24 de novembro de 2024

Vai uma geleia com pimenta?

Se não estamos satisfeitos com o nosso trabalho, o melhor a fazer é ‘chutar o pau da barraca’ e procurar algo que nos satisfaça, então, ao invés de trabalharmos, nos divertiremos. É o caso da engenheira civil Edelene Portela, que trabalhou durante oito anos nessa profissão até passar a gerenciar a drogaria da família, da qual também resolveu abdicar e se aposentou.

“Foi então que minhas filhas Laena e Maria Helena entraram em cena. Elas disseram: a senhora não pode passar o resto da vida sem fazer nada. Aí pensei: o que posso fazer que me satisfaça e ainda me proporcione alguma renda? Lembrei que meu pai adorava pimentas e eu, desde criança, já me interessava por culinária, principalmente no preparo de molhos com pimentas”, recordou Edelene.

Edelene se aposentou no início de outubro do ano passado e logo no final daquele mês apareceu a primeira chance dela enveredar como empreendedora num novo negócio.

“A Laena foi convidada por uma amiga a participar de uma feira de economia criativa no Centro de Convivência Magdalena Arce Daou. Ela ia levar para vender os planners que produz e perguntou se eu não queria ir. Resolvi encarar. Comprei pimenta murupi e pimenta de cheiro, só que, sem querer, comprei em grande quantidade. Para não desperdiçar, fiz conservas, molhos, tucupi e mais geleias, estas como teste. Qual não foi minha surpresa quando vendi praticamente tudo o que havia levado”, contou.

Nem demorou para Edelene perceber que o caminho para um novo trabalho era aquele: produzir geleias, porém, com um diferencial: apimentá-las, mas apenas com um leve ardor de pimenta, o que agrada a ‘gregos e troianos’.

“O segredo é regrar a quantidade de pimentas, com isso, o forte ardor que desagrada muitas pessoas, se torna apenas um leve estimulante do paladar surgido no final do sabor das geleias”, explicou.

Feiras e bazares

E novamente Laena e Maria Helena deram palpites dizendo, agora, que a mãe deveria se aperfeiçoar, fazer cursos. Até ganhou, de presente, um curso online no qual aprendeu uma série de dicas para suas geleias e molhos.

“Aí comecei a fazer testes, distribuindo para toda a família e pedindo opiniões. Mudei aqui, acrescentei ali, até agradar a maioria, depois passei a ‘obrigá-los’ a comprar, oferecendo para um e outro”, riu.

Toda receita que Edelene pesquisava na internet, ela incrementava com pimenta e assim foi desenvolvendo uma variedade de sabores de geleias.

“Mas eu não poderia ficar eternamente vendendo para meus familiares. Passei a procurar uma forma de escoar a produção. Como havia começado numa feira de economia criativa, descobri que várias são realizadas ao longo do ano. Devido muita gente querer participar dessas feiras, precisa se inscrever e aguardar ser chamado. Graças ao meu produto ser diferenciado, sempre consigo uma vaga”, explicou.

“Também participo de bazares. A diferença é que nos bazares, por serem particulares, você paga para ter um estande, enquanto nas feiras, organizadas pelo município e pelo Estado, não precisa pagar”, completou.

Com pouco mais de um ano à frente de sua nova empresa, ‘Pimentas Portela’, Edelene já participou de mais de dez feiras e bazares, a mais recente foi na Expomulher, realizada no Palacete Provincial há duas semanas.

“Só no Palacete foram três vezes, no Magdalena Arce Daou outras três vezes e até já ministrei um curso sobre minhas geleias”, revelou.

Sustentabilidade como proposta

Junto com o marido Francisco, na tranquilidade da cozinha de sua casa, Edelene prepara artesanalmente sua produção de geleias, sem conservantes ou qualquer outro aditivo químico.

“Utilizo frutas exóticas como morango, damasco, pêssego, e outras comuns em nossas feiras de bairro como o abacaxi, a manga e o maracujá. Tenho uma geleia preparada com estas duas últimas frutas. Regionais, faço de cupuaçu, açaí, buriti e tucumã. Essa com tucumã foi um cliente que pediu e aprovou. Ainda preparo com cebola no vinagre balsâmico”, listou.

Clientes também deram ideias para Edelene preparar geleias com acerola, araçá boi e até jambu.

“Mas preciso testar e só se tiver aprovação da maioria, lanço no mercado”, afirmou.

Um detalhe que chama a atenção nos produtos das ‘Pimentas Portela’ é a apresentação toda em recipientes de vidro, com decoração regional.

“Uma geleia acondicionada num recipiente de vidro tem mais durabilidade e apresenta maior tempo para o consumo, mas a proposta principal é a sustentabilidade. O vidro pode ser reciclado. O cliente que trouxer de volta o vidro vazio da geleia que adquiriu, tem 10% de desconto numa nova compra e isso funciona bastante. As tampas de metal são descartadas”, informou.

Além das feiras e bazares, os produtos das ‘Pimentas Portelas’ podem ser conhecidos no Instagram @pimentas portela; e solicitados pelo fone: 9 8575-5665.   

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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