12 de setembro de 2024

Terapia auxiliar: Hipnoterapia

Há séculos o homem tenta a cura de seus semelhantes buscando ‘entrar’ nas suas mentes. O transe, experimentado por muitas pessoas, sempre foi um mistério para médicos e estudiosos da mente. A hipnose é a técnica mais próxima de se fazer alguém entrar em transe e conseguir a cura de determinados problemas emocionais. Este ano a palavra hipnotismo está fazendo 180 anos, desde que o médico escocês James Braid achou que o transe era uma indução ao sono e o denominou assim. Hipno, do grego, significa sono. Hipnotismo apresentado em shows de entretenimento passam longe da seriedade da hipnoterapia, desde 2000 reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia como terapia auxiliar.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o hipnoterapeuta clínico Rodrigo Medeiros, especialista em neuropsicologia, explicou como funciona e para que serve a hipnoterapia.

Jornal do Commercio: Como a hipnose atua na mente humana?

Rodrigo Medeiros: Atua conectando a um estado de consciência modificado, que permite direcionar, partindo de um estado atual para um estado desejado, o indivíduo a pensar sobre si mesmo e por si mesmo, eliminando qualquer fator externo que possa influenciá-lo, podendo ser de forma verbal ou não.

JC: Existem pessoas que não são hipnotizáveis. Só mentes mais sugestionáveis o seriam?

RM: Qualquer pessoa que se permita entrar em estado de transe hipnótico pode acessar seu estado mental de conexão e se perceber no controle do seu consciente. Entretanto, há certas pessoas que não se permitem, buscando sempre racionalizar sobre os seus pensamentos, sentimentos e emoções, e essas que se limitam a acessar esses estados são menos suscetíveis a entrar em estado hipnótico. A pessoa sempre tem o controle para acessar o estado hipnotizável, o terapeuta é somente o condutor.

JC: O que é a hipnoterapia e para que serve?

RM: A hipnoterapia é um conjunto de práticas terapêuticas entre um paciente e um hipnoterapeuta cuja alteração da psique tem a intenção de oferecer novas oportunidades de se perceber uma alteração de um estado atual para um estado desejado melhor que se busque alcançar.

JC: Um hipnotizado aceita várias ‘ordens’ do hipnotizador, mas se recusa a matar alguém, ou se suicidar, por exemplo. Como se explica isso?

RM: O hipnoterapeuta jamais será capaz de dar ordens a uma pessoa. Isso é mito. Na prática o que ocorre é que o hipnoterapeuta conduz a pessoa a um estado de relaxamento e conexão interior, no qual a pessoa é direcionada através de sugestões diretas, indiretas ou inespecíficas, verbais ou não verbais, a acessar seus recursos e assim resolver, com direcionamento do hipnoterapeuta, ou alterar os comportamentos e situações. Claro que há uma modalidade de hipnose show no qual o hipnólogo aplica sugestões de entretenimento, como por exemplo, esquecer o próprio nome, esquecer números ou ficar gago, mas a pessoa sempre estará consciente.

JC: Desde 2000 a hipnose foi reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia como terapia auxiliar. Quais problemas emocionais a hipnose pode tratar?

RM: A hipnoterapia é indicada para tratar ansiedade, baixa autoestima, tristeza, perdas e luto, depressão, transtorno do pânico, estresse, insônia, fobias, traumas, dores crônicas, aceitação do corpo, cansaço e falta de energia, disfunções sexuais, fibromialgia, agressividade, procrastinação, vícios, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), entre outros.

JC: Uma pessoa que tenha sofrido um trauma pode curá-lo através da hipnose?

RM: É possível, com indução de hipnose clínica, encontrar as causas de traumas, fobias e registros limitantes de uma pessoa e assim ressignificar o efeito, podendo ser dessensibilizado e dissociado através dos sentidos e, no estado de transe hipnótico, ser observado de forma consciente e tratado com a opção que ela desejar: eliminar, entender ou dar um novo sentido para aquela situação.

JC: A hipnose pode levar o hipnotizado a vidas passadas?

RM: Na hipnose clínica aplicamos a técnica da regressão de emoções, na qual a pessoa tem a oportunidade de regredir a emoções, sentimentos e pensamentos na sua trajetória de vida, ou seja, ela pode voltar a registros de certo fato que deseja tratar, ocorrido durante a sua vida, mas sempre nas suas memórias, jamais em outras vidas passadas. Um exemplo: você pode buscar o dia mais feliz da sua infância.

JC: Quanto tempo demora uma sessão de hipnose e quantas são necessárias para tratar de determinado problema?

RM: Cada sessão de hipnose clínica e reprogramação mental tem duração de uma hora, no mínimo, até duas horas em média dependendo da abordagem aplicada, lembrando que cada pessoa tem uma forma específica de tratamento. O tratamento da ansiedade, por exemplo, pode variar de quatro a oito sessões, com uma por semana, para apresentar resultados satisfatórios. A hipnoterapia e reprogramação mental é um processo sem qualquer contra indicação, extremamente seguro e pode ser aplicado em qualquer idade.

Informações: 9 9489-4089 e 9 9112-3838

Face e Instagram: Rodrigo Medeiros am

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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