19 de setembro de 2024

Otimismo e expectativa com renovação de Wilson Lima e retorno de Lula

Lideranças empresariais ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio são unânimes em afiançar otimismo em relação à renovação do mandato do governador Wilson Lima. A estimativa é que os projetos estaduais ganhem maior dinamismo, em uma transição sem sobressaltos. Em relação à troca da guarda no Planalto, no entanto, o clima ainda é de apreensão e expectativa, especialmente porque ainda não há norte definido para a política econômica. O foco das preocupações está nas relações sindicais, na continuidade do processo de desburocratização, e no destino das obras da BR-319 e do agronegócio amazonense, entre outros fatores.    

Para o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, a confirmação de Wilson Lima é uma garantia de continuidade de gestão, com o retorno de “seu estafe” e o prosseguimento de seus projetos. “Mas, a mudança na Presidência da República traz expectativas. Lula parece estar afinado com a garantia da ZFM e da floresta em pé. Mas, acho que a BR-319, que é importante para escoar a produção agropecuária do Sul do Amazonas, pode ter suas obras de revitalização ameaçadas. Principalmente se a deputada federal Marina Silva [Rede-SP] retornar ao Ministério do Meio Ambiente”, alertou. 

Mais veemente, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, diz que, enquanto o ambiente do governo estadual se mostra de continuidade e “amigável”, sem sinalização de aumento de impostos, ou de “flexibilização” nos pagamentos parcelados na anistia concedida durante os meses mais duros da pandemia. Mas, mostra receio de que a mudança na Presidência da República comprometa ganhos na redução da burocracia e nos efeitos positivos da “liberdade econômica” no investimento e no empreendedorismo.

“Não acredito que teremos mudanças drásticas na transição estadual. No nível federal, estamos saindo da escola liberal, para entrar em uma escola que coloca confronto entre empregados e patrões, em torno de sindicatos. É um ambiente que não gostamos muito. Vamos aguardar. Estamos achando que vai haver retrocessos, mas pode ser que o presidente entenda que, quanto mais entraves, menos investimentos serão gerados. Tivemos muitos empregos nos últimos anos, em virtude das flexibilizações. Não podemos voltar atrás, sob pena de termos encerramento de empresas e diminuição de postos de trabalho”, ponderou.     

“Pauta prioritária”

Mais otimista, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, considera que, em ambas as questões, a convicção é que o setor industrial será pauta prioritária em ambas as esferas. “Esperamos avançar na estruturação de políticas industriais que possam, de fato, propiciar um ambiente saudável ao segmento produtivo, facilitando novos investimentos e um ambiente tributário desburocratizado”, afiançou.

O vice-presidente da Fieam e presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, diz que as eleições foram importantes e que o segundo mandato do atual governador demonstra que os eleitores aprovaram seu modelo de gestão “O governador sempre agiu com sensibilidade, ouvindo as demandas e sugestões da indústria, para aprimorar o funcionamento do PIM, mantendo o seu nível de atratividade e competitividade”, asseverou. 

O dirigente enfatiza que, na esfera federal, os eleitores decidiram por mudanças, mas considera que isso não é motivo de preocupação. “No que diz respeito à indústria, e principalmente à ZFM, temos a convicção que melhorias defendidas pelas entidades de classe serão implementadas para adensar a cadeia produtiva. Temos condições de explorar com responsabilidade todas as potencialidades regionais. Ambos os candidatos reconheceram publicamente a importância desse exitoso modelo de desenvolvimento. Estamos confiantes de que poderemos trabalhar juntos, incluindo prefeitura, governo do Estado, entidades de classe, Suframa, bancada do Congresso e Executivo federal, para trazer novos vetores de desenvolvimento econômico e social para somar aos já existentes”, destacou.

Investimentos e relacionamentos

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, a confirmação de Wilson Lima para mais quatro anos à frente do governo do Amazonas pode até trazer melhorias para a atividade. “Presume-se que não vai ter nenhum fato grave, com a pandemia, que redirecionou todos os investimentos para a saúde. Devemos ter, nesses próximos quatro anos, mais recursos para obras de infraestrutura, reforma e moradia. A gente só pediu ao governador para que as obras sejam distribuídas para um número maior de empresas”, comentou.

Sobre a mudança na gestão federal, o dirigente lembra que o programa ‘Minha Casa Minha Vida’ – atual ‘Casa Verde e Amarela’ – “cresceu bastante em seus anos iniciais” e disse que o setor aguarda “muito investimento” na área, nos próximos anos. “Assim como na esfera estadual, a gente espera que haja um aumento do percentual do PIB em obras. Já havia perspectiva de redução da Selic e acho que esse equilíbrio não muda. Em janeiro, essa taxa deve ser reduzida em 2 pontos percentuais. Há tendência de diminuição nos índices inflacionários e maior equilíbrio para o câmbio. Vamos esperar os pronunciamentos do presidente, mas esperamos que a situação flua para uma situação de maior confiança”, analisou.

O presidente da Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas) e vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Albano Maximo, considerou que a renovação da gestão estadual foi “muito positiva” para o setor. “O governador sempre nos deu muita atenção em nossas pautas. Haja vista que fomos um dos setores que continuaram trabalhando durante toda a pandemia. A gente fez um trabalho muito junto, demonstrando que não tinha nenhum tipo de contaminação nos canteiros de obras. Temos uma excelente relação com o Executivo estadual e acreditamos que deve continuar assim, no próximo mandato”, frisou.

O dirigente, no entanto, se mostra mais cético em relação à troca na Presidência da República. “Nós ainda não temos clareza sobre os propósitos do novo governo. A CBIC teve uma reunião com os assessores do presidente eleito. Mas, a agenda não andou muito, porque realmente não havia nada previsto em termos de economia, nem um plano de governo. De toda forma, a entidade está preparando as pautas do setor e a gente espera poder ter o mesmo bom relacionamento que tivemos com o governo passado”, ressaltou. 

Por Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Face: @jcommercio

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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