Todo tipo de trabalho, dos bens de consumo à arte, para continuidade é necessário que tenha sucesso. Sem sucesso, sem lucro, sem retorno financeiro não é possível dar prosseguimento.
Há alguns anos vi uma entrevista de uma ordem religiosa católica onde a irmãs são especialistas em aplicações na bolsa de valores e obtêm excelentes lucros. Quando questionadas se aquilo era correto, a resposta foi imediata: “É dessa forma que conseguimos manter e dar uma boa educação às nossas crianças”.
Trabalhamos e esperamos ter sucesso para melhorar nosso padrão de vida, realizar sonhos materiais e também ter satisfação pessoal, afinal a aceitação e os aplausos também fazem parte das expectativas dos seres humanos. Uma peça de teatro sem aplausos não terá vida longa, sem retorno financeiro será mais breve e os atores terão dificuldades para se manter.
Sem sucesso o empreendimento simplesmente acaba e com ele se vão os empregos e vêm as dificuldades das famílias. Nosso assunto é sucesso, este, quando significativo, possibilita aos empreendedores expandirem seus negócios, aumentarem as possibilidades de ação, a razão para tomar determinadas medidas, o direito de agir de acordo com regras que eles mesmos possam estabelecer, obtêm e concedem autorização para que tarefas sejam realizadas da forma como precisam. Isso, em resumo, é poder.
Sucesso e poder nem sempre atendem às necessidades pessoais, pois muitos precisam de um reconhecimento individualizado. Há uma frase para os trabalhos em grupo, que destaca esse conceito, que diz: “O erro é coletivo, mas o acerto individual, nós erramos, mas eu acertei”.
Quem não se contenta com sucesso e poder, busca notoriedade, por suas ações ou por ações coletivas que toma para si como forma de ter renome ou fama, como é mais conhecida essa situação. Na vida empresarial, esse tipo de comportamento gera dissabores e conflitos, uma vez que está no palco atitudes, comportamentos e sentimentos de todo o grupo.
Noventa e nove por cento dos resultados obtidos numa empresa são frutos de progressivos ajustes e colaborações coletivas, seja nas suas criações, nas suas realizações, nos seus aperfeiçoamentos, na sua difusão, assim como na sua aplicação, como diz Domenico de Massi sobre criações. Não é difícil para quem teve sucesso, galgou os degraus do poder e obteve fama acreditar que esse estado seja eterno. Não fosse assim as pessoas seriam mais parcimoniosas.
Há pouco tempo, lendo sobre a vida das abelhas, vi um texto que dizia: Uma boa colméia consome dezoito quilos de mel numa temporada, contudo produz quarenta.Uma boa receita para garantir sobressaltos e temporadas difíceis.
A expectativa do ser humano não se encerra na fama, há um degrau com brilho, esplendor que pode ser atingido: a glória.
Que tal ter sucesso, poder, fama e ainda ter a glória de ser reconhecido por feitos extraordinários? Nessa escalada há um detalhe que se esquecido pode colocar tudo a perder: a continuidade do sucesso. Dizem os artistas da música com muita propriedade: “fazer o primeiro sucesso é difícil, agora o segundo, aí sim, as coisas se complicam!”
Para as empresas a situação não se restringe ao primeiro ou ao segundo, mas a sucesso sempre, ainda que poder, fama e glória não lhes sejam atribuídas.
IVAN POSTIGO é economista e bacharel em Contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP.