23 de novembro de 2024

Prévia do PIB do Amazonas cresce em abril

A prévia do PIB do Amazonas voltou a subir em junho, após a desaceleração experimentada em maio, na série com ajuste sazonal. Apesar de ser um mês sazonalmente mais fraco do que o do Dia das Mães, junho registrou elevação de 2,99% na variação mensal, no melhor índice desde abril (+3,05%). Em relação ao mesmo período do ano passado –quando varejo e indústria voltaram a reabrir –, a alta foi de 10,27%. No primeiro semestre, por sua vez, a expansão da economia do Estado chegou a 9,14%.

O índice registrou 175,71 pontos no Amazonas, em junho. O resultado superou as marcas de novembro (173,02 pontos) e dezembro (172,41 pontos) de 2020, sendo o melhor número da série histórica do BC (Banco Central) desde março de 2014 (180,58 pontos) –reta final do mais recente boom econômico do Brasil. O Estado aparece com alta de 6,26%, na média móvel trimestral, sendo inflado por uma base de comparação depreciada pela segunda onda. O PIB anualizado, ficou positivo em 6,50%. Vale notar que as duas últimas comparações costumam ser apontadas por especialistas como a melhor forma de captar tendências.

Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). O Estado bateu a média da economia brasileira em praticamente todas as comparações. Em âmbito nacional, o indicador apontou acréscimo de 1,14% na variação captada entre maio e junho deste ano, assim como avanço de 9,07% no confronto com a marca de igual mês do exercício anterior, e elevação de 7,01% no acumulado dos seis meses iniciais de 2021. A alta não passou de 0,12%, no comparativo do segundo trimestre com o primeiro, mas chegou a 2,33%, no aglutinado de 12 meses.

O IBC-Br é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB e ajudar a autoridade monetária na definição da taxa Selic. Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do BC também é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro –e cuja próxima divulgação nacional está prevista para o dia 1º de setembro.

Setores e arrecadação

O cálculo do IBC-Br leva em conta estimativas para indústria, comércio, serviços e agropecuária, acrescidas dos impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica. A despeito da recuperação do indicador do BC, números do IBGE apontaram resultados conflitantes entre a indústria e os serviços, de um lado, e o comércio, do outro. Em paralelo, as arrecadações tributárias da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) e da Receita Federal também apresentaram desempenhos contraditórios, a despeito do viés de alta.

A indústria amazonense emendou seu quarto mês positivo, em junho, no segundo melhor resultado do país, segundo o IBGE. Avançou 4,4% em relação a maio deste ano, em um desempenho bem melhor que o do mês anterior (+0,8%). O crescimento foi de 24% em relação ao mesmo mês de 2020 –quando a fatia significativa das fábricas que estavam paralisadas pela primeira onda e excesso de estoques voltavam a trabalhar. Com isso, o setor conseguiu consolidar os acumulados do ano (+26,6%) e dos 12 meses (+16,1%). 

O comércio do Amazonas, contudo, sofreu um baque nas vendas, interrompendo uma sequência de quatro meses seguidos de alta. Dados do IBGE apontam que o volume de vendas encolheu 0,4%, na variação mensal, e retrocedeu 4,5% em relação ao resultado de junho do ano passado –período de início do processo de reabertura das lojas, após o fechamento compulsório pela primeira onda. O acumulado do ano, por outro lado, seguiu no campo positivo (+7,4%), sendo secundado pelo aglutinado de 12 meses (+11%).

Já o setor de serviços do Amazonas emendou um segundo mês de crescimento e cresceu 4,4%, entre maio e junho de 2021, em trajetória mais forte do que a do levantamento anterior (+1,4%). No confronto com o mesmo mês do ano passado, houve elevação de 20,9%, conforme a pesquisa mensal do IBGE. Foi o suficiente para segurar a atividade no campo positivo nos acumulados do ano (+13,9%) e de 12 meses (+8,1%).

Os números da Sefaz indicam que o recolhimento estadual desacelerou em junho (R$ 1,17 bilhão), após três meses de alta, ao encolher 1,68% ante maio de 2021 (R$ 1,19 bilhão). O confronto com junho do ano passado (R$ 989,82 milhões) rendeu elevação de 18,20%, encorpando o semestre (R$ 6,70 bilhões) em 13,17%. Já a arrecadação federal recuperou força em junho (R$ 1,55 bilhão), subindo 1,31% na variação mensal e decolando 87,87% sobre a marca de 12 meses atrás (R$ 824,67 milhões). Em seis meses, os cofres da União recolheram R$ 9,35 bilhões, uma diferença de 37,28% ante igual intervalo de 2020.

Variantes e estoques

O economista, consultor empresarial, professor universitário e conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Júnior, considera que os dados “impressionantes do IBC-Br para o aumento do PIB do Amazonas refletem a aceleração do processo de vacinação, com o acréscimo mais rápido de faixas etárias gradualmente menores. Aliado às flexibilizações, esse seria um fator que teria ajudado a dar maior confiança aos agentes econômicos quanto ao ambiente sanitário e a capacidade de consumir –já que a vontade já estaria lá. O fator pandemia, contudo, ainda oferece obstáculos de curto prazo.

“Isso reflete uma demanda reprimida, que vem do ano passado e que já está começando a surtir os efeitos desejados e uma reação da economia. A tendência é a atividade aumentar, apesar dos obstáculos. Não acredito que a instabilidade política vá afetar tanto a economia, por exemplo. E a inflação está alta porque o dólar está puxando os preços, dada a escassez de insumos, que também é uma tendência. Acredito que os estoques serão suficientes para abastecer até o final deste ano. Agora, temos que ver como essas novas variantes da pandemia se comportarão até o final do ano”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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