A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) divulgou a pesquisa Raio-x do Investidor – edição 2019. O estudo tem apoio do Datafolha e traça os hábitos de poupança e de investimento dos brasileiros.
Os dados, levantados em novembro de 2018, revelam que no Brasil os poupadores preferem segurança à rentabilidade na hora de investir: 88% dos investidores optaram pela caderneta de poupança, seguida pela previdência privada (6%), títulos privados (5%) e fundos de investimento (4%) na preferência nacional.
Fabio Louzada, economista e CEO da startup Eu Me Banco, acredita que existe um longo caminho de educação financeira a ser percorrido no país. “Isso passa não apenas pelo conhecimento do investidor, mas, sobretudo, pelo nível dos profissionais que o orientam. Esse é um dos motivos de eu ter resolvido sair do banco para formar profissionais especialistas na área de investimentos”.
Os números reforçam o conservadorismo brasileiro na hora de investir. No total, 48% preferem constituir uma reserva financeira sem riscos a ter um bom retorno financeiro. Os títulos públicos, considerados um dos mais seguros para o perfil conservador, ao contrário do que a lógica indica, recebeu aporte de apenas 3% dos investidores.
“A poupança pagou por muito tempo 0,5% mais a taxa referencial ao mês, enquanto os juros estavam a praticamente 1% ao mês até pouco tempo. Mesmo assim, muitos optaram por manter a poupança. Temos um desafio muito grande, que vai além de comparar segurança com rentabilidade. É preciso falar de planejamento para aposentadoria, planejamento fiscal e sucessório, saber fazer uma boa gestão financeira”, alerta Louzada, que é credenciado a Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e membro da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).
Crise e desemprego
A Anbima credita o baixo número de investidores em produtos financeiros à crise econômica e agravamento do desemprego. Segundo a pesquisa, apenas 8% dos brasileiros aplicaram dinheiro em produtos financeiros em 2018, o que mostra grande falta de conhecimento sobre as características e rentabilidades das ofertas disponíveis no mercado.
“O mercado de investimentos tem um grande potencial de crescimento no Brasil, mas para atender a demanda, planejadores financeiros, assessores e consultores de investimentos precisam estar bem preparados. Acredito que a proporção de 88% que aplicam em poupança, é praticamente a mesma proporção de profissionais que não estão preparados para realizar todo o planejamento financeiro do investidor”, avalia Fabio Louzada, que lançará em breve pela Eu Me Banco o projeto Clube dos Especialistas em Investimentos.
O estudo deixou claro que o profissional especialista em investimentos permanece como peça central no processo de coleta de informações e tomada de decisão dos investidores, sendo a primeira opção para 42% das pessoas.
A pesquisa Raio-x do Investidor 2019 contou com a participação de entrevistados de todo o Brasil com mais de 16 anos, das classes A, B e C, economicamente ativas e que vivem de renda ou são aposentadas. Para mais informações, acesse o site da Anbima.