A aproximação da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém, tem mobilizado empreendedores dos municípios de Belterra, Santarém, Mojuí dos Campos e o Distrito de Alter do Chão, no estado do Pará. O Sebrae Nacional, em parceria com o Sebrae Pará e as demais unidades da região, já trabalham para implementar um novo modelo de desenvolvimento econômico na Amazônia capaz de integrar investimentos com iniciativas sustentáveis da região e potencializar o ambiente de negócios no Baixo Amazonas em uma perspectiva de mutualismo com a floresta.
E para gerar esse impulsionamento aos empreendedores amazônicos, o Sebrae está realizando um roteiro de visitação a negócios, gestores e pessoas nos municípios da região do Baixo rio Amazonas. A equipe de visitas iniciais foi formada pelo diretor-técnico do Sebrae, Bruno Quick; o diretor-superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno; o gerente regional do Sebrae do Baixo Amazonas, Paulo Dirceu; o gerente de competitividade nacional e conselheiro do Sebrae Pará, Fábio Krigier; o gerente adjunto da Unidade de Acesso a Mercado, Ivan Tonet e a coordenadora nacional de Biomas e Bioeconomia, Newman Costa.
A reunião foi pautada pela expectativa da COP da Floresta – como está sendo chamada a COP 30 – e um diálogo sobre como a administração pública e o Sebrae podem cooperar para imprimir na região pilares de interesse e de colaboração para posicionar Santarém como protagonista nessas discussões.
O diretor-superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno, lembrou que o Sebrae está nos 144 municípios do estado e desta forma, pretende acelerar os processos de bioeconomia tendo a Amazônia como grande referência.
Instituto Amazônia 4.0
Após a reunião, a comitiva do Sebrae seguiu para o município de Belterra – distante 49km de Santarém – para conhecer a sede do Instituto Amazônia 4.0 que tem como idealizadores Ismael Nobre e Sônia dos Santos. A iniciativa une conhecimentos tradicionais à ciência e à indústria em biofábricas móveis, os Laboratórios Criativos da Amazônia (LCAs) e desenvolve métodos avançados para transformar insumos amazônicos em produtos de alto valor agregado, além de inserir moradores locais promovendo a capacitação.
Para reforçar o poder que a orientação e a capacitação do Instituto exerce no lado empreendedor das pessoas que profissionaliza, Ismael contou a história de Selma Ferreira, uma agricultora que faz parte da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra (Amabela) e que com a orientação do Instituto conseguiu estruturar a sua produção de Cupulate – chocolate feito da semente do cupuaçu. Desta forma, a associação só de mulheres impulsionou ainda mais o empreendedorismo feminino das agricultoras que hoje têm mais um produto beneficiado para vender nas feiras, gerar renda às suas famílias e garantir a autonomia financeira.
Conexão de ciência, indústria e natureza no MuCA
Projetos que unem saberes tradicionais e ciência de ponta, com impulsionamento do desenvolvimento sustentável e a bioeconomia. Este é o Museu de Ciência da Amazônia (MuCA), também localizado em Belterra, a poucos metros do Instituto Amazônia 4.0. O espaço foi o terceiro local visitado pela comitiva do Sebrae.
O MuCA, assim como um museu, possui um acervo, mas este é diferenciado, agrega uma amostra da biodiversidade da Floresta Nacional do Tapajós e também coloca a educação e o conhecimento científico como estratégias de conservação da natureza. Para Luiz Moura, coordenador geral do Museu, a ideia é ser um grande receptivo de produtos e serviços. “Temos iniciativas que valorizam a cultura da Amazônia e queremos expressar a identidade ancestral por meio do MuCA e contamos com o Sebrae para aprimorar este objetivo.”
A missão do Sebrae prosseguiu no município de Santarém para conhecer dois projetos de pesquisa na Ufopa. O primeiro deles é encabeçado pela professora e pesquisadora Rosa Mourão. Ela atua no Laboratório de Bioprospecção e Biologia Experimental onde, juntamente com seus alunos, trabalha com três grandes linhas de pesquisa: alimentos, óleos essenciais e fixos, e corantes naturais da Amazônia.
O laboratório tem como princípio unir três pontas: pesquisa, emprego e comércio, todos desenvolvidos e com retorno e empregabilidade para a Amazônia. E dentro desta perspectiva, desenvolvem a pesquisa ser comercializada pelas empresas, como a Deverás Amazônia; um case que vende produtos com insumos amazônicos; e a Xibé; moda sustentável com tingimentos naturais.
O segundo projeto que a comitiva do Sebrae conheceu foi a Bionama, uma empresa que trabalha com alimentos e cosméticos naturais, e que foi criada dentro do Laboratório de Biotecnologia de Plantas Medicinais. A iniciativa tem como desenvolvedores a pesquisadora e docente biotecnologista/biomédica Dra. Josiane Almeida; a pesquisadora e docente bióloga Dra. Elaine Oliveira; o empreendedor Gabriel Ranieri; a doutoranda em Biotecnologia Laenir Anjos e o engenheiro florestal Wallacy Barreto.
O empreendimento, fruto de anos de pesquisa, fomenta a bioeconomia com produtos acessíveis e sustentáveis, gerando valor para comunidades e clientes. Trabalham com uma gama de produtos como sabonetes feitos com óleos essenciais, hidratantes regenerativos feitos da manteiga de cupuaçu, brownie feito de Ora-Pro-Nóbis com alto teor proteico, farinha de Uxi Amarelo e farinha de Cumaru.