21 de novembro de 2024

Trabalho voluntário vem caindo no Amazonas

Trabalho voluntário vem caindo no Amazonas

A proporção de pessoas que abraçam o voluntariado no Amazonas em suas horas vagas vem caindo nos últimos anos, sendo a opção de 139 mil de seus habitantes, em 2019. A fatia do Estado ainda está acima do da média nacional, embora o mesmo não possa ser dito de Manaus, que registrou participação de 62 mil pessoas, no mesmo ano. Os dados estão no suplemento “Outras Formas de Trabalho”, da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) de 2019, levantada pelo IBGE.

A taxa de realização de trabalho voluntário no Estado caiu de 6% para 5,8% entre 2016 e 2017 e voltou a encolher em 2018 (4,8%) e 2019 (4,6%). Na capital, essa fatia também se reduziu ano a ano – 6,6%, 5,7%, 3,9% e 3,6%, respectivamente. Para efeito de comparação, também houve crescimento para o país entre 2016 (3,9%) e 2017 (4,4%), mas este foi interrompido em 2018 (4,3%) e houve nova retração no ano passado (4%). O maior número do Brasil está no Paraná (5,2%) e o menor, em Tocantins (1,5%).

A média de horas efetivamente consumidas nas atividades voluntárias, contudo, aumentou nos últimos anos – e com vantagem para a capital. No Amazonas, subiu de 7,6 horas (2018) para 8,1 horas (2019). A tendência se inverte e Manaus, que apresentou números comparativamente maiores neste caso – 9,1 horas (2019) contra 7,2 horas (2018). Estado e capital superaram a média nacional, que subiu de 6,5 horas para 6,6 horas, no mesmo período.

Dos amazonenses que optaram pelo voluntariado, a maioria (32%) realiza tarefas do gênero apenas eventualmente e sem frequência definida. Um faixa um pouco menor (30,8%) exercia a prática quatro ou mais vezes por mês, seguida por aqueles que o faziam uma vez a cada 30 dias (22,9%) e duas ou três ocasiões mensais (14,4%). Entre os manauenses, os números foram 31,2%, 35%, 21,1% e 12,7%, na ordem. 

A inserção no trabalho voluntário se majoritariamente por empresa, organização ou instituição (121 mil no Estado e 58 mil na capital amazonense), do que individualmente (18 mil e 4.000). Em ambos os casos, a maioria exerce o voluntariado por meio de congregações religiosas, sindicatos, condomínios, partidos políticos, escolas, hospitais ou asilos (111 mi e 49 mil), seguidos pelos que participam em associações de moradores, associações esportivas, ONGs e grupos de apoio (18 mil e 9.000).   

Idade e escolaridade

O trabalho voluntário é mais comum para amazonenses com alguma ocupação profissional (5,2%), do que para os que não contam com atividade remunerada (3,9%). Manauenses registraram empate entre os dois grupos (3,6%). É mais frequente entre os habitantes do Amazonas com 50 ou mais (5,9%) e vai ficando mais raro, à medida que a faixa etária cai, para 4,7% (25 a 49 anos) e 3,2% (14 a 24). O mesmo padrão se dá na capital, onde os respectivos números foram 5,2%, 3,1% e 2,8%.

O grau de instrução é outra variável importante, em ambos os casos. A taxa de realização de trabalho voluntário é muito maior entre os habitantes com nível superior completo (8,2% no Amazonas e 7,7% em Manaus) e reduz substancial e gradativamente entre os que tem médio completo e superior incompleto (4,5% e 3,2%, respectivamente), e fundamental completo e médio incompleto (3,6% e 2,9%). Volta a subir entre os que contam apenas com fundamental incompleto, no caso do Estado (3,9%), mas não no da capital (1,8%).

A prática é mais comum entre as mulheres, tanto no Amazonas (79 mil), quanto em Manaus (40 mil) – a participação masculina em ambos os casos foi de 60 mil e 22 mil, respectivamente. No Estado, esta costuma ser uma escolha mais frequente entre os afrodescendentes (5,3%) do que entre “brancos” (4,4%) e “pardos” (4,6%) – grupo que inclui os indígenas. Na capital, as posições se invertem, e predominam os caucasianos (4%), em detrimento dos “pardos” (3,6%) e afro-brasileiros (2,1%).

“Zona de conforto”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avalia que, embora com pequena queda em relação ao ano anterior, o voluntariado ainda é mais comum entre os amazonenses do que na média brasileira, sendo uma característica bem presente na população do Estado, especialmente entre os “mais maduros”. 

“Outra caraterística é a maior frequência por parte dos amazonenses e manauenses com maior escolaridade e com ocupação profissional, o que caracteriza a disposição dessas pessoas em ajudar além de suas obrigações como trabalhador. Infelizmente, ainda é difícil para a maioria sair de sua zona de conforto, o que contribui para que a prática não seja tão comum e ocorra apenas em horários que seriam de descanso”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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