A tecnologia é fruto de uma parceria internacional do Instituto com a Universidade Politécnica da Catalunha, tornando a RDS Mamirauá a primeira área protegida do planeta totalmente monitorada por inteligência artificial
O Projeto Providence, uma parceria desenvolvida entre pesquisadores do Instituto Mamirauá e da Universidade Politécnica da Catalunha que integram a equipe Providence Plus, é um dos seis finalistas e o único representante amazonense na premiação internacional XPRIZE Rainforest Florestas Tropicais, uma competição global de cinco anos que premiará uma nova tecnologia no valor de 10 milhões de dólares.
Também denominado Sistema de Monitoramento da Biodiversidade e Vigilância Territorial da Amazônia, o Providence é uma solução tecnológica de monitoramento da biodiversidade baseada em sensores com inteligência artificial. Por meio de drones, a biodiversidade da Amazônia e de outros biomas pode ser monitorada em um nível inédito de velocidade.
Além de identificar espécies em tempo real e enviar dados remotamente, o sistema garante agilidade na obtenção de informações e auxilia na fiscalização e manutenção da conservação da floresta. Com o Providence, a Reserva de Desenvolvimento (RDS) Mamirauá é hoje a primeira área protegida do planeta totalmente monitorada por inteligência artificial.
De acordo com Emiliano Ramalho, diretor técnico-científico do Instituto Mamirauá, estar na fase final do XPRIZE Rainforest é o ápice de um trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de dez anos. “A expectativa para essa competição é muito alta, pois a gente vem trabalhando no Providence há mais de uma década. O projeto faz o monitoramento da biodiversidade usando inteligência artificial. Hoje, já conseguimos monitorar inteiramente a RDS Mamirauá em tempo real através dessa tecnologia”, explica Emiliano, destacando que um dos objetivos também é ampliar essa solução para toda a Amazônia e, posteriormente, desenvolver processos que levem essa tecnologia para ser utilizada em outros biomas.
Competição e fase final
O XPRIZE Rainforest é realizado pela entidade internacional XPRIZE e pela Alana Foundation. A competição surgiu com o objetivo de reunir especialistas de diferentes áreas, desde cientistas a engenheiros e roboticistas, para desafiá-los a usar novas tecnologias voltadas a acelerar o monitoramento da biodiversidade tropical. A disputa iniciou em 2019, contando com a participação de mais de 300 equipes ao redor de todo o mundo. Em 2023, seis equipes foram selecionadas como finalistas do prêmio.
A competição entra agora na sua fase final. Ao longo do mês de julho, as seis equipes finalistas irão testar suas tecnologias para mapear rapidamente a biodiversidade de florestas tropicais como a Amazônia. Comunidades do interior do Amazonas serão o palco para os testes. Os finalistas devem ser capazes de pesquisar 100 hectares de floresta amazônica em 24 horas e relatar os dados em tempo real em até 48 horas.
“Essa é uma oportunidade de co-criar soluções juntos. O XPRIZE é a maior plataforma para tecnologias para a biodiversidade na história e, quando eu olho para o futuro, vejo os países sendo ajudados pelas soluções que foram testadas aqui”, afirma Peter Houlihan, vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação da XPRIZE.
Para celebrar esse marco, uma cerimônia de abertura da fase final foi realizada na noite da última quarta (03), no Teatro Amazonas. O evento contou com a presença das equipes finalistas, parceiros e financiadores da premiação, além de apresentações musicais especiais com a participação da cantora Maria Gadú e da Orquestra de Câmara do Amazonas (OCA).
“Esse momento é o ápice de cinco anos de muito trabalho. Mais que uma competição, é um momento de celebração da ciência e inovação e, na verdade, uma grande cooperação de cientistas e pesquisadores em prol da conservação da biodiversidade, especialmente no contexto de emergência climática em que nos encontramos”, destaca Pedro Hartung, diretor-executivo da Alana Foundation.
Futuro
Após a etapa final de testes, o resultado do XPRIZE deve ser divulgado somente em agosto. Segundo o diretor técnico-científico do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho, independentemente do resultado, os próximos passos para o projeto Providence representam um grande desafio de expansão.
“A ideia, caso a gente vença, é aplicar esse investimento em prol do desenvolvimento da tecnologia para colocá-la para funcionar em outras áreas da Amazônia, implementando ainda o sistema como uma ferramenta nacional de monitoramento que hoje não temos para acompanharmos a biodiversidade e o meio ambiente e auxiliarmos na fiscalização”, conclui.