Uma coleção com informações para quem quer se aprofundar nos conhecimentos sobre a Amazônia. Assim pode se resumir ‘Entre o passado e o futuro – trajetória de vida e visões de mundo da intelligentsia amazônida brasileira’, cinco livros organizados pelo sociólogo e professor da Ufam, Antônio Carlos Witkoski, que serão lançados hoje, 11, quarta-feira, no auditório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Setor Sul, minicampus da Ufam, a partir das 18h, com a exibição de um vídeo documentário. Os livros serão lançados às 20h. A coleção e o vídeo documentário reúnem entrevistas com 20 intelectuais da Ufam e UEA e outras instituições, e foi editado pela Valer.
“A ideia de realizar essa obra surgiu quando eu fazia pós-doutorado em Portugal, em 2018. De volta à Ufam, em 2019, comecei a conversar com membros do grupo de pesquisa no qual eu trabalho e fui amadurecendo a ideia de desenvolvê-la. Foram várias etapas até chegar ao resultado final”, contou Antônio Carlos.
“Inicialmente pensamos em quem entrevistar além dos intelectuais da Ufam que estudam a Amazônia. O subtítulo da coleção, ‘trajetória de vida e visões de mundo da intelligentsia amazônida brasileira’, recorta melhor sobre o que é o trabalho. Foram duas as preocupações ao realizá-lo: uma foi contar a trajetória de vida deles e a segunda, explicitar suas visões de mundo acerca da formação social amazônica (sobre a primeira economia da borracha, Fordlândia, segunda economia da borracha, como viveu a população manauara entre a segunda economia da borracha e a Zona Franca, entre outros temas, e mais recentemente o CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia), fechando em como será o futuro da Amazônia)”, completou.
20 intelectuais
O projeto teve início ainda em 2019, mas as entrevistas só começaram em 16 de novembro de 2020, encerrando em 4 de fevereiro de 2021.
“Inicialmente íamos gravar apenas o áudio dos 20 intelectuais, mas depois achamos melhor gravar áudio e vídeo para termos dois produtos. Assim surgiu o vídeo-documentário, dividido em três partes, com 1h30m de duração. O resultado final foi um trabalho de história oral temática e de memória social”, falou.
“Para chegar aos 20 nomes, realizamos um levantamento muito grande e tivemos que fazer escolhas: o entrevistado deveria ter certa idade, além da produção de conhecimentos importantes para a Amazônia, homens, mulheres e indígenas. Nomeei de ‘Estabelecidos’ os doze que trabalham numa universidade pública, e de ‘Outsiders’ os que atuam em outras instituições. Como são vários intelectuais, com décadas de conhecimento e diversidade, pois reúne profissionais de várias áreas, o trabalho foi muito extenso, por isso ficou em cinco volumes”, explicou.
Antônio Carlos e sua equipe chegavam às oito horas na casa do entrevistado e faziam a entrevista sobre sua trajetória de vida. Na segunda parte, à tarde, eram explorados os temas amazônicos.
“Três semanas intensas, todos os dias, mas obtivemos sucesso. Editamos e foi um trabalho bastante metódico, demorou seis meses porque tínhamos muito cuidado, pois estávamos lidando com ‘documentos’ vivos”, disse.
Para o professor, o vídeo-documentário e a coleção têm públicos distintos.
“O vídeo-documentário foi feito pensando na popularização da ciência, com muitas imagens da Amazônia e as entrevistas. É bonito e leve, direcionado para alunos do Ensino Médio e universitários, ideal para a juventude, a geração mais nova, que precisa conhecer a Amazônia. Tem caráter didático e pedagógico. Já a coletânea é um trabalho mais arrojado. Fiz uma introdução bastante densa e os livros são compostos pelas entrevistas de todos os intelectuais”, informou.
Em desenvolvimento
A coleção ‘Entre o passado e o futuro: trajetórias de vida e visões de mundo da intelligentsia amazônida brasileira’, organizada por Antônio Carlos Witkoski, reúne cinco volumes. Estes divididos em dois grupos: o primeiro nomina-se ‘Estabelecidos’, aglutinando professores-pesquisadores da Ufam e UEA; o segundo grupo é chamado ‘Outsiders’, formado por gestores, pesquisadores independentes, escritores, indígenas, que desenvolvem suas atividades nas suas associações, editoras e museus.
“Cada volume, sob o formato de entrevistas, divide-se em duas partes. A primeira revela as origens, a condução por uma via ideológica, a formação intelectual e profissional de cada entrevistado, os artigos e livros publicados; a segunda parte é reservada aos conhecimentos sobre as origens, formação, compreensão e as perspectivas, tendo como ponto de partida as várias compreensões oferecidas, para o futuro”, detalhou Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Editora Valer.
“Do conjunto de questões formulado pelo seu organizador despontam respostas, sustentadas por estudos, pesquisas, observações, viagens, debates em seminários nacionais e internacionais. Trata-se, dado que os entrevistados estão vivos, de um trabalho em desenvolvimento, portanto, muito ainda deverá ser reunido ou formulado”, finalizou Neiza.
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