15 de setembro de 2024

Usuários deverão pagar por geração de energia fotovoltaica

A lei 14.300 de 2022 que passa a estabelecer  a partir de 7 de janeiro de 2023, novas taxas para quem utiliza o sistema fotovoltaico, tem gerado polêmica e deve afetar as vendas do mercado pelo menos nos primeiros meses.  Caso não seja prorrogada, será um banho de água fria aos usuários e para quem pretende investir no sistema tido como alternativa para driblar as tarifas de energia elétrica cada vez mais caras no país.

Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) são 1,67 milhão de unidades consumidoras de energia por sistemas solares fotovoltaicos de geração distribuída, ou seja, os usuários de energia solar passarão a não auferir integralmente os subsídios referentes ao pagamento pelo uso do sistema de distribuição de energia elétrica. 

Enquanto milhares de brasileiros correm para instalar as placas e se beneficiar da isenção das taxas, a polêmica normativa ganha destaque na imprensa e muitos empresários e comerciantes ainda se veem cheios de dúvidas.

Segundo Ricardo David, engenheiro eletricista, diretor da Elev e ex-presidente da Abesco (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia), ainda há tempo para garantir a instalação dos painéis solares. “A lei 14.300 de 2022 estabeleceu que a partir de 7 de janeiro de 2023, os usuários de energia solar passarão a não auferir integralmente os subsídios referentes ao pagamento pelo uso do sistema de distribuição de energia elétrica. Quem instalar um sistema solar, até 6 de janeiro de 2023, garantirá essa isenção até 2045. A partir desse marco, haverá um escalonamento para os novos sistemas instalados, que passarão a pagar pelo uso do sistema de distribuição”, explicou.

Ele detalhou que nessa revisão, estuda-se a retirada das compensações de parte da tarifa de energia elétrica concedida a quem produz a sua própria energia, ocasionando o pagamento de novas tarifas. O que muda? Atualmente, se o cliente utiliza a energia solar na modalidade de geração distribuída, ele está isento do pagamento das seguintes tarifas: Transmissão do fio A, transmissão do fio B, perdas de energia, transportes e encargos, encargos de energia consumida.

Outro detalhe informado por ele é que isso ocorre porque no sistema On-Grid de energia solar (que é o mais utilizado) a sua energia fotovoltaica é ligada à rede pública de energia e você pode fazer parte do sistema compensação de créditos. Portanto, os consumidores que solicitarem à concessionária o acesso à rede para seu sistema solar próprio até 6 de janeiro do ano que vem ficam livres até 2045 de uma mudança tarifária. Por isso, diz, tem havido antecipação de decisão para instalar os sistemas.

Todo o excedente produzido pela sua energia solar é injetado na rede pública e você fica com créditos para serem abatidos na conta de luz. As compensações concedidas, para quem gera a própria energia por meio da energia solar –isto é, a isenção do pagamento das taxas que citamos acima –foram incentivos para que a energia solar (limpa e renovável) se espalhasse pelo país.

Na prática, embora a energia solar continue compensando devido à grande economia na conta de luz, com a taxação do sol essa redução pode ficar menor. Afinal, todos os encargos, que podem deixar de serem compensados, representam até 62% na tarifa de energia –isso significa que a energia solar ainda garantirá até 38% de economia.

“Os custos de instalação de um sistema solar variam de acordo com a localização geográfica da usina. Em regiões em que a incidência solar é alta, esses sistemas tendem a ser mais econômicos pois geram mais energia. Em média os custos atuais oscilam entre R$ 4 a R$ 5 por Watt pico”, afirma Ricardo David.

A instalação dos painéis, que têm uma vida útil de 25 a 30 anos, atua como uma possibilidade de utilizar mais equipamentos, mas sem resultar no aumento da conta. Ou seja, usar o ar-condicionado, chuveiro elétrico e outras comodidades podem ser mais frequentes sem pesar no bolso do consumidor.

Mercado

Matheus Bazan, CEO da Solstar, afirmou que a taxação deve afetar as vendas nos primeiro meses do ano caso não seja prorrogada. Contudo, vale lembrar que essa taxa será progressiva nos próximos 7 anos, ou seja, quanto antes começar, maior será a  economia mesmo após o início da nova tarifa.

A Solstar acredita que o mercado não vai desacelerar após a validação da nova tarifa em 2023.  “Ainda estamos engatinhando e existem muitos benefícios que foram gerados pela nova lei, trazendo muito mais segurança para quem quer migrar para a energia solar.

Além disso, existem muitos casos onde o impacto da nova tarifa é quase nulo, sendo que estabelecimentos e residências que consomem mais durante o período de geração (diurno), serão pouco impactados pois dependem menos do armazenamento de créditos na rede.

A Solstar está se preparando para a nova geração de sistemas fotovoltaicos com utilização de baterias, que anulam completamente esse impacto. Teremos uma redução drástica do preço desses sistemas nos próximos anos, o que deve mudar completamente o jogo.

Por Andreia Leite

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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