As mulheres passaram a ser maioria no Amazonas. No ano passado, o contingente feminino somava 1.975.803 pessoas, respondendo por 50,1% da população (3.941.613), conforme a segunda apuração do Censo Demográfico 2022, do IBGE. Os homens, que dominaram as edições anteriores do Censo, por mais de 80 anos, responderam pelos 49,9% (1.965.810) restantes. De 2010, ano do Censo anterior, a 2022, a quantidade de mulheres aumentou 14,15% e a masculina subiu 12,13%. Entre os municípios amazonenses, elas predominam em Manaus e eles, em Canutama.
A sondagem confirmou também uma queda de 19,9% da população de zero a 14 anos, de 1980 para cá, em paralelo com uma progressão da população idosa. O Estado conta ainda com 731 habitantes com 100 anos ou mais anos de idade. Mesmo assim, o Amazonas ainda é o segundo Estado mais jovem do país, com 27,3% de sua população com menos de 15 anos de idade, e também o segundo com a menor proporção de idosos, com 5,9% com mais de 65 anos. Perde apenas para Roraima. Careiro da Várzea é o município amazonense com o maior índice de envelhecimento, enquanto Japurá tem o menor.
O Estado acompanhou a média nacional. O Brasil contabilizou uma população de 203.080.756 pessoas, sendo 94.532.431 homens (48,5%) e 104.548.325 mulheres (51,5%), apontando uma diferença maior do que a do Amazonas. Essa foi a tendência identificada em todas as cinco regiões do país –incluindo o Norte –e 23 das 27 unidades federativas do país –as exceções vieram de Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Acre. A pesquisa mostrou ainda que o percentual de homens é maior em Estados de 5.000 até 20.000 habitantes.
A pirâmide etária também se inverteu em todo o país, nesse período. Em 2022, o total de brasileiros com 65 anos ou mais (22.169.101) chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 14.081.477, ou 7,4% da população. Já o total de crianças com até 14 anos de idade recuou 12,6% na mesma comparação, passando de 45.932.294 (24,1%), para 40.129.261 (19,8%). Nesse período, a idade mediana dos habitantes do Brasil aumentou 6 anos e atingiu os 35 anos em 2022.
Mortalidade menor
O Amazonas tinha, de acordo com o Censo 2022, uma razão de 99,5 homens para cada 100 mulheres, uma diferença de 10 mil pessoas. O IBGE explica que esse indicador confirma predominância de mulheres em relação aos homens, quando está abaixo de 100, e vice-versa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística destaca também que, em função do envelhecimento demográfico no Estado e no país, é esperado que o número de homens seja gradualmente menor que o número total de mulheres, já que estas apresentam índices menores de mortalidade durante todas as etapas da vida.
Na contramão da tendência registrada no Estado e no Brasil, o município amazonense de Canutama (115,3), se destaca com a maior proporção de homens em relação às mulheres. Em contrapartida, Manaus (93,8) é o município do Amazonas com o menor valor para esse indicador, evidenciando a sobreposição da população feminina em relação à população masculina. Na capital, há 66.005 mulheres a mais do que homens.
O Acre, com razão de 100,2 homens para cada 100 mulheres, é o Estado da Amazônia Legal mais equilibrado entre os gêneros. Os homens superam as mulheres em Mato Grosso (101,3); Roraima (101,3) e Tocantins (100,4). No Norte, 50,1% da população é feminina e 49,9%, masculina, sendo essa a menor diferença apresentada pelas regiões brasileiras. A maior predominância de mulheres está no Sudeste (51,8% contra 48,2%, respectivamente), seguida pelo Nordeste (51,7% contra 48,3%).
Pirâmide invertida
Assim como ocorrido na maior parte do país, o Amazonas confirmou um alargamento no topo de sua pirâmide etária e o estreitamento de sua base. A participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 2,5% em 1980 e 4% em 2010, no total de homens e mulheres, chegou a 5,9%, no ano passado. Já o grupo de crianças de 0 a 14 anos, que representava 47,2% dos habitantes há mais de quatro décadas, já desceu para 33,2% no Censo anterior e caiu para 27,3%, em 2022.
O Estado acompanhou a tendência da região Norte que, em 1980, tinha patamar elevado de fecundidade média, com mais de seis filhos por mulher – contra quatro, na média nacional. “Embora a fecundidade nessa região também tenha se reduzido ao longo do tempo, o estreitamento da base da pirâmide será visto somente a partir de 1991. A população com até 14 anos, recuou de 46,2% para 25,2%. Já a proporção de idosos passou de 2,8% para 7%”, destacou o IBGE-AM, no texto de divulgação do levantamento.
Com isso, o índice de envelhecimento do Estado foi de 21,7, indicando 21,7 idosos para cada 100 crianças. O aumento desse contingente em 12 anos foi de 9,5%, no Amazonas. O IBGE explica que, quanto maior o indicador, mais envelhecida é a população – na média brasileira, ele chegou a 55,2. O Estado mais jovem é Roraima, com 29,2% da população com menos de 15 anos. As maiores proporções de habitantes com 65 anos ou mais estão no Rio Grande do Sul (14,1%), Rio de Janeiro (13,1%) e Minas Gerais (12,4%).
O Censo 2022 também encontrou 731 amazonenses com 100 anos ou mais de idade. Manaus possui a maior quantidade (206), seguida de Borba (42), Itacoatiara (32), Parintins (31). Proporcionalmente, Borba possui a maior quantidade de pessoas centenárias com 0,13%; seguido de Nova Olinda do Norte (0,10%) e Urucurituba (0,9%).
Políticas públicas
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, explicou os dados de distribuição da população por idade e sexo dão subsídios para o cálculo de indicadores que permitem avaliar as mudanças e tendências do perfil demográfico da população. “Essa informação é um poderoso instrumento para subsidiar o planejamento de políticas públicas que visam as necessidades de grupos específicos. E também fornece parâmetros balizadores a serem considerados nos processos de avaliação de diversos programas sociais e econômicos”, ressaltou.
O pesquisador reforça que, pela primeira vez na história dos Censos, as mulheres são maioria no Amazonas. “Há diversas razões para isso, e é esperado que o número de homens seja gradualmente menor que o das mulheres. Na maioria dos municípios amazonenses ainda há preponderância da população masculino. No caso de Manaus. Desde 2010 que o Censo verifica a maioria da população formada por mulheres”, frisou, acrescentando que um dos possíveis motivos para o diferencial da capital está ligado à violência urbana e sua maior incidência estatística no contingente masculino.
Adjalma Nogueira Jaques observa ainda que o estreitamento da base da pirâmide etária e o alargamento do seu topo resultam da relação entre o processo de redução da fecundidade e mortalidade e a variação do saldo migratório da população, ao longo dos anos. “Há diversas razões para isso, e é esperado que o número de homens seja gradualmente menor que o número total de mulheres, já que essas apresentam, na média, menor mortalidade durante todas as etapas da vida”, arrematou.