Faltando poucos dias para o Natal, o comércio varejista espera aquecer as vendas na data comemorativa, principal em termos de renda para o setor. A aposta das entidades de classe é de que, mesmo modesto, o faturamento de fim de ano seja melhor que o de 2015. Segundo os representantes, os imprevistos que estão surgindo e o alto número de inadimplência contribuem para o resultado. Enquanto isso, a maioria dos lojistas estão esperançosos em relação à retomada de confiança dos consumidores e investem em novidades e facilidades na hora de pagar para atrair os clientes mais desconfiados. A expectativa é que a procura por presentes se estenda até o Ano Novo.
De acordo com o presidente da Assembleia Geral e Conselho Superior da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra, mesmo sem a retomada econômica do país por reflexo de questões políticas, os empresários do setor não deixaram de investir no período natalino e se mantêm otimistas. “Podemos dizer que 2016 não foi bem em relação a faturamento e não terá uma retomada forte neste Natal. Mas é claro que estamos confiantes no período e a esperança é que registre um faturamento similar a 2015 ou mesmo um crescimento pequeno, o que será um ganho e tanto depois de um período tão longo de retração nas vendas”, avalia.
Bicharra comenta que este será um Natal de lembrancinhas para a maioria das famílias amazonenses. Ele explica que, devam ocorrer mais transações com valor médio e menor nas lojas. “Os grandes produtos agregados estão sofrendo muito e as pessoas deixam para comprá-los em situações melhores, como eletrodomésticos e eletrônicos. Neste ano, os produtos com valores abaixo de R$ 100 serão a grande saída”. Em 2016, o Natal será celebrado em um domingo e com isso, a expectativa do comércio é que a movimentação de pessoas atrás de produtos se estenda até o Ano Novo.
Ainda segundo o representante da ACA, com o aumento de 50% na inadimplência do consumidor brasileiro neste ano, os lojistas têm buscado se adaptar à realidade de desemprego em alta e queda dos rendimentos das famílias. “Mesmo com um cenário incomum para o varejo, o empresário já está embasado e investiu com muito cuidado em produtos e novidades para fazer o Natal dentro da atual realidade”, disse Bicharra. E completou. “O consumidor vai pagar parte da dívida com o 13° salário, porque ele não tem histórico de dever e aguardamos que a outra venha movimentar o período natalino “, concluiu.
Na avaliação do vice-presidente da Fecomércio (Federação do Comércio do Amazonas) Aderson Frota, estamos vivenciando uma data natalina que ainda não significa a retomada da economia, mas evidencia que as melhorias devem acontecer ano que vem. Com as frustações de datas importantes para o comércio como Dia das Mães e Dia dos Namorados no primeiro semestre do ano, a expectativa é que o pagamento do 13° estimule os consumidores as compras. Frota reforça que, o salário extra pago ao trabalhador em dezembro deve contribuir para o aumento no faturamento do setor no período.
“Este ano, o 13° vai injetar recursos fundamentais para melhorar o astral do comércio e da indústria, porque quando o mercado reage aumenta o otimismo”, disse. Conforme Frota, com o controle da inadimplência e redução do poder de compra dos consumidores, o setor espera resultados modestos em comparação ao ano passado. “Somos a nona economia do mundo e não perdemos o ânimo com essa crise, que gerou desemprego, queda da renda familiar e estagnou a economia.
Mas com a tendência de redução de custos e a solução da inadimplência vamos sentir melhoras de até 1,6% neste Natal, que se de fato tivermos, será motivo de avaliação positiva”, afirma o vice-presidente da Fecomércio.
Vitrines natalinas
No Shop do Pé as vendas já estão a todo vapor. Para o Natal, a rede de calçados investe em variedade e facilidades na hora de pagar. De acordo com o gerente Dilson Pinheiro, as mercadorias podem ser parceladas em 10 vezes sem juros. “Esse ano, a empresa sentiu a crise e investimos em vários itens que estarão mais baratos. Estamos vendendo esperando que o faturamento seja melhor que ano passado e não podemos pensar diferente”, acredita. As lojas contam com produtos masculinos e femininos a partir de R$ 19. Para atrair clientes, a loja também investe em atendimento e conforto.
Na loja do Queima, que vende roupas para os públicos infantil, juvenil e adultos, os valores das peças variam entre R$ 9,99 a R$ 99 e as mercadorias podem ser parceladas em 6 vezes sem juros. Segundo a gerente comercial Elizabeth Cristina a loja opera com variedade de produtos, mas ainda não sentiu o aumento no fluxo de vendas para o Natal. “A nossa expectativa é que aumente na terceira semana representando até 50% de toda a venda do mês”, informa. Conforme a gerente, espera-se que as vendas do período natalino e Ano Novo superem 2015.
O grupo Queima também dispõe de lojas que oferecem descontos o ano inteiro. Duas delas no Centro da cidade (av. Eduardo Ribeiro e Marechal Deodoro), qualquer peça custa R$ 12 com pagamento à vista. O gerente comercial, Idnelto de Oliveira, conta que em razão do valor, as lojas mantêm um bom fluxo de clientes. “Mas depois do dia 20 esperamos um aumento na procura e aguardamos o retorno no dia 29 para o Ano Novo”, afirma.
De acordo com o gerente de marketing da Loja Ramsons, Thiago Resende, as principais intenções de compras no período natalino são os smartphones, televisores, notebooks e tabletes. Segundo ele, todas as lojas da rede estão preparadas e abastecidas. “O movimento estava baixo, mas com a proximidade da data já começa a crescer”, conta. Segundo ele, muitos preços praticados no Black Friday permaneceram. “Tivemos uma boa campanha e itens como uma fritadeira que custa R$ 49 e no Black Friday saiu a R$ 29, nós mantivemos”, adianta. A rede também oferece outras promoções especiais como na compra de celular Galaxi 7, o cliente ganha na hora um celular J3.
Para atrair os consumidores, os lojistas do Centro de Manaus vão ampliar o horário de atendimento entre os dias 16 e 24 deste mês para atender as pessoas que deixaram para fazer suas compras em cima da hora.