24 de novembro de 2024

Produção acelerou pela terceira vez consecutiva em janeiro

A indústria do Amazonas começou 2023 com o pé direito. A produção acelerou pela terceira vez consecutiva em janeiro, período tradicionalmente fraco para o setor, e ficou 2,4% acima do patamar de dezembro de 2022. Foi um crescimento mais vigoroso do que o do levantamento anterior (+1,6%). O confronto com janeiro do ano passado confirmou uma escalada de 13% para a manufatura estadual, no melhor resultado do país. O mês foi de avanço principalmente para os fabricantes de bebidas e motocicletas, enquanto o maior tombo veio da indústria química.

A consolidação de um janeiro no azul permitiu à indústria amazonense acumular expansão de 5,1%, nos 12 meses encerrados no período. Em contraste, a média nacional seguiu negativa e encolheu 0,2%. Mas, o leque de atividades com saldo positivo foi menor nesse tipo de comparação, restringindo-se apenas a bebidas, motocicletas, combustíveis, produtos de borracha e plástico. Linhas de produção de bens de informática ensaiaram um virtual empate, enquanto a divisão de máquinas e equipamentos puxou as baixas. É o que apontam os dados da Pesquisa Industrial mensal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados nesta quinta (6).

Apesar da progressão mensal de 2,4% no ritmo de atividade industrial, o Amazonas acabou caindo do segundo para o quarto lugar do ranking das 14 unidades federativas investigadas mensalmente pelo IBGE, em um mês em que a média nacional entrou em campo negativo (-0,3%). Espírito Santo (+18,6%), Pernambuco (+17,3%) e Goiás (+2,5%) dividiram o pódio. Na outra ponta, os piores resultados vieram do Rio Grande do Sul (-3,4%), São Paulo (-3,1%) e Mato Grosso (-2%), em uma lista com oito desempenhos negativos. 

Com a decolagem de 13% ante janeiro de 2022, o Estado galgou da quinta para a primeira posição. Foi seguido por Maranhão (+11,5%) e Minas Gerais (+9,8%), enquanto Mato Grosso (-14,6%), Rio Grande do Norte (-10,5%) e Bahia (-10,3%) ficaram no rodapé. Com o acréscimo detectado nos últimos 12 meses (+3,8%), o Amazonas subiu da terceira para a segunda colocação, sendo precedido apenas por Mato Grosso (+13,7%), em um rol encerrado pelo Espírito Santo (-9,7%) e com seis unidades federativas no vermelho. 

Bebidas e motocicletas

Na comparação com janeiro de 2022, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) tombou 9% e a indústria de transformação superou a média da indústria amazonense (+15,2%), em performance inversa à do levantamento anterior (-10,4%). Apenas dois de seus dez segmentos recuaram: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -12,9%); e produtos químicos (metais preciosos, inseticidas, nitrogênio e desinfetantes) –adicionado à pesquisa, a partir desta edição. Com a mudança de metodologia, o segmento de “impressão e reprodução de gravações” (DVDs e discos), que vinha patinando, deixou de ser sondado a partir deste mês.

Em sentido inverso, a lista de subsetores em expansão foi liderada por bebidas (+36,8%); e “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +36,3%). Na sequência estão as divisões de petróleo e combustíveis (gás natural, com +17,6%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, +12,6%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +11%); máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +6,4%); e de borracha e material plástico (+1,8%). Agregado a partir desta edição, o polo de “produtos diversos” (artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras) escalou 13,7%.

O acumulado dos últimos 12 meses, por outro lado, mostrou um quadro menos favorável. A indústria de transformação (+5,6%) e suas divisões de bebidas (+19%); “outros equipamentos de transporte” (+10,5%); derivados de petróleo e combustíveis (+7,8%); de borracha e material plástico (+1,8%); e de equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (+0,2%) avançaram. Na outra ponta estão os subsetores de máquinas e equipamentos (-35,9%); produtos de metal (-10,1%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,4%). A indústria extrativa (-3,1%) também se consolidou no vermelho. 

“Baixa demanda”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, enfatizou à reportagem do Jornal do Commercio que os crescimentos apresentados pelo Amazonas, na sondagem de janeiro, foram significativos e colocaram o Estado em evidência, em virtude do desempenho da produção de oito das atividades pesquisadas. O pesquisador estima que a indústria amazonense tenha crescido também em fevereiro. 

“Entre os produtos que aumentaram sua produção em janeiro, destaque para xaropes de refrigerantes, cerveja, motocicletas, rebocadores, barcos, isqueiros, lentes para óculos e lápis. A média móvel trimestral ficou em 1,0%, o que gera boas expectativas para o levantamento de fevereiro, que será divulgado no próximo dia 26, por conta de sua atualização. Com isso, duas novas atividades industriais passaram a ser divulgadas, enquanto uma foi excluída da lista. Além disso, passaram a fazer parte da sondagem os Estados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul”, comentou. 

Em matéria postada no site da Agência de Notícias IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, informa que a maior influência negativa para o recuo da indústria nacional veio de Minas Gerais, que ainda conseguiu se segurar no subsetor extrativo. “Já o resultado do Amazonas, o terceiro de maior impacto no índice nacional, é relacionado a ‘outros equipamentos de transportes’, que foi influenciada pelo aumento da produção de motocicletas e suas peças e acessórios”, frisou.

“Demandas constantes”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considerou que os números do IBGE são surpreendentes, uma vez que janeiro costuma ser um mês de “histórica retração”, após o período de alta do final de ano. O dirigente comemorou o fato de que o crescimento se deu de forma mais disseminada desta vez, mas manteve otimismo cauteloso para o curto prazo.

“Os segmentos consolidados no PIM foram aqueles que apresentaram maior inflexão positiva: bebidas, motocicletas, metalúrgico e eletroeletrônicos. São bens que apresentam demandas constantes e uma retomada mais célere que os demais. Os concentrados possuem grande participação do subsetor químico, de sorte que a volta das férias coletivas teve impacto no resultado de janeiro. Para os meses subsequentes, a expectativa é de que os números apresentem estabilidade com leve crescimento”, ponderou.

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, ressaltou que a indústria do Amazonas vem apresentando desempenho positivo, diante dos “problemas de logística mundial” e das flutuações de demanda. Mas, preferiu não fazer projeções. “Continuamos em um momento com muitas variações no desempenho nos diversos setores da economia e ainda não há um cenário que mostre a tendência. Além disso, temos visto várias opiniões e discussões sobre a reforma Tributária a ser aprovada”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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