13 de setembro de 2024

Venda do Dia dos Pais mostra melhora na expectativa do consumidor amazonense

O varejo da capital amazonense projeta alta de 3,10% para as vendas do Dia dos Pais deste ano. A receita bruta aguardada é de R$ 98 milhões, para um ticket médio de R$ 110. Os dados estão na pesquisa da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus). O percentual de crescimento aguardado praticamente empata com o alcançado em 2022 pela mesma data comemorativa –uma das mais fracas do setor. Mas, em sintonia com as vendas mornas deste ano, também está pouco abaixo da inflação oficial pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), nos 12 meses encerrados em junho (+3,16%). 

A proporção de consumidores de Manaus dispostos a comprar presentes para o Dia dos Pais é a mesma do ano passado: 93%. Apesar da rota de desaceleração dos preços, a escalada dos juros bancários e das taxas de endividamento e inadimplência determina a preferência por produtos de menor valor agregado. Vestuário, calçados e perfumaria respondem por 52% das escolhas e 77% esperam limitar os dispêndios a R$ 200. Por esse mesmo motivo, o consumidor manifesta intenção de fugir do crédito e prioriza o critério preço na hora de comprar. Mas, ainda prefere os shoppings e considera que a qualidade dos produtos também deve ser levada em conta. 

Entre os entrevistados pela CDL-Manaus que já manifestaram interesse em comprar no Dia dos Pais, a faixa de gastos predominante é a que vai de R$ 101 a R$ 200 (44%). Na sequência, estão aqueles que pretendem dispender até R$ 100 (33%), entre R$ 201 e R$ 300 (14%), de R$ 301 a R$ 500 (4%), de R$ 501 a R$ 1.000 (3%) e acima de R$ 1.000 (2%). A principal justificativa apontada para não comprar é o falecimento do pai (55%), seguida por “distância, doenças, etc” (27%). Apenas 9% alegam falta de dinheiro e os 9% restantes indicaram “outros motivos”.

Pagamentos e locais

A lista de compras deste ano é encabeçada por vestuário (24%), perfumaria (19%) e calçados (16%). Almoço/jantar (9%), artigos esportivos (6%), vinhos e cervejas (3%), livros e “artigos culinários” (ambos com 1%) comparecem nas posições seguintes. Produtos de maior valor agregado, como relógio e joias (9%), celulares (4%) e eletroeletrônicos (3%) compõem minoria, enquanto 5% ainda se dizem indecisos.

A lista de desejos dos homenageados é liderada pelos mesmos três produtos, mas tem maior destaque para relógios e joias (11%), celulares (10%) e eletroeletrônicos (7%), além de incluir também ferramentas (4%), carteiras (3%) e “produtos de beleza” (2%). A sondagem mostra também que os homenageados não são apenas pais (46%), mas também esposos (22%), avôs (7%), tios (6%), sogros (5%), mães (5%), filhos (5%), padrastos (3%), padrinhos (1%).

Em linha com a escalada das taxas de juros e maior disponibilidade de renda por meio da desaceleração do IPCA –e transferências de renda –, o consumidor de Manaus diz que vai priorizar meios de pagamento à vista, como Pix (21%), dinheiro (20%) e cartão de débito (19%). Quem opta por prazos de pagamentos mais folgados assinala que vai comprar com cartão de crédito parcelado (29%) ou à vista (4%), ou mesmo “parcelado no cartão de crébito” (6%) e pelo crediário da loja (1%).

Assim como ocorrido nas pesquisas mais recentes, a maioria (45%) confirma predileção por shoppings centers como locais de compra. O comércio do Centro de Manaus continua caindo no ranking e, desta vez, é a escolha de 23%. Já a parcela de consumidores disposta a comprar no comércio presencial das lojas de bairro (12%) voltou a superar as fatias que optam por por internet e e-commerce (8%) e mídias sociais (7%). Apenas 5% dizem que vão comprar nos supermercados.

Preço (20%) e “promoções e descontos” (13%) estão entre os fatores preferenciais apontados para a escolha do produto, mas o consumidor destaca também a “qualidade dos produtos” (14%), atendimento (13%) e “variedade de produtos e marcas (12%). Completam a lista os fatores de comodidade (9%), localização (8%), facilidade de pagamento (6%), estacionamento (4%) e marcas (1%). 

Apostas e comedimento

O presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, destaca que, apesar dos resultados relativamente otimistas da pesquisa, ainda há uma “preocupação muito grande” dos lojistas em relação aos resultados, diante dos fracos resultados de vendas de julho –que foi mês de férias para escolas e universidades. “Esperamos que agosto dê início a um período melhor com o Dia dos Pais. Vamos ter de apostar todas as fichas para que isso aconteça, e que esse resultado motive novos negócios, além de melhoria e ampliação de lojas. Se não, vamos já entrar em um segundo semestre muito ruim”, alertou.

Já o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, foca no consumidor, ao frisar que, apesar de não abrir mão de qualidade, este segue sendo “comedido e precavido” em suas compras. “A data é significativa para o comércio e há uma projeção de subida módica nas vendas. O cenário econômico vislumbra um retorno de adimplentes ao mercado, graças ao programa Desenrola. Mas, a pesquisa mostra preferência por itens de valores que não pesam no bolso do consumidor. Apesar da expectativa de queda de juros, ainda há pouco espaço para a aquisição de bens duráveis”, arrematou.

Boxe ou coordenada: Saiba mais sobre a pesquisa

Assim como de costume, a pesquisa da CDL-Manaus foi realizada via Google Formulários e aplicada através de e-mail marketing e aplicativo de mensagens instantâneas, entre 10 e 21 de julho. No total, foram ouvidas 1.892 pessoas, entre mulheres (52%) e homens (48%), divididos entre as faixas etárias de 30 a 39 anos (38%), entre 40 e 49 anos (32%), de 18 a 24 anos (14%), 50 anos ou mais (11%) e entre 25 e 29 anos (5%). 

A maior parcela de consumidores ouvidos pela entidade está na zona Leste (22%), sendo seguida pelos residentes nas zonas Norte (18%), Centro-Oeste (17%), Oeste, Sul (ambos com 15%) e Centro-Sul (13%). Predominam os consumidores com renda mensal entre R$ 1.320 e R$ 1.500 (37%) e de R$ 1.501 a R$ 2.500 (32%), seguidos por aqueles que ganham de R$ 2.500 a R$ 3.500 (16%), entre R$ 3.501 e R$ 4.500 (10%) e acima de R$ 4.500 (5%) 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

Veja também

Pesquisar