23 de novembro de 2024

Pesquisa CDL-Manaus para as compras de Natal e de fim de ano mostra expectativa de leve alta

O varejo da capital amazonense espera que as vendas de Natal sejam de 5% a 6% mais fortes neste ano. A receita bruta aguardada é de R$ 1,47 bilhão, para um ticket médio de R$ 165. O setor está otimista também em relação aos resultados das festas de fim de ano, favorecida pela coincidência atípica de uma Copa do Mundo com a Black Friday. A expectativa é que os eventos somados gerem incremento nominal de quase R$ 1,46 bilhão, o que equivale a uma alta de 4% a 5% ante o 2021 – que não contou com o Mundial. É o que revela a pesquisa da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas).

A sondagem informa que 89% dos consumidores de Manaus pretendem comprar presentes para este Natal. Quem está nesse grupo está disposto a dispender R$ 165, em média. A maioria espera gastar de R$ 101 a R$ 200 (30%), entre R$ 201 e R$ 300 (24%), ou até R$ 100 (22%). Na sequência, e já a uma boa distância, estão aqueles que devem elevar a despesa para as faixas de R$ 301 a R$ 400 (10%), entre R$ 401 e R$ 500 (8%), de R$ 501 a R$ 1.000 (4%), e de R$ 1.001 em diante (3%).

Em linha com os tempos de incertezas e de idas e vindas no PIB, inflação, juros e taxas de endividamento, os principais motivos listados pelos entrevistados que dizem que não vão comprar nada neste ano são essencialmente econômicos. Apesar da lenta progressão no mercado de trabalho, 30% informam que estão desempregados. Outros 14% explicam que vão economizar para o fim de ano, enquanto 11% confirmam estar endividados e 9% dizem que simplesmente estão sem dinheiro. Há também quem alegue “outros motivos” (19%), outras prioridades (9%), ou diga simplesmente que não gosta da data e/ou do ato de dar e receber presentes (7%). 

Descontos e preços

Presentes de menor valor agregado e mais fáceis de caber no bolso e nas prestações contam com a preferência. A lista de compras é encabeçada por vestuário (57%) e calçados (32%), mas inclui também brinquedos (25%), perfumaria e cosméticos (23%), acessórios e bolsas (14%) e eletrodomésticos (10%). Produtos e serviços mais caros aparecem com menos intenções de compras, a exemplo de viagens (9%), smartphones, eletroeletrônicos (7%), joias e semijoias (5%), moveis e decorações (4%), games e jogos (4%) e artigos esportivos (2%). Vale presentes (8%) também foram citados, assim como “outros” (9%), mas há quem ainda não decidiu o que comprar (6%).

Promoções e descontos (64%), assim como o preço (43%) estão entre os fatores primordiais para a escolha do presente, mas há quem não abra mão da qualidade do produto (56%) e a faixa minoritária que prioriza a marca (8%). O perfil do entrevistado (24%) também entra como uma variável, assim como o desejo do presenteado (18%) e fatores subjetivos, como “o impacto que o presente vai causar” (9%) e “o que os outros vão pensar” (3%). Em torno de 2% apontam “outros motivos” e um percentual idêntico se diz indeciso.

Os principais homenageados neste Natal são os filhos (61%), seguidos a uma certa distância pelas mães (40%). A lista se completa com cônjuges (26%), pais (19%), irmãos (11%), sobrinhos (10%), namorados e namoradas (9%), amigos (7%), afilhados (5%), avós (3%) e enteados (3%), além de tios e tias (2%). Em contrapartida, 21% dos entrevistados pela CDL-Manaus dizem que vão presentear a si mesmos.

Modalidades e locais

Em sintonia com a escalada das taxas de juros bancárias, o consumidor de Manaus está fugindo do crédito e de qualquer possibilidade de endividamento e inadimplência. A maioria diz que vai fazer suas compras à vista, seja em dinheiro (41%), em cartão de débito (17%), ou no Pix (15%) – que vem ganhando rapidamente a preferência da clientela. Apenas 13% apontam o parcelamento no cartão de crédito como sua escolha e outros 6% esperam usar esse meio de pagamento em uma única prestação. O crediário da loja é opção de 6%, e os demais 2% ainda não sabem como vão pagar. 

Tradicional ponto de compras de Manaus, o Centro ainda é apontado como o local preferido para adquirir o presente de Natal deste ano, sendo a escolha de 46% dos consumidores, sendo seguidos de muito perto pelos shoppings centers (40%). A lista se completa com lojas de bairro (22%), internet e lojas virtuais (16%), supermercados (15%) e “outros” locais e estabelecimentos não listados (5%). 

Os principais motivos apontados para as escolhas de locais de compras são atendimento (48%), variedades (27%), conforto e segurança (19%), disponibilidade do produto (15%), prazo de entrega (8%) e estacionamento (6%). Diferente do ocorrido em relação aos critérios para a escolha dos produtos, o ‘fator bolso’ é minoritário aqui, sendo limitado apenas ao “preço do frete” (7%).

Consumidor precavido

O presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, avalia que a pesquisa, assim como outras sondagens recentes da CDL-Manaus, confirmam que grande parte dos consumidores de Manaus está endividada e, por isso, tende a limitar os gastos, priorizando bens não duráveis. Assim como a inflação, que voltou a escalar no mês passado, o câmbio, os juros, e a incerteza de manter o emprego ajudariam a tornar os produtos de maior valor agregado proibitivos para uma parcela significativa, mesmo em tempos de Black Friday e 13º salário.  

“Os bens duráveis, mesmo em um mês atípico no calendário do comércio, com a ocorrência simultânea da Copa do Mundo, respondem por um percentual pequeno de consumidores. E estes geram menor faturamento, principalmente em função da grande quantidade de parcelas. A prioridade para o 13º salário, por outro lado, não seria mais as compras, mas saldar dívidas, para que o consumidor fique apto novamente ao mercado, embora com um perfil mais comedido nos gastos”, avaliou.

O dirigente observa que, ao confirmar maior intenção de consumo para bens semiduráveis, como calçados e vestuário, a pesquisa também mostra caminhos para o lojista. “Dentro desse cenário econômico que ainda está se definindo, as precauções são primordiais para manter o poder de compra do consumidor, especialmente no pequeno e médio varejo. Por isso, a ênfase de marketing deve ser dada sempre aos bens que não são duráveis, que podem propiciar um grande consumo, sem comprometer os orçamentos das famílias neste natal”, concluiu.

Boxe ou coordenada: Saiba mais sobre a pesquisa

A pesquisa da CDL-Manaus foi realizada via Google Formulários e aplicada através de e-mail marketing e aplicativo de mensagens instantâneas, entre 11 e 17 de novembro de 2022. No total, foram ouvidas 2.216 pessoas, entre mulheres (55%) e homens (45%), divididos entre as faixas etárias de 30 a 39 anos (38%), entre 40 e 49 anos (26%), de 25 a 29 anos (14%), entre 18 e 24 anos (11%), e de 50 anos em diante (10%). A maior parcela de consumidores ouvidos está na zona Leste (18%), seguidos de perto pelos residentes nas zonas Norte, Sul (ambas com 17%), Oeste, Centro-Sul e Centro-Oeste (as três com 16%).

Por Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Face: @jcommercio

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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