24 de novembro de 2024

Pescado ganha força na cadeia econômica do AM

Pirarucus, tambaquis, matrinchãs e até arraias fazem parte de uma lista de peixes que ajudam na economia do Amazonas

Cada vez mais o Amazonas se consolida como um grande produtor de alimentos saudáveis, principalmente pescado. Atualmente, 35 áreas de manejo, em 22 municípios, promovem a despesca do pirarucu, com uma cota de peixes autorizada pelo Ibama, em 2019, de 69.019 pirarucus, sendo despescados 51.146 peixes, com uma quantidade total de 2.624 toneladas de pescado.

“A comercialização do pirarucu movimenta aos pescadores manejadores algo em torno de R$ 13 milhões. 3.453 famílias estão envolvidas com a atividade, sendo 4.672 manejadores. Com as subvenções do Governo Federal e do Governo do Estado através da ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável), esse volume de recursos financeiros aos pescadores tende a dobrar, garantindo-lhe melhor renda e poder de compra”, garantiu Daniel Borges, engenheiro de pesca e gerente de Apoio à Aquicultura e Pesca do, Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas).

Outro peixe nobre, também admirado pelo amazonense, o tambaqui, tem seu lugar de destaque na economia do Estado, produzido em tanques escavados. A produção de piscicultura vem crescendo nos últimos anos, chegando a aproximadamente 20 mil toneladas/ano de peixes comercializados, sendo que a produção de tambaquis representa 90% desse total. A tendência de crescimento dessa produção tem relação com o apoio que o Governo do Estado vem dando à atividade. Dois exemplos desse apoio são a doação de aeradores, pela ADS; e rações, pela Sepror (Secretaria de Produção Rural).

O aerador é um equipamento utilizado em piscicultura para auxiliar na incorporação de oxigênio no ambiente aquático, isso faz com que se consiga aumentar a quantidade de peixes em peso/área.

“A piscicultura em sistema convencional tem uma produtividade média de sete toneladas/ha, porém, com o uso de aeradores essa produção chega a 18 toneladas/ha, podendo até mesmo triplicar numa mesma área”, informou.

A vez das arraias

O matrinchã era um peixe, há alguns anos desconhecido na mesa do manauara, principalmente pela quantidade de espinhas que possui, mas, devido sua carne farta e saborosa, conquistou admiradores e mais ainda quando muitas pessoas passaram a dominar a técnica de tirar-lhe as espinhas.

No Amazonas o matrinchã tanto é pescado nos rios da região quanto produzidos através da piscicultura.

“Para essa espécie, o Idam apoia os piscicultores através de assistência técnica, realizando visitas com o objetivo de monitorar a qualidade da água e controlar a produção. Quando à pesca direta dos rios, o Idam trabalha com a elaboração de projetos de financiamento para acesso ao Crédito Emergencial da Afeam (Agência de Fomento do estado do Amazonas) para que esses pescadores consigam melhorar suas estruturas de captura e deslocamento até as áreas de pesca”, disse.

Matrinchã é tanto pescado nos rios quanto produzido através da piscicultura
Foto: Divulgação

E quem diria que um peixe tão perigoso e temido, existente em praticamente todas as areias das praias da Amazônia, antes ignorado, as arraias, esteja caindo no gosto gastronômico dos manauaras com sua carne macia, sem gordura ou espinhas, excelente preparada de várias formas.

A produção de arraias ainda não está incluída na pesca extrativa, comercial, específica para o consumo humano.

“O pescador não sai para pescar arraias. Ele vai pescar, por exemplo, jaraqui, e elas vêm junto, na rede, como acompanhante, como dizemos. Antes elas eram descartadas, devolvidas para o rio, mas quando o pescador notou que os frigoríficos estavam se interessando por elas, viu nisso uma oportunidade de ganhar mais. Desde então, esse peixe vem conquistando espaço entre os consumidores”, destacou.

As arraias estão caindo no gosto gastronômico dos manauaras
Foto: Divulgação

Papel fundamental

Desde os primórdios de Manaus e do Amazonas, a pesca tem sido uma das principais atividades econômicas da região, e ganhando cada vez mais importância e relevância. A atividade ocorre em todos os municípios do Estado, seja para subsistência do homem do interior, ou como prática comercial. Atualmente, legislações determinam o tamanho mínimo para a captura de várias espécies, e ainda existe o período do defeso, quando há uma paralisação temporária da pesca para que essas espécies se reproduzam. O manejo do pirarucu, o manejo florestal e os sistemas agroflorestais são formas de se explorar de forma racional e sustentável as riquezas da região.

“O papel do Idam tem sido fundamental nesse processo de desenvolvimento sustentável, atuando em prol da sustentabilidade da produção e da qualidade de vida no meio rural, investindo na difusão de conhecimentos e tecnologias aliadas à execução de políticas públicas e projetos que gerem uma transformação na vida dos produtores e de suas famílias”, finalizou.

Quem quiser saber mais sobre o assunto pode acompanhar o 1º Workshop Técnico da Pesca e Aquicultura para Extensionistas Rurais do Amazonas, realizado de forma virtual pelo Idam, através de seu site (www.idam.am.gov.br) e que encerra hoje, das 9h ao meio-dia.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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