Os principais parques de Manaus estão localizados na zona Centro-Sul da capital amazonense. Entretanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, o acesso a esses equipamentos urbanos ficou comprometido, pois além de fechados pelo poder público, alguns estavam mal conservados, podendo causar danos aos populares. Com a retomada das atividades cotidianas, e por extensão a abertura dos parques –que além da reforma atendem os protocolos de segurança sanitária contra a Covid-19 -o manauense vai retomando os passeios e a realização de atividades físicas ao ar livre, garantindo o seu lazer e bem-estar.
Além dos parques, algumas comunidades situadas na região dispõem de academias ao ar livre, com equipamentos de uso coletivo, como máquinas de esqui triplo, bíceps, tríceps e de puxada alta, torre de bicicleta, barra alta, simulador de caminhada e roda de ombro. Alguns contam com quadra de areia, pista de caminhada, anfiteatro, além de playground para as crianças.
Conexão
Distribuído em uma área de 40 hectares, o parque municipal do Mindu, no Parque 10 de Novembro, se sobressai não só pela sua grandiosidade, mas pela diversidade de atividades oferecidas aos visitantes. Além de parque urbano, o espaço também é uma UC (Unidade de Conservação), que abriga inúmeras espécies da flora e fauna amazônica -com destaque para o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), que contribuiu para a criação do espaço no início dos anos 90, em virtude da ameaça de extinção.
Após passar um ano fechado, o local reabriu as portas ao público, na primeira quinzena de maio. Aberto de terça-feira a domingo, das 6h às 17h, a movimentação pelas trilhas, academia ao ar livre e demais áreas do parque, é mais intensa nos fins de semana, quando ocorre uma vasta programação, que integra lazer, conscientização ambiental e bem-estar, com destaque para o grupo Yoga Manaus Mindu.
“Alguém comentou comigo que havia um grupo de yoga aos sábados aqui no Mindu. Vim, experimentei e gostei. Aqui é o momento que deixo de lado as preocupações diárias e consigo desacelerar, saindo mais relaxada, pronta para as minhas atividades. Além disso, o lugar, a natureza nos ajudam a fazer esse caminho”, declara a farmacêutica Cláudia Fernandes, 46, que desde 2019, frequenta as sessões de yoga ministrada pelo fisioterapeuta Igor Simões.
Deitados sob coloridas cangas de praia ou tapetes emborrachados apropriados para a milenar prática indiana, os participantes integram um grupo de aproximadamente 60 pessoas, que todos os sábados, das 8h às 9h, ocupam a praça da Paz, do Mindu.
“Às vezes temos muito mais gente, e o espaço fica pequeno. Quando chove, passamos a aula para o dia seguinte”, comenta Igor.
As sessões de yoga ministradas por ele ocorrem desde 2017 –o parque conta com dois grupos de yoga, o outro se reúne às sextas-feiras pela manhã -,entretanto com a pandemia da Covid-19, no ano passado, as aulas precisaram ser suspensas, sendo retomadas pouco após a abertura do parque, já que as atividades no local estão retornando gradualmente.
Modelo
O CSU (Centro Social Urbano) do Parque 10 é o espaço de referência na cidade para atividades de lazer, culturais, esportivas, gastronômicas, feiras, bazares, entre outras. O local dispõe de quadras de areia, de basquete, de futebol de salão, pista de caminhada, aparelhos de uso coletivo, um anfiteatro, praça de alimentação, além de duas piscinas – adulto e infantil.
O espaço abre diariamente, das 5h às 22h, e além de caminhadas, o público pode participar de algumas atividades que vêm sendo desenvolvidas no local, como hidroginástica, zumba, dança de salão, muay thai, entre outras.
“O CSU também abriga as salas dos conselhos municipais e um CMEI (Centro Municipal de Ensino Infantil). Por ser um espaço bem amplo e de boa localização, o Centro Social é bastante procurado, para a realização de todo tipo de evento”, informa o gestor do centro social, Adriano Brito.
Segundo ele, a implantação de um projeto voltado a crianças PcDs (Pessoas com Deficiência), está sendo avaliado, já que das duas piscinas do local, apenas a de adultos é utilizada para a prática de hidroginástica.
“Estamos estudando a implantação desse projeto, que contemplaria não só a inclusão, mas seria também uma terapia para as crianças PcDs, da comunidade e do entorno do bairro”, observa Adriano.
