21 de dezembro de 2024

Superocupado ou sem prioridades?

Kevin De Young debruçou-se sobre esse problema com um livro (misericordiosamente) pequeno

É um lugar comum se ver superocupado, com coisas acumuladas, coisas por fazer, coisas não feitas e coisas mal-feitas. É quase um mantra dos dias atuais. Sair dessa sensação é um sonho para muitos que buscam paz com realizações e a alegria de sentir-se produtivo, sem estresse. 

O escritor norte-americano Kevin De Young debruçou-se sobre esse problema (realmente) grande com um livro (misericordiosamente) pequeno. Pastor na University Reformed Church, em Michigan, Kevin trata do tema numa perspectiva prática e pessoal, tomando como exemplo suas muitas demandas que servem até mesmo para quem não se ocupa com as idas e vindas de uma igreja. Afinal quem nos dias de hoje não tem múltiplas atividades, incluindo trabalho, relacionamentos, estudo, lazer e desenvolvimento pessoal? 

Um trecho bem interessante do livro que ultrapassa a abordagem religiosa é a análise que o autor faz para o que chama de “cruel puerigarquia” que nada mais do que o fato de os pais atualmente praticamente enlouquecerem por causa dos filhos. São tantos cuidados e tantos conhecimentos sobre desenvolvimento infantil que muitos pais acabam num estresse ferrenho para dar aos seus filhos oportunidades de alcançar seu potencial máximo. Assim, haja escola particular, inglês, natação, balé, piano, coach, psicólogo, terapeuta, massoterapia. Tudo para garantir o sucesso dos filhos ao custo do estresse dos pais e sua consequente perda de saúde, humor e disposição para outra coisa que não seja o cuidado dos filhos. 

O autor lembra que até pouco tempo os pais procuravam alimentar os filhos, dar educação e mantê-los longe de queda ou de explosivos. Hoje os filhos precisam dormir de costas, escutando Mozart, sendo veganos, estudando piano e sem poder sair da cadeirinha especial do carro até ter quase um metro e setenta!

Para fugir das ditaduras dos dias atuais que incluem tanto o demasiado zelo com os filhos, como a necessidade de estar conectado, a saída, segundo o autor, é descansar mais e ser criterioso com aquilo que é mais importante. Na perspectiva do autor, o fundamental é estar com a vida espiritual saudável, respeitando seu corpo, seus limites, buscando alimento para o espírito no relacionamento com Deus. Todas as demais coisas são acrescidas após isso.

Fred Novaes

É jornalista

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