21 de novembro de 2024

Produção industrial do Amazonas retoma alta em abril 

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Face: @jcommercio

A indústria amazonense retomou alta em abril, após o mergulho do final do primeiro trimestre. O setor cresceu 4,2% ante março – que teve dois dias úteis a menos –, em sentido inverso ao do conjunto da indústria brasileira. A manufatura do Estado saiu do refluxo que se seguiu ao boom pós-crise da vazante para retomar ritmo acelerado, decolando 10% frente ao mesmo período de 2023. Puxado pelos carros-chefes do PIM, o desempenho veio mais forte do que a média nacional, em ambas as comparações (-0,5% e +8,4%). Mas, ainda não foi suficiente para repor as perdas de março (-13,4% e -10,9%).

Com a retomada de abril, a atividade fabril do Amazonas renovou o quadrimestre no azul, atingindo 5,7% de expansão, o melhor desempenho do país. A manufatura foi alavancada por seis dos dez segmentos industriais sondados, com destaque para a linha de produção de condicionadores de ar. O impulso reposicionou o acumulado dos 12 meses no campo positivo (+0,6%), mas pouco além da estagnação. O Estado superou a média nacional (+3,5% e +1,5%) somente na primeira comparação. Os números são da Pesquisa Industrial mensal e foram divulgados pelo IBGE nesta sexta (14). 

Com a progressão de 4,2% diante de março, o Amazonas galgou do último para o quarto lugar do ranking nacional, em uma lista liderada pelo Paraná (+12,8%) e encerrada pelo Pará (-11,2%), e com apenas quatro resultados negativos. A alta de 10,9% na variação anual, fez o Estado sair da penúltima para a nona posição, em um rol liderado pelo Rio Grande do Norte (+25,6%) e encerrado pelo Pará (-13,6%). A elevação apresentada no quadrimestre (+4,4%) foi novamente a sétima melhor do Brasil, sendo que a manufatura amazonense ficou na 11ª colocação no acumulado dos 12 meses (+0,6%). 

Eletroeletrônicos e motocicletas

Na comparação com abril de 2023, a indústria extrativa (que produz óleo bruto de petróleo) do Amazonas desmoronou 8%. Em contraste, a indústria de transformação escalou 11,5%, graças a seis das dez atividades acompanhadas pelo IBGE. Apenas derivados de petróleo e combustíveis (gás natural, com -51%); produtos químicos (metais preciosos, inseticidas, nitrogênio e desinfetantes, com -15,3%); bebidas (-4,4%); e “produtos diversos” (artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras, com -2%) foram na direção contrária.

Em sentido inverso, a lista de linhas de produção em alta foi puxada principalmente máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +115,3%). Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +43,5%); “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +35,2%); borracha e material plástico (+20,6%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +13,7%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +9,4%) ocuparam as demais posições. 

No acumulado do ano, o recuo da indústria extrativa já está em 5,9%, enquanto a indústria de transformação progrediu 6,5%. Os incrementos de produção desta também foram disseminados em seis subsetores, incluindo máquinas e equipamentos (+63,5%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+22,3%); “outros equipamentos de transporte” (+12,8%); produtos de metal (+11,6%); borracha e material plástico (+10%); e equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (+6,4%). Em contrapartida, as divisões de petróleo e combustíveis (-24,6%); bebidas (-8,9%); “produtos diversos” (-4,9%); produtos químicos (-4,5%) produziram menos.

“Cenário de incertezas”

O chefe da Disseminação de Informações IBGE-AM, Luan da Silva Rezende, reforçou que, após a “brusca retração de março”, a produção industrial do Amazonas voltou a apresentar resultado positivo em abril, ficando acima da média nacional na maior parte das comparações. Mas, não descarta a possibilidade de novas oscilações, no curto prazo. “Das 11 atividades do polo industrial investigadas pela pesquisa, 6 tiveram aumento de produção e 4 tiveram destaque com os melhores resultados dos últimos 12 meses. Mas, apesar dos resultados positivos, a média móvel apresentou resultado negativo, gerando um cenário de incertezas pros próximos meses”, analisou.

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, amenizou o desempenho negativo da indústria brasileira na variação mensal. “É importante ressaltar que o comportamento nacional em abril, de recuo, foi concentrado em atividades com maior peso, mas com um espalhamento das demais atividades no campo positivo, demonstrando sete atividades em queda e 18 em crescimento. Da mesma forma, na pesquisa regional, observamos apenas cinco locais com comportamento negativo nesse mês”, destacou.

O analista do IBGE ressalvou também que o incremento expressivo da manufatura nacional na comparação com abril de 2023 se deve a fatores pontuais. “Pode-se notar um número significativo de resultados com dois dígitos. Isso é explicado pela base de comparação mais baixa, em alguns locais, e principalmente, pelo efeito-calendário positivo significativo, já que abril de 2024 teve 22 dias úteis, quatro a mais do que no mesmo mês do ano anterior, quando foram 18”, explicou.

“Tendência branda”

Para o presidente da Fieam e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, os números não causaram surpresa. “Nossas expectativas, desde o prognóstico anterior, era de que o Polo Industrial de Manaus continuaria com tendência branda de crescimento. Os segmentos já consolidados devem continuar apresentando bons números, puxados pelo avanço no consumo das famílias. É esperado, todavia, que os indicadores apresentem oscilações ao longo do ano, diante do cenário econômico e político ainda instável, que refreiam um crescimento constante”, ponderou.

Já o presidente da Aficam, Roberto Moreno, se mostrou feliz diante dos “ótimos indicadores” “Isso demonstra uma teoria que defendo, de que as sazonalidades ocorrem por fatores pontuais e diversificados por segmento. Isso é ótimo. Do contrário, poderíamos ter um ‘afundamento coletivo’ desses índices, o que seria desastroso ao Polo, ao menos pelo meu ponto de vista. E como as empresas estão cumprindo seus objetivos de produção, acredito que continuaremos colhendo os frutos do nosso plantio na ZFM, com o esperado retorno advindo dos investimentos e da crença no nosso modelo”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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