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Marcelo pretende disciplinar o Centro

A Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) deu início, nesta segunda (1º), a uma série de entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Manaus. Intitulada “Manaus em Foco”, e veiculada pelo podcast “Caminhos do Comércio” a primeira edição da série especial foi dedicada a uma entrevista com o ex-deputado federal e pré-candidato à gestão da Prefeitura de Manaus, Marcelo Ramos (PT). 

O entrevistado conta com um histórico recente e intenso de participações no cenário político amazonense. Ramos assumiu vaga de vereador em 2007, foi deputado estadual em 2011, disputou o governo do Estado em 2014, e concorreu à prefeitura em 2016. Em 2018, foi eleito deputado federal, mas não conseguiu se reeleger no pleito de 2022. Na conversa com os empresários, o pré-candidato apresentou suas propostas para organização e revitalização do Centro, transporte público, turismo e saneamento básico, entre outros assuntos.

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, abriu a entrevista do programa inaugural da série, destacando que a entidade pretende ouvir todos os ‘prefeituráveis’ deste ano. “Temos todo o interesse em recepcioná-lo, conhecer seus projetos. Isso é muito importante porque tem uma extensão muito além de estarmos falando em nome de todos os empresários do setor. seja muito bem-vindo”, declarou.

O pré-candidato respondeu, salientando a importância do comércio e dos serviços do Amazonas, lembrando que as atividades geram em torno de 364  mil empregos de carteira assinada na região, recolhem R$ 8,50 bilhões em ICMS (60,90% do total), além de contribuir com mais de R$ 70 bilhões para o PIB amazonense. “Esse diálogo é importante, pois envolve um setor fundamental para o desenvolvimento de nossa cidade”, afiançou. 

Revitalização do Centro

Indagado sobre suas propostas para organização e revitalização do Centro de Manaus, Ramos disse que tais ações estão ligadas ao resgate da história de Manaus, mas também com a economia regional, em especial o comércio e o turismo. “Defendo um serviço básico. Primeiro, temos que ter uma equipe específica de zeladoria, que todo dia vá fazer o trabalho de limpeza, pintura, consertos e cuidado do ambiente do Centro. É uma missão básica”, asseverou.

O segundo desafio, conforme o ex-deputado federal, é o de organização do comércio ambulante. “Não dá para o comerciante, que paga tributo e gera emprego com carteira assinada, ter de ficar brigando pela frente do comércio dele. Precisamos organizar, transformando em MEI, ou instituindo trabalho fardado. Existem algumas experiências, como os outlets nos EUA, fazendo pequenos quiosques, que desocupem as frentes das lojas, com o pacto de que o comerciante também vai tirar seu mostruário”, propôs.

O político argumenta que a prefeitura deve “induzir moradia” para o Centro de Manaus. “Isso tem relação com os projetos de retrofit e já temos dois em andamento, no prédio da Quintino Bocaiuva e no antigo prédio da Receita Federal. Assim, você estimula o comércio e resolve um outro problema, que é o de mobilidade urbana. Quem mora no Centro tem perto o emprego, o hospital, a escola e o local onde se paga as contas. Isso diminuiu a necessidade de deslocamentos e gera inteligência para a cidade”, explanou.

Citando o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, o pré-candidato disse que pretende fazer uma “acupuntura urbanística” no Centro. “Ele dizia que, ao revitalizar um pedaço da cidade, isso iria induzir o entorno. Um exemplo é o Largo São Sebastião, que era extremamente degradado e perigoso. O Estado entrou revitalizando, e aquilo está irradiando no entorno. Já há hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes no local, que talvez seja o mais seguro no Centro. Não porque tem polícia, mas porque é iluminado, limpo e organizado. Temos que fazer esse trabalho também a partir das praças da Matriz, Remédios, Paço Municipal”, exemplificou.

Questionado sobre propostas para “negociar com os governos estadual e federal” para que a ZFM possa voltar a contribuir para a atração de turistas, Marcelo Ramos disse que não é possível retornar ao passado. “O mundo de hoje não permite as barreiras comerciais que o Brasil impunha até o governo Collor [1990-1992]. Isso não vai votar, até porque estamos na regulamentação de uma reforma Tributária. Vamos ter de estimular o comércio a partir da indução do turismo, organizando o Centro, criando mais espaços de visitação, e dando mais qualidade de atendimento em hotéis, bares e restaurantes”, justificou.

Transporte e saneamento

Ao falar de mobilidade urbana, o ‘prefeiturável’ lembrou que foi gestor da pasta de Transporte Coletivo, no governo do ex-prefeito Serafim Corrêa (2005-2009), e presidente da Comissão de Transportes da Aleam. “É um tema tentador à apresentação de soluções fáceis. Mas a resposta passa necessariamente pelo aumento da velocidade média da frota, que hoje é de 12 quilômetros por hora. E ônibus lento também é demorado, desconfortável e caro. Precisamos de corredores exclusivos para ônibus, como é feito em todo o mundo, além de sinalização inteligente”, diagnosticou, acrescentando que o município não tem recursos próprios e precisa de parcerias com os governos federal e estadual.

Marcelo Ramos destaca que o planejamento da cidade também se faz necessário para minimizar o imbróglio. “Se o município induzir, além da moradia no Centro, que um bairro tenha banco, loteria, ou agência de Correios, diminuiu a quantidade de pessoas que pega um ônibus para pagar uma conta, e não sabe usar internet. Além disso, estamos estudando de instituir uma tarifa reduzida para o Centro, no sábado. Dessa forma, você resgata o comércio. Estudamos também outra tarifa reduzida no domingo, para a Ponta Negra, que é o único espaço coletivo de lazer de Manaus”, adiantou.

Perguntado a respeito de um projeto de lei que permite a instalação de dois cassinos no Amazonas, o politico disse que o problema é regulação, já que o jogo já é uma realidade no dia a dia brasileiro. “Talvez um mecanismo como esse possa ajudar na recuperação do papel do Tropical Hotel. Imagine você ter um hotel de selva, com o charme que isso já tem, agregado à possibilidade de jogo, para quem gosta. Isso pode ser um indutor de turismo para a região”, comentou.

Sobre saneamento básico, o ex-parlamentar defendeu que o Igarapé do Mindu deve seja um exemplo e o primeiro a ser recuperado em sua eventual gestão, inclusive concedendo incentivos de IPTU em “pactos com a sociedade” para envolvê-la na iniciativa. Enfatizou ainda que a cobertura de coleta de esgoto atualmente não passa de 27% da cidade, e que os igarapés devem ser recuperados. “Talvez eu não seja preciso, mas as metas no contrato preveem que o alcance chegue a 60% até 2027, e 90%, até 2033. É um prazo muito elástico, então a primeira medida é repactuar com a concessionária. A segunda, é separar de forma clara que só vale coleta com tratamento”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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