Apesar de ser um espaço de referência, frequentadores do Centro Social, cobram do Executivo municipal, mais cuidados com a infraestrutura do CSU. É o caso do aposentado Jessé Frota, 70, que diariamente caminha pelo local. “Precisamos de segurança aqui, pois nem os banheiros os marginais deixam passar, pois roubam tudo. Uma manutenção no playground e alguns outros reparos também são necessários”, pontua.
Reforma
Ainda no Parque 10 de Novembro, não muito distante do parque municipal do Mindu e do CSU, os moradores do bairro também podem aproveitar o Passeio do Mindu, cujo espaço foi totalmente recuperado. Toda a infraestrutura do local recebeu melhorias, no primeiro semestre do ano, que incluíram os quiosques, bancos e gradis, pista de caminhada, parquinhos, quadras esportivas, academia ao ar livre, além dos pontos de iluminação, pontes, ciclovia e a pista de skate.
Quadra da Vila Amazonas
Enquanto o Parque 10 de Novembro tem várias opções de lazer, que também podem ser utilizadas para o desenvolvimento de inúmeros projetos com a comunidade, outros bairros da zona Centro-Sul, não contam com tantas alternativas.
Há pelo menos 20 anos a quadra de esportes que atende a comunidade Vila Amazonas, na rua Amazonas, bairro Nossa Senhora das Graças, não passa por uma reforma total, recebendo apenas um ou outro reparo pontual, realizado pelos próprios moradores.
Apesar da deterioração do espaço –toda a estrutura do equipamento público precisa ser recuperada, os banheiros estão destruídos, as grades precisam de pintura, a cobertura e sua estrutura precisam de conserto, entre outras melhorias –o local ainda sedia eventos realizados tanto pela Amavam (Associação dos Moradores da Vila Amazonas) quanto pela paróquia de Santo Antônio, além de acolher a pelada dos jovens da área, que não dispõem de outro espaço de lazer.
“A liga esportiva aqui da comunidade conseguiu uma doação de tintas para pintar a quadra, por meio de um mutirão, mas reforma mesmo ela não recebe há uns 20 anos”, declara o presidente da Amavam, Luciano de Souza.
Campo do Vicentão
Um dos poucos espaços, do Aleixo, o campo do “Vicentão”, localizado no beco São Domingos, é o “point” dos peladeiros do bairro. Aos domingos, principalmente durante o verão, a área fica tomada por pipeiros de todas as idades. Alguns, oriundos de outros pontos da cidade, como é o caso do estudante Max Gomes, 17, morador do São Francisco, zona Centro-Sul. “Meus avós moram aqui no Aleixo e desde pequeno frequento o Vicentão seja para jogar bola ou soltar papagaio”, relata. Segundo ele, o espaço poderia ser melhor aproveitado, com a realização de projetos esportivos na área e melhor estruturação do campo. “Com uma quadra coberta aqui, muitas modalidades esportivas poderiam ser incentivadas”, comentou.
Jacarés urbanos
Apesar do apelo ambiental, Manaus não dispõe de um lugar próprio para a observação de animais selvagens, que transitam pelo ambiente urbano. Entretanto, quem passa pela avenida Mário Ypiranga Monteiro (antiga Recife), no sentido bairro/Centro, no trecho próximo ao semáforo do cruzamento com a rotatória do Eldorado, no Parque 10 de Novembro, em dias de sol poderá observar jacarés em plena área urbana.
Na área em que o igarapé do Mindu, corta o terreno por detrás do conjunto Eldorado, pode ser avistado com facilidade a formação de bancos de areia, que atraem os crocodilianos para um banho de sol.
Com um pouco de sorte em meio a paisagem de fragmento de floresta –ameaçado pelo lixo irregularmente descartado -, também é possível avistar garças.
Parque da Juventude de Flores
Localizado em uma área de 1.675 metros, o Parque da Juventude do conjunto dos Subtenentes e Sargentos, no bairro Flores, zona Centro-Sul, foi inaugurado em setembro de 2019, em uma área verde degradada do local. O espaço conta com pistas de caminhada, academia ao ar livre, playground, bancos, espaço de convivência e iluminação a LED. A organização do lugar é um dos pontos positivos, apontados pelos frequentadores, que utilizam o espaço para caminhar ou brincar com os filhos.
Foto/Destaque: Divulgação Reportagem de Síntia Maciel
