda por motocicletas no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024. Na sequência estão as regiões Nordeste (29,9% e 177.400), Norte (13,1% e 77.900), Centro-Oeste (10,5% e 62.400) e Sul (9,1% e 54.300). Assim como ocorrido em anteriormente, a maior taxa de crescimento de volume comercializado, no confronto com igual período de 2023, veio do Centro-Oeste (+34,5%), seguido a alguma distância pelas unidades federativas da região Norte (+27,9%).

Motos de baixa cilindrada (até 160) representaram 79% (602.000) da oferta do acumulado anual. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por 18,1% (138.000) e atingiram a maior alta de demanda (+17,1%). Os veículos acima de 450 cilindradas corresponderam a 2,8% (21.700) – e declinaram 2,3%. A categoria Street respondeu por 48,6% (370.200), sendo seguida pela Trail (19,5% e 148.400) e Motoneta (17% e 129.400), entre outras. Em torno de 65,4% (497.900) é de modelos bicombustível (etanol/gasolina), e os 34,6% restantes (263.800) são movidos exclusivamente a gasolina.

Durante a coletiva, Marcos Bento disse que o segmento de motocicletas elétricas é “importante” e está “na pauta dos fabricantes”. “Esse mercado representa 0,5%. Acredito que essa é uma tendência dos lançamentos ao redor do mundo, em marcas que também estão presentes no Brasil. Mas, essa é uma opção de cada fabricante”, comentou.

Segmento otimista

O desempenho positivo de maio foi sustentando pelas maiores montadoras instaladas no PIM. Segundo a Abraciclo, a Yamaha cresceu 7,77% no mês (31.442) e 12,40% no acumulado do ano (154.352). A projeção para 2024 é de uma alta de 7% na produção. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o executivo responsável pelas Relações Institucionais da Yamaha, Rafael Lourenço, disse que o balanço do ano é positivo, pois o mercado ainda apresenta tendência de alta

“Os números estão dentro do esperado para e o segmento segue otimista para 2024. Alguns fatores que explicam o crescimento da motocicleta como alternativa de mobilidade para o brasileiro são o custo de aquisição e manutenção, a economia nos gastos com combustível e a agilidade no trânsito das grandes cidades brasileiras. Outra variável relevante é o crescimento do mercado de entregas por aplicativo que, consequentemente, faz com que aumente também a demanda por motocicletas”, apontou.   

Rafael Lourenço assinala que a expectativa é de consolidação de “mais um ano de crescimento” e garante que a montadora está fazendo o possível para se posicionar no mercado. “Nos últimos anos a Yamaha tem lançado no mercado brasileiro motocicletas premium, com design diferenciado e muita tecnologia embarcada. O último lançamento aconteceu no Festival Interlagos, na semana passada. Lançamos no Brasil a icônica Ténéré 700, motocicleta inspirada nas maiores campeãs de rallys ao redor do mundo e que era muito aguardada pelos fãs brasileiros do off road”, adiantou.

A base de dados da Abraciclo informa que a produção da Moto Honda avançou 1,68%, na variação anual de maio (121.980), e de 14,73%, no acumulado de 2024 (578.620). Na mais recente resposta encaminhada à reportagem do Jornal do Commercio, a assessoria de imprensa da fábrica informou que a meta de crescimento para 2024 é de 10%. “A empresa mantém investimentos constantes para a qualidade do negócio no longo prazo e segue acreditando na relevância da motocicleta para a sociedade”, encerrou.

Exportações continuam encolhendo

As exportações sofreram um novo tombo em maio. Foi registrado uma queda de 44,3%, entre abril (2.648) e maio (1.476), e uma retração de 51,1%, frente ao mesmo mês de 2023. As vendas externas fecharam o acumulado do ano com baixa de 20,4% e apenas 13.502 unidades embarcadas. A Abraciclo não informou quais foram os principais destinos da produção do PIM. Dados do portal Comex Stat revelam que, em cinco meses, os principais mercados para a exportação de motocicletas ‘made in ZFM’ foram Argentina (US$ 17.93 milhões), Estados Unidos (US$ 13.28 milhões) e Peru (US$ 10.52 milhões), em uma lista de 25 países.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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