23 de novembro de 2024

Primeiro trimestre do ano fechou com crescimento do faturamento do Polo Industrial

O faturamento do Polo Industrial de Manaus consolidou o primeiro trimestre em alta nominal. As vendas em dólares passaram de US$ 7.92 bilhões (2022) para US$ 8.28 bilhões (2023), obtendo expansão de 4,55% na comparação com igual intervalo do ano passado –quando o Amazonas emergia da terceira onda de Covid-19. A conversão em reais gerou incremento de 6,26% em valores correntes, com R$ 42,46 bilhões (2023) contra R$ 39,96 bilhões (2022). Vale notar que o dólar se valorizou 7,23% no período, enquanto o IPCA acumulou 2,09% de inflação nos três primeiros meses do ano.  

O comparativo mensal também mostrou aceleração. As vendas de março totalizaram US$ 3.05 bilhões (R$ 15,49 bilhões), superando fevereiro de 2023 (US$ 2.64 bilhões e R$ 13,73 bilhões) e março de 2022 (US$ 3.11 bilhões e R$ 14,73 bilhões). O número de linhas de produção com crescimento foi maior do que o contabilizado em fevereiro. Entre os subsetores que carreiam o PIM, os destaques vieram novamente dos polos de duas rodas e eletroeletrônico, em detrimento de bens de informática. A geração de empregos, no entanto, desacelerou. É o que revelam os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, nesta quarta (24).

Na análise em dólares, 19 dos 26 subsetores listados pela Suframa tiveram faturamento ascendente no acumulado até março –contra os 17 de fevereiro. A maior alta proporcional se deu novamente na divisão industrial de minerais não metálicos, que decolou 375,54%, ao somar US$ 25.60 milhões. Na sequência estão os segmentos de vestuário e calçados (+64,73% e US$ 2.04 milhões) e madeireiro (+46,95% e US$ 4.36 milhões). Os tombos mais significativos vieram dos subsetores de couros e similares (-42,77% e US$ 1.74 milhão) e naval (-39,13% e US$ 19.61 milhões).

Majoritários e responsáveis por quase metade do faturamento total do PIM, os polos de bens de informática e de eletroeletrônicos foram cada um para uma direção. O primeiro (-16,15% e US$ 2.14 bilhões) se manteve em queda, pelo terceiro mês seguido. Mas, permanece na liderança de participação do Polo, respondendo por 25,86% de seu faturamento global. O segundo já viu seu share aumentar para 19,12%, em linha com o acréscimo de 18,90% (US$ 1.58 bilhão) nas vendas. O ranking incluiu também os polos de duas rodas (18,13%), de “outros produtos” (11,80%), químicos (8,81%), termoplásticos (8,46%) e metalúrgico (7,82%).

Insumos e empregos

Os três produtos do PIM de maior faturamento aumentaram sua produção no acumulado do ano. As motocicletas, motonetas e ciclomotores tiveram 415.158 unidades fabricadas e expansão de 26,08%, sendo acompanhadas por TVs com tela de LCD e OLED (+40,81% e 3.214.995) e celulares (+15,32% e 4.209.076). Também foram registrados progressos nas linhas de produção de condicionadores de ar split system (+37,09% e 1.148.260) e de janela (+203,4% e 42.882) e de receptores de sinal de TV (+113,85% e 789.627).

Os resultados da produção seguiram em linha com as vendas externas. Nos três primeiros meses deste ano, o PIM contabilizou em US$ 142.82 milhões em exportações, alcançando uma cifra 17,55% superior à de igual intervalo do ano passado (US$ 121.49 milhões). O mesmo não pode se dizer das importações, que declinaram 12,47% na mesma comparação, com US$ 1.05 bilhão (2023) contra 1.27 bilhão (2022). Os dispêndios com aquisição de insumos estrangeiros e nacionais ficou negativo em 8,57% na mesma comparação e não passou de US$ 4.76 bilhões .

Em paralelo, o nível de empregos do PIM estancou. A média obtida no terceiro mês de 2023 foi de 107.347 vagas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Ficou 2,76% abaixo da marca do mês anterior (110.390), e superou em apenas 0,30% o dado do mesmo mês do ano passado (107.027). A média mensal do trimestre foi de 109.299 vagas, 0,75% a menos do que o registrado no ano passado (110.126). 

Os maiores índices de crescimento de empregos no acumulado do ano vieram dos segmentos industriais de vestuário e calçados (+44,56%), “material de limpeza de velas” (+30%) e mineral não metálico (+21,92%). Na outra ponta, os polos têxtil (-37,80%), editoria e gráfico (-23,77%) e de brinquedos (-18,19%) lideraram os cortes. Levando em conta só a mão de obra efetiva, o saldo no aglutinado até março ficou no vermelho pelo terceiro mês seguido. Foram eliminadas 493 vagas, dado o predomínio dos desligamentos (8.150) sobre as contratações (7.657). Foi o pior resultado desde o “ano cheio” de 2018 (-1.310). 

Tendência de crescimento

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Suframa, o superintendente da autarquia, Bosco Saraiva, salientou que os números do primeiro trimestre foram “bastante satisfatórios” e garantiu que a autarquia federal continua “acompanhando rotineiramente” as empresas, bem como a conjuntura econômica nacional e internacional, na busca de estratégias e ações que possam reforçar o ambiente de negócios da região. 

“Março foi nosso melhor valor de faturamento do ano, até o momento. Isso indica uma trajetória de crescimento para o restante do primeiro semestre. Mas, sabemos que é papel da Suframa estar atenta a todas as questões que envolvem a Zona Franca de Manaus. É isso que vamos continuar fazendo, em contato com as empresas, entidades de classe, órgãos governamentais e demais parceiros, no sentido de que o nosso Polo Industrial possa ser fortalecido e, com isso, a economia de toda a nossa região seja impulsionada”, afiançou.

O presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, ressaltou à reportagem do Jornal do Commercio que, embora os segmentos do PIM tenham apontado variações, a tendência global ainda é de crescimento mês a mês. O dirigente destacou também que os números refletem os esforços das empresas em manter suas projeções de produção, mesmo diante de dificuldades logísticas “intermináveis” e que se renovam com a perspectiva de atrasos na liberação de insumos pela Receita Federal.

“Por fim, olhando para os indicadores de mão de obra, temos uma manutenção dos postos de trabalho que é positiva. Temos de acreditar que já passamos pelos pontos mais críticos e que não houve uma significativa redução da massa salarial nas empresas. Vamos continuar confiantes na evolução dos índices e da economia, uma vez que isso é fruto de muito trabalho e dedicação das empresas e, dessa forma, é o que se espera”, asseverou.

Ao citar os dados de faturamento e exportações, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, também assinala que março foi o mês de melhor resultado do ano para o Polo e avalia que os indicadores apontam para uma “interessante tendência de crescimento” para o semestre e o restante do ano.

“Também observamos crescimento do faturamento daqueles subsetores principais e aumento da produção dos itens de maior destaque: telefones, televisores, motocicletas e condicionadores de ar, demonstrando um mercado aquecido para esse tipo de produto. Nossas expectativas são de crescimento brando para os meses subsequentes”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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