Quem pensa que o passeio a Rio Preto da Eva se resume aos banhos no balneário do rio Preto, se engana. A zona rural da cidade esconde belas cachoeiras perdidas em meio à floresta. Três delas podem ser encontradas num mesmo ramal, o ramal do Procópio, a um quilômetro de distância uma da outra. Todas estão em terrenos particulares e o ideal é fazer um agendamento para visitas. Nenhum dos locais disponibiliza alimentos ou bebidas, e não impedem que os visitantes os levem.
A estrada para se chegar a Rio Preto da Eva é a AM-010 (Manaus/Itacoatiara). A cidade começa no km 80 e o ramal do Procópio, no km 113, fica do lado esquerdo de quem vai para Itacoatiara. A pista do ramal está completamente asfaltada.
Cachoeira do Foly
Em 1972 o paraibano Pedro Henrique, então com 22 anos, trabalhava como prestamista e buscava seus clientes nas incipientes estradas BR-174 e AM 010.
“Chegava até o Rio Preto da Eva, onde não morava ninguém, mas já tinha esse nome. Só havia um galpão. Era uma área do governo. O rio, antes de ficar poluído, era de cor muito preta, já o Eva, dizem, é o nome de uma senhora que morava naquela região. Vendia meus produtos para os caseiros, nos terrenos, na estrada. Ia de moto. A estrada era toda na piçarra”, recordou.
Quando Rio Preto da Eva foi elevado à categoria de município, em 1981, Pedro foi morar na cidade.
“Há uns 35 anos adquiri esse terreno, com a cachoeira. Naquela época era totalmente isolado. Hoje o ramal está asfaltado. O nome Foly, é porque eu tinha um amigo paraibano, o João, e tudo o que ele falava completava com o ‘fole’, tipo mineiro, que usa a palavra ‘trem’ o tempo todo. Aí passaram a chamar ele de João do fole. Quando foi embora, passaram a me chamar de fole, então a cachoeira ficou conhecida como cachoeira do Foly, com ‘y’, pra ficar mais bonito”, contou.
A cachoeira do Foly, como toda cachoeira, é magnífica, e ainda apresenta uma característica: as águas caem sobre um emaranhado de pedras imensas formando um belo cenário para fotos. Ela fica no km 14 do ramal (no lado esquerdo de quem vai). É preciso conversar com o caseiro e acertar o valor do pagamento, de acordo com a quantidade de pessoas.
Cachoeira do Careca
Há 20 anos o casal Gilson e Márcia Reis vive no Sítio Família Reis, onde está localizada a cachoeira, no km 15 do ramal (no lado direito de quem vai).
“Esse terreno pertenceu ao meu avô, o português Manoel Reis, que o comprou para fazer plantações. Quando ele morreu os filhos herdaram e eu comprei deles”, explicou Gilson.
A cachoeira fica numa área de muitas pedras. Uma pequena praia antecede uma barreira de pedras, construída por Gilson. Do outro lado, o igarapé de águas límpidas segue rumo à floresta fechada.
“Tem um projeto da prefeitura que é transformar esse ramal numa área turística devido às cachoeiras, mas não saiu do papel, então eu mesmo abri trilhas na mata e construí um pequeno santuário ideal para católicos. Temos corredeira, fonte de água mineral e árvores centenárias”, informou.
As visitas ao Sítio Família Reis devem ser agendadas, pois o casal dá preferência a visitantes religiosos que queiram acampar no local e desfrutar da natureza com paz e harmonia.
Informações: 9 9447-2258.
Cachoeira do Cabeludo
No km 16, depois de passar pela ponte, caída há mais de um ano levada pelas águas, chega-se à porteira do terreno onde se encontra a cachoeira do Cabeludo. Existe uma ‘pinguela’ ao lado da ponte, mas veículos mais pesados devem evitar atravessá-la. O ideal é estacionar nas imediações e ir caminhando até o terreno, não muito distante.
O proprietário da área é o paraense Raimundo Nonato dos Santos Costa. Ele mora no local há 41 anos, mas só recentemente seu filho Raimundo José resolveu transformar o espaço num empreendimento turístico.


“Eu gostava de caçar e vinha para essas matas. Um dia, em 1982, cheguei até onde ficava a cachoeira e gostei do local. O dono do terreno quis vendê-lo, e eu comprei”, falou Raimundo Nonato.
Assim como nas outras cachoeiras, a área do entorno da cachoeira do Cabeludo está praticamente intocada.
Desde que assumiu a administração do terreno, Raimundo José, com visão empreendedora, o transformou numa área para turismo.
“As pessoas chegavam, entravam no terreno para ir tomar banho na cachoeira, e nem pediam nossa autorização. Então resolvi construir a cerca com a porteira. Agora precisa pagar para entrar”, avisou.
Os preços variam: carros: R$ 20; vans, R$ 30; micro-ônibus, R$ 50; ônibus, R$ 100, e quem quiser fazer camping, é cobrado R$ 10, por pessoa. Os pagamentos devem ser em espécie, pois não há internet no local.
A cachoeira do Cabeludo está aberta de domingo a domingo, das 7h às 17h.
Informações: 9 9522-3975.
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