15 de setembro de 2024

Receita de R$ 1,47 bilhão com Natal

As vendas do varejo da capital amazonense cresceram 6% ao final do Natal de 2022, conforme esperado. O resultado veio no teto faixa projetada pela CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas), que era de 5% a 6%. Com isso, a receita bruta do conjunto das empresas chegou a R$ 1,47 bilhão, como previsto pelos lojistas. O ticket médio, por outro lado, ficou um pouco acima do aguardado (R$ 165) e acabou fechando em R$ 168. Os produtos mais vendidos foram itens de vestuário, calçados e brinquedos, sendo que os primeiros ficaram acima das expectativas. 

A confirmação das expectativas l foi uma ótima notícia para os lojistas, que apostaram tudo no evento natalino, que é o carro chefe do calendário do comércio. Especialmente após o desempenho das vendas para a Black Friday e a Copa do Mundo terem vindo pouco aquém do aguardado, em sintonia com a menor oferta de promoções, a resiliência no endividamento das famílias e a tendência de o consumidor utilizar parte significativa do 13º salário para quitar dívidas. Mas há dúvidas quanto ao andamento das vendas no começo de 2023.

Vale notar que o resultado das vendas de Natal também atingiu a faixa de crescimento estimada pela Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas). Mas, veio menos encorpado do que o obtido em 2021, quando a taxa de expansão chegou a 12%. Vale notar que o desempenho daquela época veio em cima de uma base de comparação muito mais fraca – e arranhada pelos primeiros impactos da segunda onda da pandemia. E, mesmo tendo atingido alta de dois dígitos, a performance daquele ano, diferente da registrada neste, ficou aquém do esperado. 

“O desempenho real das vendas chegou à marca dos 6%, como previsto, e isso se refletiu na intensa movimentação de todas as lojas e shopping centers, além do volume de lojas que inauguraram para 2023. Como, no ano passado, o Natal foi de sábado para domingo, a quinta e sexta-feira, que o antecederam, foram bastante aquecidas para o comércio e o sábado foi um complemento das vendas, principalmente dos retardatários que deixaram para realizar suas compras de última hora”, ressaltou o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag.

Vestuário e perfumaria

A sondagem preliminar da intenção de compras promovida pela CDL-Manaus já informava que 89% dos consumidores de Manaus pretendiam comprar presentes para o Natali, sendo que a maioria dos entrevistados pela entidade estava disposta a dispender de R$ 101 a R$ 200 (30%), entre R$ 201 e R$ 300 (24%), ou até R$ 100 (22%). Promoções e descontos (64%), assim como o preço (43%) estavam entre os fatores primordiais para a escolha do produto, embora parcela significativa tenha priorizado a qualidade da compra (56%).

O balanço das vendas confirmou que presentes mais baratos e com prestações mais fáceis de caber no bolso confirmaram a preferência do consumidor, já esboçada na sondagem. Itens de vestuário estiveram na lista de compras de 59% da clientela. Na sequência vieram calçados (30%), perfumaria e cosméticos (25%), brinquedos (23%) e acessórios e bolsas (12%). O percentual atingido por viagens (12%) ficou bem acima do esperado, mas os gastos com outros produtos de maior valor agregado, como smartphones (7%), eletroeletrônicos (6%), semijoias/semijoiais (6%), games e jogos (2%) e artigos esportivos (2%) seguiram minoritários 

A CDL-Manaus não confirmou quais as modalidades de pagamento, ou os locais de compra efetivamente  escolhidos pelo consumidor, no Natal. O levantamento preliminar indicava que a maior parte dos consumidores de Manaus estava disposta a fugir do crédito, buscando alternativas de pagamento à vista, como dinheiro (41%), cartão de débito (17%), ou Pix (15%) – que vem ganhando rapidamente a preferência da clientela. Apenas 13% apontaram o parcelamento no cartão de crédito como escolha e outros 6% esperavam usar esse meio de pagamento em uma única prestação. O Centro foi o ponto de compras escolhido por 46% dos entrevistados, seguido pelos shoppings (40%), lojas de bairro (22%), internet e lojas virtuais (16%), supermercados (15%). 

“Tenho impressão que o resultado foi atingido pelas redes novas, que trabalham extensivamente com crédito e muitos produtos voltados para a baixa renda. Analisando essa lista, é comum que o vestuário tenha muitas vendas, assim como a perfumaria, porque são itens mais baratos. Acho até que calçados poderia ter uma participação maior. O que me surpreendeu aí foi o desempenho das viagens, pois o consumidor ficou muito mais comedido e criterioso em suas compras, para evitar endividamento e inadimplência”, analisou o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho.

Compasso de espera

Indagado se o resultado positivo de vendas no Natal poderia abrir caminho para dias melhores também nos demais meses, o presidente da assembleia geral da ACA disse que o setor ainda está em standby em relação aos movimentos do novo governo federal, o que sinalizaria uma “sazonalidade devagar”. “Ainda há muita incerteza, em razão das políticas públicas prometidas. O governo deve contar com uma lua de mel de quatro meses e pode promover algumas ações que estimulem a demanda. Mas, estão querendo gastar mais do que o orçamento permite e isso pode gerar problemas”, alertou Ataliba David Antonio Filho.

Na mesma linha, o presidente da CDL- Manaus salientou que o panorama que emergiu na primeira semana de troca de guarda em Brasília ainda está muito “duvidoso” para os humores empresariais e sua intenção de investir. Da mesma forma, Assayag acrescenta que essa sensação de insegurança generalizada e consequente compasso de espera devem inibir o percentual de efetivações entre os trabalhadores temporários contratados para as festas de fim de ano.  

“Estão todos com muito medo e acredito que vão esperar um pouco mais, passados uns 30 dias, para ver qual é o pensamento do governo e o que ele fará. É o que me dizem todos os empresários com quem converso. Está todo mundo paralisado, esperando os resultados que venham do Executivo federal. Acredito que, neste momento, teremos uma demissão de mais de 50% dos funcionários temporários. Mas isso tem que acontecer, porque essa dúvida que inibe a realização de novos projetos está demorando”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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