A população de Beruri (distante 173 quilômetros de Manaus) ainda sofre os impactos negativos do deslizamento de terras na comunidade do Arumã, zona rural do município. Na noite de sábado (30), o barranco cedeu, causando uma morte e feridos, mas supõe-se que haja outras vítimas. A situação continua tensa.
Segundo os últimos dados oficiais, divulgados até a conclusão desta matéria, ontem subiu para dois o número de mortos pelo acidente. Desde domingo (1º), o governo do Amazonas monitora a situação, prestando auxílio aos moradores.
Beruri é a terra-natal do jornalista e empresário Guilherme Aluízio de Oliveira Silva, já falecido, presidente in memoriam do Jornal do Commercio, o mais longevo do Amazonas, com seus 119 anos de existência.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, também se manifestou. “Minha solidariedade e orações às famílias atingidas. Determinei total apoio nas buscas e assistência às vítimas do desbarrancamento. Nossas equipes estão em campo para fazer o que for preciso”, disse ele.
O comandante do Corpo de Bombeiros da Capital, coronel Reinaldo Menezes, falou sobre o grupo formado para atender à ocorrência.
“Foram combatentes, militares no quadro de saúde para dar apoio no que for necessário na área de enfermagem e médica”, informou o militar.
Além da presença de integrantes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros do governo do Amazonas, cestas básicas também foram enviadas para o município. Remédios e outros itens essenciais fazem parte dos pacotes de primeiros socorros, destinados principalmente à população mais vulnerável.
“Não tenho condições de falar nada neste momento porque ainda estou muito abalada. Vítima de câncer, meu cunhado acaba de morrer”, disse a prefeita do município, Maria Luci, ao ser contatado pela reportagem do JC. “Montei uma equipe especial da prefeitura para prestar qualquer informação sobre o acidente”, acrescentou ela, demonstrando estar muito impactada.
Posteriormente, ela retornou a ligação, confirmando que havia duas mortes e outras três pessoas continuavam desaparecidas. Segundo a prefeita, moradores do município reforçam as equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros que estão atuando na cidade. “Há um esforço conjunto. Todos estão muito unidos”, ressaltou.
Mergulhos
Nesta segunda-feira (2), mergulhadores e outros especialistas habilitados deram início à operação de mergulho na tentativa de resgatar possíveis vítimas. Nas adjacências do local da tragédia, há pelo menos 30 casas. E estima-se que outras pessoas tenham sido atingidas. E que estejam mortas no fundo do rio.
Como prevenção, as unidades de socorro isolaram a área e evacuaram residências. Há possibilidade de ocorrência de novas erosões, causadas pelas ‘terras caídas’. Aliás, o fenômeno inspirou um hit musical que fez fama em todo o Brasil e no exterior, na voz do saudoso cantor Zezinho Corrêa, que sucumbiu à Covid-19 durante a pandemia.
A alta estiagem desta época agravou o problema, antecipando a ocorrência do fenômeno, segundo especialistas. Quando as águas voltam durante a estação chuvosa, o curso do rio sustenta as terras, evitando que elas desabem.
De acordo com dados do órgão, o desastre natural, conhecido na região como ‘terras caídas’, atingiu pelo menos 40 residências e afetou mais de 300 pessoas. Até o momento, estão confirmados dois óbitos e três desaparecidos. Na área atingida pela erosão, o solo continua apresentando movimentações e o volume de água aumenta gradativamente, o que dificulta a entrada do Corpo de Bombeiros para realizar a varredura da área.
Além da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, a força-tarefa é composta por profissionais das Sejucs (Secretarias de Estado de Assistência Social (Seas), Justiça, Direitos Humanos e Cidadania), de Saúde (SES), Sema (Meio Ambiente), FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) e IML (Instituto Médico Legal).
A Secretaria de Meio Ambiente também está dando apoio humanitário à comunidade Arumã, localizada dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu Purus.
No domingo (1º), o órgão entregou 150 cestas básicas, 150 kits de higiene pessoal, 100 garrafões de água de 20 litros e 180 frangos aos moradores, adquiridos com apoio do PAR (Programa Áreas Protegidas da Amazônia), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática.
Coordenada
Como fazer doações
A representação do município de Beruri está recebendo doações para os atingidos no acidente que deixou mortos, feridos e desaparecidos, no último sábado. As doações podem ser feitas na sede da representação da prefeitura da cidade em Manaus, no beco Darci Azambuja, 63, bairro São Raimundo, próximo à Peixaria do Jokka, na rua atrás da sede do Clube São Raimundo.
Quem estiver interessado em fazer doações, também pode contatar o Jornal do Commercio (pelos números 2101-5500 e 92 98127-3035).
