13 de setembro de 2024

Produção de motocicletas em Manaus alcançou o melhor resultado mensal em 11 anos

motocicletas

A indústria de motocicletas do PIM acelerou novamente em março e fechou o primeiro trimestre com o melhor desempenho desde 2014. O Polo Industrial de Manaus entregou 152.470 unidades, 11,8% a mais do que no mesmo mês de 2022 (136.350) e 25,3% acima da marca de fevereiro (121.703) –que teve cinco dias úteis a menos. O segmento já acumula alta de 21,4% no trimestre (397.070) –em que pese o enfraquecimento da base de comparação pela terceira onda. Os números foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nesta quinta (13).

A entidade acrescenta que, isoladamente, o resultado mensal foi o melhor em 11 anos. Com isso, as projeções para 2023 foram mantidas, mais uma vez. A estimativa é que o Polo deve fabricar 1.550.000 motocicletas até dezembro, o que representa uma elevação anual de 9,7%. A mesma base de dados confirmou nova evolução no ritmo das vendas domésticas, embora o mesmo não possa ser dito das exportações. A Abraciclo projeta 1.490.000 emplacamentos para este ano, 9,4% a mais do que o apresentado em 2022. O cálculo sobre as vendas externas ainda vislumbra um aumento de 6,6% (59.000) na mesma comparação.

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da Abraciclo, o novo presidente da entidade, Marcos Antônio Bento, comemorou o desempenho e assinalou que o subsetor segue planejamento para manter a curva de produção nos próximos meses, equilibrando a oferta e a demanda para atender o consumidor. Segundo o dirigente, atualmente, a fila de espera está em torno de um mês de produção, ou 100 mil unidades. “Depois de três anos, as fabricantes estão conseguindo operar normalmente, sem interrupções nas linhas de produção. Estamos, gradativamente, reduzindo a fila de espera dos modelos de baixa cilindrada e dos scooters”, destacou.

Vendas e exportações

As vendas para o mercado interno seguiram a mesma tendência. Em março, foram licenciadas 146.035 motocicletas, volume 32,7% superior ao do terceiro mês de 2022 (110.040), e também 45,1% maior do que o de fevereiro de 2023 (100.613). Em três meses, os emplacamentos somaram 357.209 unidades, indicando incremento de 30% e o melhor número desde 2012. A média de emplacamentos do mês, que teve 23 dias úteis, foi de 6.349 unidades por dia. Em relação ao mesmo mês de 2022 (5.002 p/dia), que teve um dia útil a menos, houve alta de 26,9%. No confronto com fevereiro (5.590 p/dia), que contou com 18 dias úteis, foi registrada elevação de 13,6%.

A região brasileira com mais emplacamentos ainda é o Sudeste (56.489), o que representa 38,7% do mercado. Na sequência, estão o Nordeste (43.843 e 30%), Norte (18.515 e 12,7%), Centro-Oeste (13.702 e 9,4%) e Sul (13.486 e 9,2%). As posições foram mantidas no trimestre, sendo que a região Norte foi a que mais cresceu, ao avançar 50,2% (45.736). 

A Street se manteve como a categoria mais licenciada no mês, com 73.358 unidades e 51,6% de participação no mercado. Foi seguida de longe pela Trail (27.300 e 18,7%) e pela Motoneta (20.432 e 14%), entre outras. As motocicletas de baixa cilindrada (até 160) representaram 81,4% (118.839) das vendas do mês passado. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam 15,4% (22.531) e as motos acima de 450 cilindradas contribuíram com apenas 3,2% (4.665). 

Em contraste, as exportações tombaram 12%, entre fevereiro de 2023 (3.198) e março (2.813), além de retrair 28,7% ante o dado de 12 meses atrás (3.944). Conforme o portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, os embarques foram liderados pela Argentina (1.486), que respondeu por 33,1% do total. Em seguida, estão a Colômbia (1.130 e 25,5%) e os Estados Unidos (922 e 20,5%). De janeiro a março, as vendas externas caíram 2,3%, de 10.587 (2022) para 10.276 (2023), sendo que os destinos preferenciais foram Argentina (4.226 e 27,3%), Colômbia (3.940 e 25,2%), e EUA (2.237 e 14,5%).

“Crescimento gradual”

Os fabricantes ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio comemoraram os números do mês. A Abraciclo informa que a Yamaha teve altas de 50,25%, em março (30.429), e de 54,34%, no trimestre (83.805). Por meio de sua assessoria de imprensa, o gerente de Relações Institucionais da Yamaha, Afonso Cagnino, destacou que os números vieram dentro da expectativa de crescer entre 5% e 10% em 2023. “A Yamaha segue um plano de crescimento gradual, sustentado em produtos de alta qualidade e tecnologia, desde o ano de 2016. Apesar da pandemia, seguimos essa trilha de bons resultados, oferecendo o que nossos clientes esperam”, frisou.

O vice-presidente industrial da Moto Honda, Julio Koga, informou, também por meio da assessoria de imprensa da empresa, que a fábrica de Manaus produziu 116.171 unidades, em março, e 297.426, no acumulado. As altas respectivas foram de 4,26% e 24%. O dirigente disse que o dado de março foi o melhor para o mês desde 2015. “A produção acompanhou a tendência dos resultados comerciais, uma vez que a demanda pela motocicleta segue aquecida”, avaliou. 

De acordo com o executivo, a projeção para 2023 ainda é de “um crescimento gradual e consistente”, com um volume 10% superior ao alcançado em 2022. “É um resultado positivo, que demonstra o quanto a demanda por motocicletas está aquecida, tanto em função do setor de entregas, quanto a busca por modais de transporte individuais, e ainda pela procura por uma opção de mobilidade mais econômica”, listou.

Fluxo de insumos

Indagado sobre o fornecimento dos insumos e seus impactos no ritmo de produção, o gerente de Relações Institucionais da Yamaha salientou que a situação melhorou, embora o fluxo ainda não esteja “100% regularizado”. “A continuar no ritmo atual, apenas no final de 2023 e início de 2024 teremos uma situação semelhante à pré-pandemia. No entanto, não há qualquer previsão de parada, pois nos adaptamos a esse cenário de falta de peças, e tornamos nossa linha de produção mais versátil e melhor preparada para condições sazonais”, ponderou Afonso Cagnino.

O vice-presidente industrial da Moto Honda concorda que os impactos da pandemia nas cadeias de suprimentos e no setor de logística geram desafios, mas ressalta que a empresa vem “trabalhando continuamente” junto aos fornecedores para “manter os volumes estabelecidos”. “Até o momento, não temos um impacto programado na produção por falta de insumos. Mas, a empresa monitora a situação constantemente”, arrematou Julio Koga.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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