24 de novembro de 2024

Navegação fluvial busca soluções logísticas em meio à seca no Amazonas

Um dos grandes obstáculos com relação à logística em Manaus, são os períodos de seca do Rio Amazonas e seus afluentes. Embora o fenômeno natural ocorra anualmente, o cenário climático de 2023 está aquém do esperado. O transporte de cargas, busca contornar os efeitos e minimizar de alguma forma os prejuízos e os impactos, sobretudo com relação a embarcações de grande porte.

A Abac Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem afirmou que as empresas estão preocupadas em manter o atendimento da região e adotam as soluções mais criativas possíveis. A primeira foi a redução do carregamento dos navios, mas isto gera custos para as empresas que precisam repartir este custo adicional. Outra providência foi trazer navios de menor capacidade para operar em linhas entre Manaus e um porto, normalmente Pecém, para então transbordar as cargas para navios maiores, pois esta operação também gera custos adicionais.

“O motivo de estarmos alertando do problema é para que o Governo adote medidas para mitigar o problema este ano e se planeje para os próximos anos para manter o abastecimento da região amazônica”, disse Luis Fernando Resano, diretor-executivo da Abac.

Segundo ele, infelizmente a depender do nível do rio e a existência de passagens seguras nos trechos críticos no limite pode impedir a trafegabilidade de navios Ou seja, as empresas suspenderam o atendimento de novos pedidos pois um ponto de honra da cabotagem é cumprir o acordado e se ficamos sem poder garantir o transporte, preferimos não assumir o compromisso.

É o caso da  Log-In Logística Intermodal que tem conversado há bastante tempo com todos os clientes sobre os riscos da aceleração da seca do rio. Inclusive, disponibilizou o armazém de Manaus, bem como uma solução de armazenamento em contêineres, para clientes que precisarem expedir suas cargas ou eventualmente armazená-las em um estoque avançado. Neste momento em que a situação tende a piorar, a companhia está em negociações com empresas de embarcações menores e que estejam adequadas ao calado do rio para possibilitar a oferta dessas soluções aos clientes.

A condição de seca acentuada na região, há possibilidade, inclusive, de não ocorrer o trânsito de navios por um período a própria Log-in já atua com a suspensão de novos pedidos de envio a Manaus. “De fato, a Log-In considera essa possibilidade pela curva acentuada da seca e da redução do nível do rio prevista para outubro, e sem a possibilidade, ainda, de estimar quanto tempo isso pode durar”.

Segundo a empresa, talvez não tenham entradas de navios na região e a solução para isso seja a descarga do que está a bordo, a utilização de outros portos ou o transporte das cargas para Manaus nessas embarcações menores, enquanto a carga de Manaus faria o sentido inverso.

“Como complemento, o que aconteceu foi um Stop Booking dos navios por conta do backlog que estava ficando em relação à restrição. Entretanto, quanto antes conseguirmos viabilizar a utilização dessas embarcações menores, ou a possibilidade de os navios voltarem a entrar no rio, será realizada a abertura de Booking, que inclusive já foi realizada em alguns casos”, disse.

Cabe enfatizar que além da redução no volume cargas, há um outra preocupação o grande  o encarecimento dos produtos que são destinados a população da região, pois se a indústria se preparou para este período crítico, outros setores mais básicos com de alimentação não podem fazer isto pois são produtos perecíveis.

Reforçando  a logística

A empresa de OTM (Operação de Transporte Multimodal) Costa Brasil, referência em cabotagem, está reforçando as operações no modal rodoviário como forma de amenizar a estiagem e a baixa do nível em rios do Amazonas.

A empresa opera com transportes terrestre, marítimo e aéreo e mantém saídas semanais de serviço rodoviário na rota São Paulo/Manaus, com duas opções de transit time de 15 e 10 dias, respectivamente. 

A estiagem afeta a capacidade de carga dos navios com chegada e saída de Manaus. “Com a previsão de estiagem mais severa para este ano, inclusive com a possibilidade de não ocorrer o trânsito de navios por um período, estamos reforçando essa rota com a oferta de maior capacidade de veículos para atendimento de maior demanda”, informou o Diretor Executivo da Costa Brasil, Márcio Salmi.

A conversão de modal, do marítimo para o rodoviário, será adotada temporariamente para cargas como alimentos, bebidas, produtos de siderurgia, construção civil e outros.  “Serão afetados todos os tipos de cargas durante este período. Desde insumos importantes para abastecimento da cadeia produtiva, aos produtos acabados necessários para atender a população da região”, afirma Márcio Salmi. Todas estas cargas utilizam a cabotagem regularmente.

Salmi comenta que esse fenômeno da natureza é comum nessa época do ano e o histórico recente é de restrições na navegação, mas poderá haver uma rara interrupção no fluxo de navios. “A Costa Brasil possui soluções logísticas para atender a seus clientes durante o período. Além dos modais aéreo e rodoviário que se diferenciam por velocidade e custo, temos também terminais e armazéns que podem funcionar como estoque avançado”.

Por ser sazonal, o evento climático não altera permanentemente as operações e a integridade e o valor de cada modal, com características e usos específicos. “Isto reforça a importância de uma atuação multimodal, com a versatilidade de soluções logísticas para cada situação”.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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