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Pesquisa desenvolve protetor solar produzido com matérias-primas amazônicas

O Grupo de pesquisa Química Aplicada à Tecnologia, da Escola Superior de Tecnologia da UEA, está desenvolvendo um protetor solar que une óleo da castanha-do-brasil, óleo essencial de pau-rosa e extrato de guaraná em sua composição. A formulação foi pensada para que o produto não ofereça nenhum risco ao organismo e consiste em uma emulsão fitocosmética, ou seja, cujos princípios ativos são óleos, extratos ou mesmo partes de vegetais. O projeto é financiado pela Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) e tem como coordenadora a professora/doutora Patrícia Melchionna Albuquerque, da UEA. A equipe é composta por: Patrícia Melchionna, Juliano Camurça, Geverson Façanha, Dâmarys Farias, Sabrina Ferreira e Júlia Lobo. Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, a professora explica melhor sobre a pesquisa com o protetor solar.

Jornal do Commercio: Quem teve a ideia de produzir esse protetor solar, e por que foi escolhido esse produto?

Patrícia Melchionna: A ideia de produzir o protetor solar foi minha, quando em 2018 tive um projeto aprovado no edital Universal Amazonas, da Fapeam, intitulado ‘Desenvolvimento de fitocosméticos com atividades antimicrobiana, antioxidante e fotoprotetora, utilizando extratos de guaraná (Paullinia cupana) e óleo essencial de pau rosa (Aniba rosaeodora)’. O meu grupo de pesquisa, Química Aplicada à Tecnologia, da UEA, tem uma linha de pesquisa voltada para o desenvolvimento de cosméticos, que se fortaleceu após a aprovação desse projeto. O desenvolvimento da formulação que temos hoje é fruto de um trabalho em equipe, que envolve pesquisadores e alunos de mestrado e de graduação, que contribuíram para aprimorarmos essa formulação.

JC: São utilizadas as três matérias-primas no mesmo protetor (óleo da castanha-do-brasil, óleo essencial de pau-rosa e extrato do guaraná)?

PM: Sim. As três matérias-primas encontram-se no mesmo protetor solar. O extrato de guaraná tem ação fotoprotetora e antioxidante; o óleo de castanha-do-brasil é responsável pela fase oleosa da emulsão e fornece emoliência e hidratação; e o óleo de pau rosa ajuda na conservação do cosmético, pois tem atividade antimicrobiana.

JC: Com tantos óleos essenciais na Amazônia, por que escolheram esses?

PM: No edital Universal Amazonas, um dos objetivos era apoiar atividades desenvolvidas em municípios do interior do Estado. Assim, fizemos uma parceria com a empresa D’Amazonia Origens, de Maués, que beneficia o guaraná e produz óleo de castanha-do-brasil. Também em Maués é produzido o óleo essencial de pau-rosa, na Fazenda Magaldi, parceira do nosso grupo de pesquisa. Além disso, já havíamos trabalhado em outro projeto de pesquisa com o óleo essencial de pau-rosa, investigando sua atividade antimicrobiana frente a fungos fitopatogênicos. O óleo de pau rosa é muito utilizado na perfumaria e tem um odor muito agradável.

JC: Escolheram essas matérias-primas por causa do conhecimento empírico de suas propriedades?

PM: Sim. As matérias-primas já eram conhecidas por suas propriedades, então tentamos utilizar essa combinação para obter um produto interessante do ponto de vista de aplicação.

JC: O que já descobriram com suas pesquisas? Como são feitos os testes?

PM: Inicialmente definimos como produzir o extrato de guaraná de forma a maximizar sua atividade fotoprotetora e antioxidante. Avaliamos diferentes solventes e métodos de extração. Depois partimos para a definição da formulação, qual concentração de cada ativo, qual o melhor tensoativo, de forma a mantermos as propriedades de interesse e criar uma emulsão vegana, livre de compostos sintéticos. Fizemos ainda diversos testes de estabilidade preliminar, preconizados pela Anvisa, onde o cosmético passa por estresse térmico (oscilações de temperatura), teste de centrifugação e de fotoperíodo, onde são avaliadas alterações no seu aspecto, no odor, na cor, bem como nas suas propriedades físico-químicas, como pH e viscosidade, por exemplo. Ainda não fizemos testes em humanos, essa é uma etapa que deverá ser realizada futuramente.

JC: Quando serão consideradas concluídas as pesquisas?

PM: Atualmente estamos aprimorando o extrato de guaraná, desenvolvendo um extrato a partir do uso da nanotecnologia, ou seja, estamos nanoencapsulando o extrato para verificar se sua ação na pele pode ser prolongada. Este é o tema do nosso projeto vigente, também apoiado pela Fapeam, no âmbito do Pró-Estado, que iniciou em 2021. O produto ainda precisa passar por outros testes para chegar ao mercado. Esperamos iniciar esses estudos em breve.

JC: Já tem alguma empresa interessada no protetor solar?

PM: Sim, duas empresas entraram em contato. Vamos verificar a possibilidade de produzir o protetor solar em parceria.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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