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Menos emprego, mais faturamento

Em dez anos, a indústria do Amazonas multiplicou seus ganhos, apesar das crises. Entre 2013 e 2022, seu valor de transformação industrial do Amazonas salto de R$ 33,9 bilhões para R$ 62,7 bilhões, uma diferença de 54,06%. No mesmo período, a receita líquida das empresas escalou 115,4%. Em contraste, a quantidade de empregos caiu 20,90%, de 139.027 (2013) para 109.967 (2022), embora o setor venha recuperando musculatura nas contratações para o setor, nesta década. O crescimento industrial do Estado, contudo, ficou abaixo da média da região Norte, em todos os quesitos. 

Em paralelo, apesar da expansão de faturamento, lucro e valores de produção, o número de unidades fabris locais – que incluem filiais de uma mesma empresa – encolheu 12,4% entre 2013 (1.269) e 2022 (1.112), embora a tendência dos três últimos anos tenha sido de recuperação. E, apesar da retração na quantidade de empregos, o somatório de salários, retiradas e outras remunerações subiu 33%, ao passar de R$ 4,15 bilhões (2013) para R$ 5,52 bilhões (2022). É o que revela a PIA (Pesquisa Industrial Anual), do IBGE.

A mesma base de dados confirma ainda a vocação do Amazonas na indústria de bens de consumo duráveis. Com 1.112 unidades locais industriais, o Amazonas contava com apenas 1,41% do total nacional (194.944), enquanto a região Norte detinha 2,8%. Mas, seus produtos em destaque vêm de linhas de produção concentradas exclusivamente na ZFM – como televisores (receita líquida de R$ 15,4 bilhões) e motocicletas (R$ 13,8 bilhões) – ou que estavam majoritariamente no parque industrial de Manaus, como celulares/smartphones (R$ 15,8 bilhões). 

Valores e receitas

O valor bruto da produção da indústria do Amazonas (R$ 165,5 bilhões) equivaleu a 46,7% do total regional (R$ 354.8 bilhões) e seu valor de transformação (R$ 62.7 bilhões) representou 45% do total obtido pelos Estados nortistas (R$ 137.6 bilhões). As indústrias de transformação foram o principal motor do crescimento do setor em âmbito local (+84,82% e R$ 59,7 bilhões). Os destaques vieram dos segmentos de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+100% e R$ 18,2 bilhões) e derivados do petróleo e biocombustíveis (+140,5% e R$ 8,9 bilhões)

De 2013 a 2022 a receita líquida das unidades locais industriais, no Amazonas, aumentou em 115,4% e correspondeu a 49,5% do total dos Estados Nortistas. Na região Norte como um todo, o aumento foi ainda maior chegando a 159%. As indústrias extrativas tiveram elevação de 231% e as indústrias de transformação alcançaram incremento de 114,1%. Os destaques locais vieram de derivados do petróleo e de biocombustíveis (+133,4%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+106,2%).

Os principais produtos industriais do Amazonas, em termos de valor de produção, foram os televisores, incluindo “Smart TVs” (R$ 21,2 bilhões). Em segundo lugar, estavam os celulares, incluindo “Smartphones” (R$ 16,5 bilhões). Na terceira posição vieram as motocicletas, incluindo motociclos, com motor de pistão alternativo, entre 50 e 250 cilindradas (R$ 13,7 bilhões). “Esses produtos destacam-se significativamente no cenário industrial do Amazonas e, consequentemente, uma parte substancial da economia industrial do Estado”, assinalou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

A receita líquida de vendas foi maior no Amazonas (R$ 186,2 bilhões), seguido pelo Pará (R$ 151,4 bilhões) – que tem mais peso na indústria extrativa de minérios. O valor bruto da produção industrial local também foi maior no Estado (R$ 167.5 bilhões), superando o registro da unidade federativa vizinha (R$ 150,6 bilhões). Também registrou o maior dado de custos das operações industriais no Norte (R$ 104.72 bilhões). O valor da transformação industrial, entretanto, foi mais alto no Pará (R$ 66,6 bilhões) do que na indústria amazonense (R$ 62,7 bilhões). 

Empregos e salários

As 1.112 unidades locais industriais do Amazonas contavam com 109.967 trabalhadores ativos em 2022, o equivalente a 1,41% do total nacional (7.777.403) e 38,6% dos Estados nortistas (284.720). A atividade com maior quantidade de pessoal ocupado foi a indústria de transformação (107.951), com destaque para o subsetor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos” (30.471 ou 27,7% do total).

O IBGE-AM destaca que, embora o número de trabalhadores seja menor, passou por “recuperação gradual” nos últimos anos. Entre 2013 (139.027) e 2016 (93.495), a mão de obra sofreu um corte de 32,75%, em função de três anos seguidos de recessão. “A partir de 2017, iniciou-se uma lenta recuperação, com o pessoal ocupado subindo para 94.559, em 2018, e chegando a 97.575, em 2020. Em 2021, houve um crescimento mais acentuado, atingindo 106.431 pessoas ocupadas. Finalmente, em 2022, o número de pessoal ocupado alcançou 109.967, representando um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior, destacando uma retomada contínua do emprego industrial na região”, pontuou o texto.

Em termos de salários, retiradas e outras remunerações o Estado alcançou R$ 5,5 bilhões, superando o Pará (R$ 4,9 bilhões) e representando 44,35% da região Norte (R$ 12,4 bilhões) – mas, apenas 1,42% do Brasil (R$ 387,9 bilhões). Nos encargos sociais e trabalhistas, o Estado respondeu por 55% do total regional (R$ 4 bilhões).

As atividades industriais que tiveram maior quantidade e índice de crescimento de massa salarial foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+7,69% e R$ 1,4 bilhão); “outros equipamentos de transporte”/duas rodas (+53,20% e R$ 1.1 bilhão) e bebidas (+17,11% e R$ 179,3 milhões). Já o segmento de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-8,69% e R$ 66.2 milhões) foi na direção inversa.

Automação e desburocratização

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressaltou à reportagem do Jornal do Commercio que a tendência de contratações no setor é declinante. “Os dados da série histórica mostram que, embora a indústria tenha aumentado o número de pessoal ocupado, fica cada vez mais claro que não voltará ao patamar de 2013. Há diversos argumentos para isso. O principal é que o setor investiu fortemente na automação, e conseguem produzir mais, ocupando menos mão-de-obra”, justificou.

O consultor do Cieam, André Costa, confirma que a intensidade de mão de obra no PIM tende a diminuir, enquanto a demanda aumenta, mas aponta medidas compensatórias. “Uma vez que, cada dólar faturado, ou cada unidade monetária investido, vai gerar menos emprego na indústria, a solução é adensar as cadeias produtivas e viabilizar o maior número possível de projetos de estabelecimentos. Mas, nosso sistema de aprovação de incentivos têm a mesma estrutura de 2003. Temos de propiciar um ambiente de negócios que atraia mais investimentos, e a solução é reduzir o tempo de análise de projetos, que costuma levar cerca de dois anos. Tempo é dinheiro”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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