16 de setembro de 2024

Produção de Bicicletas

Apesar da escassez de componentes, a indústria de bicicletas do PIM pedalou com mais força e velocidade, em novembro, após a derrapagem do mês anterior.

Apesar da escassez de componentes, a indústria de bicicletas do PIM pedalou com mais força e velocidade, em novembro, após a derrapagem do mês anterior. Pelo menos 74.078 bicicletas saíram das linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus, no mês passado, 17% a mais do que em outubro de 2021 (63.336). Em relação a novembro de 2020 (63.562), o volume foi 16,5% superior. No acumulado dos 11 meses iniciais, as montadoras da ZFM já entregaram 723.950 bicicletas, gerando um acréscimo de 15,7% sobre o dado do mesmo período de 2020 (625.786).

Os dados são da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). Apesar da alta, os impactos da pandemia e da falta de insumos fazem a entidade manter dúvidas se conseguirá atingir a projeção para 2021. A estimativa é encerrar o presente exercício com 820 mil bicicletas produzidas e crescer 23,3% acima do dado consolidado em 2020. Vale notar que a meta já sofreu duas correções, uma em agosto e outra em novembro. 

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da entidade, o vice-presidente do Segmento de Bicicletas para a Abraciclo, Cyro Gazola, enfatiza que as fábricas da capital amazonense têm capacidade para produzir mais, no entanto, a escassez de peças e componentes trava o ritmo das linhas de produção. “Esse problema desorganiza toda a cadeia produtiva, pois temos dificuldades para montar alguns modelos de bicicletas”, lamentou.

A crise de abastecimento, no entanto, estaria longe de ser solucionada. De acordo com Gazola, o problema ainda deve persistir até meados de 2022. “A procura pela bicicleta cresceu no mundo todo e, mesmo trabalhando com sua capacidade total, os fornecedores não conseguem atender aos nossos pedidos nem de outros países”, explica. Cerca de 50% dos itens de uma bicicleta, como sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins são importados de fornecedores globais.

Investimentos e tecnologia

O mesmo texto destaca da Abraciclo informa que, apesar das dificuldades, as associadas da entidade mantêm investimentos nas linhas de produção e em novas tecnologias. A Sense Bike, por exemplo, inaugurou sua segunda fábrica na capital amazonense, no início deste mês. Na unidade atual, que foi ampliada, serão produzidos os quadros da Sense Bike e da Swift Carbon em alumínio. Na nova unidade, será feita a montagem de rodas e de bicicletas completas das duas marcas. 

A perspectiva da empresa é dobrar sua capacidade produtiva já a partir de 2022 e, gradativamente, quadruplicar o volume de bicicletas fabricadas nacionalmente. Texto distribuído pela detentora das duas marcas, a S2 Indústria da Bicicleta, informa que a área total do investimento conta com mais de 10 mil metros quadrados e deve contribuir para um incremento de 40% nos quadros funcionais da empresa.

No entendimento do vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, a iniciativa da Sense Bike comprova o esforço das fabricantes em se aprimorar constantemente para atender às exigências do consumidor, oferecendo produtos com nível de qualidade mundial e alto valor agregado. Cyro Gazola ressalta que, mesmo diante de todas as dificuldades, as fabricantes de bicicletas continuam anunciando “importantes lançamentos” de produtos, neste ano. 

“São bicicletas referência em tecnologia. Todas as fabricantes se aprimoram constantemente para atender às exigências do consumidor, oferecendo produtos com nível de qualidade mundial e alto valor agregado. Dessa forma, a indústria nacional de bicicletas se torna ainda mais competitiva em relação às marcas globais, fazendo com que nossos produtos sejam mais desejados e valorizados pelos brasileiros”, asseverou 

Categorias e exportações

Com 445.666 unidades fabricadas e sendo responsável por 61,60% do volume total, a MTB (Moutain Bike) liderou o ranking das categorias de bicicletas mais produzidas pelo PIM, de janeiro a novembro, ao avançar 32,98% sobre o dado de 2020 (335.145) – além de subir 13,06% ante outubro de 2021 (394.190). Com fatia de 21%, a categoria Urbana/Lazer (209.370) foi na direção contrária (-8,2%). Na sequência está a Infanto-Juvenil (61.902 e 7,2% de participação), com decréscimo de 10% na mesma comparação. 

Os melhores resultados, entretanto, vieram dos modelos com produção ainda minoritária. A maior elevação proporcional (+118,70%) foi registrada pela categoria Elétrica (9.368), que ainda responde por 0,9% do total. Com volume de fabricação pouco superior em representatividade (1,4%), a Estrada somou 14.719 unidades manufaturadas nos 11 meses iniciais de 2021, montante 79,97% superior ao de 2020 (7.659).

“A bicicleta elétrica é uma boa opção de deslocamento nas cidades e será cada vez mais comum vê-la nas ruas. O mercado para esta categoria cresce ano a ano e a perspectiva é que continue em alta. É uma tendência global de consumo: optar por produtos em sintonia com o meio-ambiente e adotar um estilo de vida mais saudável”, apontou Gazola.

O segmento também teve boas vendas no estrangeiro. A Abraciclo informa que o PIM exportou 4.976 bicicletas, em novembro, gerando acréscimo de 191,7% na comparação com outubro (1.706) e uma escalada de 625,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (686). De acordo com dados do portal Comex Stat, os principais destinos foram os países da América do Sul. Foram embarcadas 2.725 bicicletas para o Uruguai (54,8% do volume total). Na sequência vieram o Paraguai (1.825 e 36,7%) e a Bolívia (240 e 4,8%). 

No acumulado do ano, as vendas externas de bicicletas totalizaram 23.455 unidades, um aumento de 99,6% em relação às 11.749 bicicletas registradas em igual intervalo do ano passado. O Paraguai manteve a liderança deste ranking, com 11.946 unidades, respondendo por 50,9% das exportações. Foi seguido pelo Uruguai, que adquiriu 9.290 bicicletas (39,6% do volume exportado) e pela Bolívia (1.712 e 7,3%).

“Otimismo cauteloso”

Em recente entrevista ao Jornal do Commercio, o diretor executivo da Abraciclo, Paulo Takeuchi, ressaltou que a micromobilidade – que inclui bicicleta elétrica e patinete elétrico – sinaliza ser uma tendência e abrir perspectivas para o PIM, especialmente diante da alta dos combustíveis e da pandemia. O dirigente lembra, contudo que a falta de autonomia das baterias utilizadas nos veículos e carência de uma infraestrutura adequada indicam uma transição de longo prazo do polo de duas rodas para esse nicho.

Takeuchi avalia que a procura pelo produto tende a crescer, embora diga que vê as perspectivas de mercado para 2022 “com um pouco de cautela” e com “otimismo moderado”. “Na pandemia, a bicicleta e a motocicleta tiveram papel muito importante, no transporte individual – para fugir dos coletivos – e principalmente nas entregas. E os combustíveis estão passando alta muito significativa. São alguns fatores que nos levam a acreditar que a demanda vai continuar aquecida. Só esperamos que não venha outro problema maior com a questão da saúde ou da própria economia”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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