Após oito rodadas de negociações na tentativa de fecharem um acordo da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) 2021-2022, trabalhadores do setor plástico do PIM (Polo Industrial de Manaus) aos poucos estão consolidando movimentos de paralisação das atividades. Sem sucesso nas tratativas, a categoria resolveu cruzar os braços.
Francisco Brito, presidente do Sindiplast (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Material Plástico de Manaus), confirmou que trabalhadores de algumas fabricantes estão aderindo ao movimento e a ideia é que todas as fábricas do setor plástico parem.
“As empresas não querem registrar o INPC (Indice Nacional de Preços ao Consumidor) para o acordo. Insistem em dividir o valor, nós não aceitamos. A data-base da categoria é este mês. Estamos fazendo a nossa parte, estamos parando as empresas. Ou eles acatam ou vamos manter a greve”. O movimento reúne 104 fabricantes do setor, associadas ao sindicato.
Em dezembro, os trabalhadores da indústria de material plástico sinalizavam deflagrar greve caso o acordo entre os sindicatos patronal e laboral não avançasse. Em algumas ocasiões os trabalhadores interromperam as atividades por uma hora. “A categoria precisou realizar atos reivindicatórios, sinalizando uma possível paralisação, caso o nosso pleito não fosse atendido. Foram várias rodadas de negociações e não houve acordo”.
Acordo segue em andamento
Segundo o diretor executivo do Simplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico de Manaus), Paulo Abreu, as negociações ainda seguem em andamento por dois motivos: o primeiro é que não houve o fechamento oficial do índice do INPC de janeiro a dezembro de 2021. A expectativa é que esses números devam ser divulgados entre 12 a 15 de janeiro.
“Tivemos que paralisar as nossas negociações em 23 de dezembro por conta do período de festas. Vamos realizar uma assembleia com as empresas no dia 18 e vamos fazer uma agenda de negociações para finalizar entre 22 a 25 de janeiro.
Apesar de Abreu afirmar que as tratativas seguem, o presidente do sindicato laboral diz que a categoria não foi informada. “Não chegou até nós essa informação. Nós estamos fazendo o nosso trabalho em porta de fábrica. Os trabalhadores estão muito revoltados porque se trata de um aditivo, só da parte econômica. As coisas vão começar a piorar. Enquanto não fecharem um acordo e não derem uma resposta a paralisação será mantida”.
Segundo Brito, o principal gargalo entre o acordo é que o sindicato patronal propõe parte do INPC dividido em três vezes, proposta que a categoria não aceita. “O que nós queremos é a reposição total e de uma vez. Nós aguardamos a última reunião prevista e não temos acordo, a partir daí decidimos paralisar para pressionar o sindicato patronal”.
A categoria exige reajuste de 100% de INPC, além de 3% de aumento real e piso salarial de R$1.680,70. O valor atual é de R$1.487,35.
O presidente do Simplast informa ainda que estão dentro do prazo limite para fechamento dos acordos em torno da CCT. “Estamos em andamento no processo das tratativas. Verificando o que é possível buscando consenso, estamos aguardando dados importantes. As negociações estão em andamento e temos mais 45 dias para conclusão. Até o momento não temos nenhum posicionamento dado como possível”.
Em novembro, Paulo Abreu reiterou que a ocasião estava sendo discutida as cláusulas financeiras e que não podem avançar rapidamente as negociações, porque tem que esperar a inflação do INPC dos meses de novembro e dezembro, por que as projeções para os referidos meses sinalizavam expectativas de índices altos com relação ao mesmos período de 2020. “Como nossa data base é janeiro de 2022, temos tempo para aguardar estes números”.
Questionado sobre a possibilidade de o Simplast aprovar a proposta dos trabalhadores, ele fez a seguinte ponderação: “Considerando as últimas quatro negociações, o índice ficou muito muito perto do INPC acumulado do ano anterior”
Ele reitera que o alinhamento das negociações estão amparados por quatro cláusulas sobre questões financeiras.