Localizado na zona Sul de Manaus, o bairro Praça 14 de Janeiro é um dos mais antigos da cidade, tendo sido fundado em 1892.
Ao longo de 128 anos de História o bairro teve diferentes nomes. Nos primórdios era conhecido como Praça da Conciliação. Em 1892, por proposta do Intendente Sérgio Pessoa, passou a se chamar Praça Fernandes Pimenta. Nesse mesmo ano, através de nova proposta, dessa vez do Intendente Antônio Dias dos Passos, recebeu o nome de Praça 14 de Janeiro.
Esses três nomes, Conciliação, Fernandes Pimenta e 14 de Janeiro, fazem alusão à Revolta de 14 de Janeiro de 1892, que teve como causa as disputas políticas entre os partidos Democrático e Nacional. O conflito armado culminou na deposição do Governador Gregório Thaumaturgo de Azevedo e na ascensão de Eduardo Gonçalves Ribeiro ao poder. Houve uma única baixa, a do soldado do Batalhão Militar de Polícia João Fernandes Pimenta, cujo nome brevemente homenageou o bairro. Conciliação lembrava o fim do conflito e 14 de Janeiro o dia em que ele ocorreu.
Em 1917 o Intendente Sérgio Pessoa propõe um novo nome para o lugar, dessa vez Praça Portugal, uma homenagem à colônia portuguesa residente em Manaus. Sérgio Pessoa não considerava digna a lembrança de uma revolta armada, conforme deixou registrado no decreto. Essa nomenclatura não caiu no gosto dos moradores do bairro, que continuaram a chamá-lo de Praça 14 de Janeiro.
A presença portuguesa se faz presente pela forte devoção a Nossa Senhora de Fátima, cujos registros mais antigos datam da década de 1930. Como ainda não existia uma paróquia própria, as atividades religiosas eram realizadas pela Paróquia de São Sebastião, no Centro.
No período em que o bairro surgiu, final do século XIX, Manaus começou a receber um contingente de trabalhadores oriundos do Maranhão – terra natal do Governador Eduardo Ribeiro – em sua maioria ex-escravos, para atuar nas grandes obras de melhoramento urbano que estavam sendo executadas. Esses operários passaram a residir na região da Praça 14 de Janeiro, imprimindo, até hoje, sua identidade através de manifestações artísticas e religiosas afro-brasileiras. Foi nele que surgiu a primeira escola de samba de Manaus, a Escola Mixta de Samba da Praça 14 de Janeiro (1946-1962).
As primeiras melhorias na paisagem urbana da Praça 14, o asfaltamento de ruas, a luz elétrica, postos médicos, uma maternidade, postos policiais, escolas e feiras surgiram entre as décadas de 1950 e 1960, nos Governos de Plínio Ramos Coelho e Gilberto Mestrinho.
O bairro possui construções e lugares marcantes como o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, construído entre 1942 e 1975; o Santuário Paróquia de São José Operário, construído entre 1949 e 1967; a Escola Estadual Plácido Serrano, a Escola Estadual Luizinha Nascimento, a Comunidade do Quilombo do Barranco de São Benedito e o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia, fundado em 1975.
NOTAS:
“Os primeiros anos de existência do bairro foram difíceis. Tudo estava por fazer. Faltava energia elétrica, água encanada, escolas e postos médicos. As primeiras melhorias surgiram apenas entre as décadas de 1950 e 1960”.
“Não deu para quem quis a edição especial de aniversário da Praça 14, que o Jornal do Commercio distribuiu ontem gratuitamente no bairro. Um tabloide de oito páginas contando parte da história da Praça, com depoimentos e recordações de seus personagens, fez um tremendo sucesso” (Jornal do Commercio, 15/01/1998).
FATOS HISTÓRICOS DA SEMANA:
“No dia 12 de Janeiro de 1616 é fundada pelo Capitão-Mor português Francisco Caldeira Castelo Branco a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, atual Belém, capital do Estado do Pará”.
“No dia 13 de janeiro de 1750 é assinado o Tratado de Madri, no qual Portugal e Espanha reconheciam ter desrespeitado os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Portugal cedeu a Colônia de Sacramento à Espanha e a Espanha cedeu a Portugal a região amazônica, o Mato Grosso e os aldeamentos conhecidos como Sete Povos das Missões”.